Americanos que nunca votaram vão em massa às urnas
Na reta final, democratas e republicanos tentam atrair voto de eleitores que se abstiveram nas eleições de 2016
Redação, O Estado de S.Paulo
Donald Trump e Joe Biden intensificaram na sexta-feira, 30, a campanha nos Estados do Meio-Oeste. O presidente passou por Michigan e Minnesota. O democrata esteve em Iowa. O Wisconsin recebeu ambos. O objetivo é atrair os eleitores que nunca votaram – e estão indo em massa às urnas este ano.
Ryan Walsh, de 32 anos, jamais votou em uma eleição presidencial. Ele não se identificava com nenhum partido, mas planeja votar em Trump. “Morro de medo de ver Biden no poder, aprovando todas essas medidas que vão acabar com a economia”, disse. Os eleitores que não saíram de casa para votar em 2016 são a “arma secreta” de Trump, disse Walsh, que vive nos arredores de Pittsburgh, na Pensilvânia.
Atrás nas pesquisas, o presidente precisa de mais votos como o de Walsh. Cerca de 24% dos 424 mil republicanos que já votaram na Pensilvânia não participaram da eleição de 2016. O número é parecido do lado democrata: são 1,3 milhão de votos enviados, sendo que 1 em cada 4 não votou na outra eleição.
Ambos os partidos estão alcançando a mesma meta: motivar um grande número de eleitores que normalmente se abstêm durante as eleições. A tendência observada na Pensilvânia também se manifesta em 14 Estados-chave, onde mais de 10 milhões de pessoas que não votaram em 2016 já emitiram seu voto este ano – um quarto da votação antecipada.
Disputa
Por enquanto, o número de eleitores democratas que não votaram em 2016 e estão votando agora é maior que o de republicanos. “Em todo o país, os democratas têm uma previsão de 14,5% de vantagem entre os eleitores que se abstiveram em 2016”, disse Tom Bonier, diretor da TargetSmart, empresa de dados ligada ao Partido Democrata.
Isso ocorre porque Trump afastou muitos de seus eleitores da votação pelo correio com as alegações de fraude. Na terça-feira, espera-se que os republicanos sejam maioria na votação presencial, equilibrando a disputa.
No entanto, analistas observam que a alta não é impulsionada pelos eleitores que completaram 18 anos desde 2016. O número de pessoas com 50 anos ou mais (6,4 milhões) é maior que o de pessoas com menos de 30 anos (4,9 milhões).
Geraldine Folk, de 82 anos, de Fleetwood, na Pensilvânia, enviou recentemente seu voto em Biden pelo correio. Foi seu primeiro voto para presidente. “Em toda a minha vida, nunca vi um presidente assim, e olha que já passei por muitos”, disse ela, referindo-se a Trump. “Odeio sua forma de governar. É uma vergonha.”
Brittney Robinson, diretora do comitê republicano na Pensilvânia, disse que o partido fez um “imenso investimento em dados” que foram usados para “encontrar as pessoas que apoiam o presidente, mas que não votaram em 2016”. A campanha de Biden, porém, disse que a parcela do eleitorado de Trump não cresceu, mesmo com ele mobilizando mais apoiadores.
“Nossa estratégia na Pensilvânia sempre foi mobilizar nossa base nos redutos democratas para que de fato votem, expandindo nosso avanço nos subúrbios, e recuperar eleitores que deram uma chance a Trump em 2016 ou se abstiveram na eleição passada”, disse Brendan McPhillips, diretor estadual da campanha de Biden.
Apesar dos esforços da campanha do presidente para expandir o apoio, pesquisas mostram que o resultado está abaixo de 2016. Sondagem recente do New York Times/Siena College deu vantagem de 13 pontos porcentuais ao presidente entre o eleitorado branco sem diploma da Pensilvânia – uma queda considerável em comparação aos 32 pontos que ele tinha contra Hillary Clinton, em 2016. Um sinal de problemas para Trump. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL