“Ficamos como meros senadores apertando o botão para dizer sim ou não”
Brasil
Foto: Pedro França/Agência Senado
O senador Marcos do Val (Podemos) deu sua opinião na polêmica sobre a possibilidade de as sessões remotas no Senado continuarem mesmo depois da pandemia da Covid-19.
“Nas sessões remotas, os líderes dos partidos têm uma grande vantagem e grande poder de decisão. Ficamos como meros senadores apertando o botão para dizer sim ou não, sem oportunidade para debater, dialogar, articular”, disse ele a O Antagonista.
Para o senador capixaba, as sessões remotas, no período pós-pandemia, deverão ocorrer somente em situações muito extremas, como quando algum senador por algum motivo muito justificado não puder estar no plenário.
Em destaque:sessões remotassessões virtuaisMarcos do Val
“De resto, o Parlamento é ali. É ali que as coisas precisam estar acontecendo. Nas sessões remotas, a gente produz muito, mas com pouca qualidade. É muita quantidade e pouca qualidade.”
A nota de Antonio Anastasia (PSD), relator das mudanças no regimento interno, defendendo a proposta de sessões remotas no Senado mesmo após o fim da pandemia da Covid-19 não esfriou os ânimos nos bastidores sobre esse assunto.
Há um temor, principalmente entre senadores do grupo “Muda, Senado”, de que a continuidade das sessões virtuais possa resultar em votações atabalhoadas, sem acordos e com muitos “jabutis” nas propostas.
Deputados federais custam R$ 189 mil por mês aos pagadores de impostos; senadores, ainda mais
Medidas simples poderiam cortar alguns gastos, sem prejuízo para o Congresso e para a democracia. Mas por que isso não é feito?
Caro leitor,
Metade dos brasileiros vive com apenas R$ 413 por mês, enquanto deputados federais recebem mais de 80 vezes mais: R$ 33,7 mil mensais.
Mas o salário não é o único gasto com os parlamentares que os pagadores de impostos bancam.
A Câmara reembolsa, por exemplo, gastos com restaurante, motorista, aluguel de carro, combustível, táxi, segurança particular, passagens aéreas, hospedagem, conta de telefone, correios, cursos e até fretamento de jatinhos — além de 4.253 reais mensais para despesas com moradia.
Afinal, quanto deputados e senadores custam para o contribuinte brasileiro?
Apuração exclusiva da repórter Helena Mader responde:
Leia um trecho da reportagem:
Mesmo com a pandemia e com a suspensão temporária das sessões presenciais na casa, as despesas com a cota parlamentar não tiveram uma queda condizente com o cenário de quarentena. Entre janeiro e agosto deste ano, a despesa mensal média foi de 10 milhões de reais. No ano passado, os deputados gastaram cerca de 16 milhões de reais por mês – um total de 192,4 milhões de reais de janeiro a dezembro de 2019.
Em tese, a crise da Covid-19 impôs o isolamento social a boa parte dos parlamentares, mas os valores de reembolso pela compra de gasolina e de querosene para jatinhos colocam essa teoria em xeque – ou indicam que pode haver algo de errado por trás das prestações de contas. Os deputados federais gastaram este ano 14,9 milhões de reais com aluguel de carros, principalmente modelos de luxo, além de 6,2 milhões de reais com combustível. Com esse dinheiro, é possível comprar 1,3 milhão de litros de gasolina e percorrer até 24,8 milhões de quilômetros, o equivalente a 618 voltas em torno da Terra…
Levando em consideração os gastos com os salários e com a estrutura exclusivamente à disposição dos deputados, cada uma das 513 excelências da Câmara custa até 189 mil reais por mês – um total de 1,1 bilhão de reais por ano. Além do salário de 33,7 mil reais, eles podem gastar uma média de 40 mil reais por mês com a cota parlamentar. O valor varia de acordo com o estado de origem e ocupantes de cargos de liderança têm direito a cotas mais elevadas. Cada deputado dispõe de 111.675,59 reais por mês para pagar salários de até 25 secretários parlamentares, que trabalham em Brasília ou nos respectivos estados. Eles são escolhidos pelos deputados e contratados com salários de 1.025,12 reais a 15.698,32 reais. O custo para a Câmara é ainda maior, já que encargos trabalhistas como 13º, férias e auxílio-alimentação desses comissionados não são cobertos pela verba de gabinete. Entram ainda na soma os 4.253 reais mensais para gastos com moradia pagos aos deputados. Quem preferir pode ocupar um dos apartamentos funcionais da Câmara, localizados nas melhores quadras do Plano Piloto de Brasília e com metragens que superam 200 metros quadrados. Atualmente, dos 513 deputados, só 45 renunciaram ao auxílio-moradia e ao uso de apartamento funcional.
No Senado, o custo por parlamentar é ainda maior do que na Câmara: por volta de 294 mil reais por mês. Esse valor inclui o salário de 33,7 mil reais, o auxílio-moradia de 4.253 reais e a cota para exercício da atividade de até 15 mil reais mensais. Soma-se a esse montante a verba para contratação de servidores comissionados, que, para a maioria, pode alcançar 227,1 mil reais. São oferecidos aos senadores ainda serviços médico-hospitalares, odontológicos e laboratoriais de ponta. Essa despesa cresceu vertiginosamente nos últimos anos e praticamente dobrou entre 2016 e 2019, quando saltou de 7,1 milhões para 13,9 milhões de reais – até agosto deste ano, o Senado já havia desembolsado 7,9 milhões de reais com a assistência à saúde…
A reportagem dá todos os detalhes sobre as despesas.
Mostra quais parlamentares gastam mais.
E mostra o que poderia ser feito para reduzir os gastos — uma medida simples, que só dependeria da boa vontade dos parlamentares.