Cinthya Oliveira
Othon Palace está localizado em endereço privilegiado, na avenida Afonso Pena
A 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro aprovou, nesta quarta-feira (26), o leilão do hotel Othon Palace, em Belo Horizonte, fechado desde novembro de 2018. O certame será conduzido pela empresa Rymer Leilões e a Justiça estipulou lance mínimo de R$ 30 milhões, valor equivalente ao passivo do hotel. Ainda não foi divulgado um prazo final para apresentação de lances.
O imóvel, com mais de 290 quartos, conta também com mobiliário original – o Othon foi inaugurado em 1978 para ser o primeiro hotel de luxo de Belo Horizonte. Sua localização é bastante privilegiada: esquina entre avenida Afonso Pena e rua da Bahia, em frente ao Parque Municipal.
O contexto, no entanto, não é favorável. Para o executivo e consultor do setor hoteleiro Maarten Van Sluys, dificilmente alguma empresa se interessará em adquirir o imóvel pelo preço estipulado, especialmente em um momento de forte retração no setor de turismo, por causa da pandemia de Covid-19. “O potencial comprador ainda precisará investir alguns milhões em reformas”, explicou.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG), Guilherme Sanson, espera que imóvel volte a ser ocupado, mesmo que a destinação não seja hoteleira. “Um espaço como esse não estar funcionando é uma perda para a cidade. A gente não sabe se quem poderia adquiri-lo iria mantê-lo como um hotel ou transformá-lo em um residencial. Tomara que vire uma coisa produtiva, com geração de empregos e impostos”, afirmou. Segundo ele, o valor de R$ 30 milhões é condizente com o porte do imóvel e a relevância histórica do Othon na capital mineira.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Rede Othon e aguarda retorno.
Triste cenário
Em Belo Horizonte, o setor hoteleiro amarga grande prejuízo por causa da pandemia. De acordo com a ABIH-MG, entre os meses de abril e julho, o setor acumulou uma queda de 75% na receita, comparando com o mesmo período do ano passado.
Quase 20% das unidades hoteleiras da capital e da Região Metropolitana de Belo Horizonte fecharam durante a pandemia e não reabriram as portas. Estima-se que 6.500 postos de trabalho na Grande BH foram encerrados por causa da crise.