O silêncio da osteoporose
Adauto Versiani*
Ela chega de maneira discreta, silenciosa, vai se alojando imperceptível e fragilizando a estrutura óssea. Viver com medo de cair e quebrar um osso a qualquer momento é parte da realidade de cerca de 10 milhões de brasileiros com osteoporose. O país já registra cerca de 2,4 milhões de fraturas anuais por causa da doença, sendo 200 mil mortes. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG) – reforça a importância da prevenção, alertando para os cuidados com a alimentação, estimulando a prática da atividade física e esclarecendo a eficácia dos tratamentos.
As mulheres são as principais vítimas, sendo que uma a cada quatro brasileiras com mais de 50 anos e que passaram pela menopausa desenvolve a patologia. De acordo com as estatísticas, a osteoporose afeta um homem para cada quatro mulheres. O hormônio feminino estrogênio, mas que também está presente nos homens em menor quantidade, tem forte influência nos ossos, mantendo o equilíbrio entre a perda e o ganho de massa óssea. Os níveis de estrogênio caem bruscamente com a menopausa e o envelhecimento, tornando os ossos descalcificados e frágeis.
Além das mulheres, também possuem maior risco para desenvolver a doença os idosos, os indivíduos de raça branca, magrinhos e baixos, os fumantes, quem teve fraturas na fase adulta ou com história na família, patologias graves ou que usem corticoides por longo tempo. Apesar de ser uma doença muito associada ao envelhecimento, alguns hábitos de vida também podem influenciar na ocorrência da osteoporose, como o sedentarismo, má-alimentação e o consumo de bebidas alcoólicas.
A prática regular de atividade física na infância e adolescência é importante no processo de fortalecimento dos ossos e, na fase adulta, contribui para diminuir a perda óssea, manter a postura, o equilíbrio e a coordenação. A alimentação deve ser rica em cálcio, presente no leite, queijos e iogurte, e vitamina D que está em peixes, carnes e ovos, além da exposição regular ao sol. A vitamina D aumenta a absorção de cálcio no intestino, sendo o principal mineral formador da massa óssea. A suplementação vitamínica é feita por orientação médica.
O diagnóstico e tratamento da osteoporose, logo após uma fratura, são decisivos para evitar novas fraturas e suas complicações. O diagnóstico é feito pelo exame da densitometria óssea, sendo aconselhado a partir dos 65 anos para aquelas pessoas que não possuem fatores de risco. Nos próximos 20 anos são esperados cerca de 200 mil novos casos de fraturas de quadril, provocados pela fragilidade óssea. A escolha do tratamento certo precisa ser sempre orientada por um especialista para a obtenção dos melhores resultados e consequente redução do risco de fraturas.
As chances de uma vida normal são maiores quando a pessoa está sempre bem informada sobre suas condições e a doença. Assim que a osteoporose é diagnosticada, a recomendação é buscar informações e a terapia mais adequada. Quanto antes o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados e a qualidade de vida.
*Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG)