Desencontro de informações sobre estado de saúde de Trump preocupa americanos

RFI

A divulgação de informações desencontradas sobre o estado de saúde do presidente americano, Donald Trump, voltou a se repetir no sábado (3), suscitando dúvidas e preocupando os Estados Unidos. O líder republicano foi levado na sexta-feira (2) a um hospital militar na periferia de Washington, após testar positivo ao coronavírus na véspera.
© AP – Joyce N. Boghosian
Com informações do correspondente da RFI em Houston, Thomas Harms
Em um novo vídeo publicado no Twitter Donald Trump, garante que está “melhor” e que retornará “em breve” à campanha eleitoral, admitindo que os próximos dias serão um teste para ele. Na gravação, o presidente aparece pálido e abatido, diante da bandeira americana.
“Quando cheguei aqui, não me sentia bem, mas estou bem melhor agora. Estão trabalhando duro para que eu fique bem. Eu tenho que voltar porque ainda temos que fazer a América grande novamente. Fizemos um ótimo trabalho até agora, mas ainda temos um caminho pela frente. Acho que estarei de volta em breve”, garante. “Não sabemos o que vai acontecer nos próximos dias. É este o verdadeiro teste. Vamos ver como serão os próximos dois dias”, reiterou.
Sem máscara e sem gravata, Trump também explica que preferiu ir ao hospital do que ficar fechado em um quarto da Casa Branca sem poder ver ninguém. “Como um dirigente, você deve enfrentar os problemas”, reiterou, provocando críticas. Vários internautas viram nessa parte do pronunciamento uma tentativa de justificar o comportamento desdenhoso do magnata diante da pandemia, frequentando os comícios com milhares de pessoas sem máscara. Trump chegou a zombar do candidato democrata Joe Biden, que respeita à risca as medidas de proteção contra a doença.
Em um comunicado divulgado pela equipe médica do presidente logo após a publicação do vídeo, os especialistas se disseram “otimistas”. Segundo eles, o líder republicano está tomando vitaminas, aspirina e o antiviral Remdesivir, que mostrou resultados modestos contra o coronavírus.
O magnata também foi tratado com um cocktail experimental de anticorpos desenvolvido pela empresa farmacêutica americana Regeneron. O medicamento, que apresentou resultados contra a Covid-19 considerados positivos mas precoces pela comunidade médica, também é visto como uma prova de que o estado de saúde do presidente é potencialmente preocupante.
Já a hidroxicloroquina, medicamento que Trump declarou que utilizava como prevenção, não foi mencionada em nenhum momento pela equipe médica ou seus porta-vozes.
“O presidente está muito bem”
O médico da Casa Branca, Sean Conley, afirmou no sábado que Trump teve febre, tosse, congestão nasal e fadiga, mas, segundo ele, os sintomas “estão diminuindo”. “O presidente está muito bem”, declarou. O especialista também afirmou que o líder republicano não está sob oxigênio, mas desviou das perguntas do jornalista sobre o magnata ter necessitado anteriormente de aparelhos para respirar.
Logo depois, Mark Meadows, chefe de gabinete do líder republicano, fez declarações menos otimistas. Segundo ele, o estado de saúde de Trump nas últimas 24 horas preocupou os médicos. “As próximas 48 horas serão críticas em termos de cuidados”, declarou.
Como o médico da Casa Branca, Meadows se recusou a dizer se Trump precisou de aparelhos para respirar, enquanto o canal de TV CNN afirma que o presidente recebeu oxigênio antes de embarcar rumo ao hospital militar na sexta-feira. O chefe de gabinete também sublinhou que não há risco de transferência de poder.
Quando e onde Trump se contaminou?
Além do estado de saúde do presidente, outras dúvidas pairam sobre a comunicação da Casa Branca em relação à contaminação do líder republicano. Segundo as declarações do médico de Trump, o diagnóstico positivo teria saído na quarta-feira (30), o que significa que ele participou de comícios e outros eventos relacionados à campanha eleitoral sabendo que estava doente.
Até o momento, nenhuma informação oficial foi divulgada sobre as circunstâncias de contaminação do presidente. Segundo o jornal New York Times, ele teria sido infectado em uma cerimônia na Casa Branca em 26 de setembro, para celebrar a nomeação da juíza Amy Coney Barrett à Suprema Corte. Cerca de 150 pessoas foram convidadas para o evento, sem nenhuma recomendação de uso de máscara ou respeito do distanciamento físico.
Alguns dias depois da cerimônia, além de Trump e a primeira-dama Melania, outros convidados testaram positivo ao coronavírus, entre eles, o senador republicano Mike Lee e a ex-conselheira de Trum, Kellyanne Conway. Segundo o próprio chefe de gabinete do presidente, essa lista pode aumentar nos próximos dias.

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By valeon