Apagão no Amapá põe Minas e Energia na mira
Coluna do Estadão
Foto: Dida Sampaio/Estadão
O Centrão quer aproveitar o triste episódio do apagão no Amapá para aumentar a carga sobre o Palácio do Planalto. O poderoso bloco parlamentar tenta, desde o ano passado, apear Bento Albuquerque da cadeira de ministro. Agora, o caos provocado pela falta de energia elétrica no Estado da Região Norte abriu uma janela de oportunidade e colocou a pasta de Minas e Energia em situação delicada: as previsões de restabelecimento total da normalidade são para o próximo final de semana. Albuquerque é almirante, ministro da cota da ala militar.
Me… Até bem pouco tempo atrás, o Planalto batia o pé dizendo que uma eventual troca no comando de Minas e Energia não estava no radar. O apagão, porém, gerou um “fato novo”.
…dá. Desde que o PSD de Gilberto Kassab ampliou seus espaços na área das comunicações do governo federal, outros partidos do Centrão não dão um dia de sossego para Jair Bolsonaro: também querem controlar setores estratégicos.
Olha… Governistas estavam incomodados com a maioria dos servidores federais ainda seguir em home office: incompatível com o discurso de retomada.
…o perigo. O descontentamento chegou até Paulo Guedes. O ministro publicou instrução normativa para retomada dos trabalhos presenciais, via Secretaria de Gestão. Quem é de grupo de risco ainda tem direito de ficar em casa.
Retrocesso. Aliás, diabéticos deixaram de ser considerados parte do grupo de risco. Procurada pela Coluna, a Saúde não respondeu.
Trilhos. Coordenador do plano de retomada econômica do governo paulista, Henrique Meirelles tem buscado investidores para o projeto do trem intercidades que ligará São Paulo a Campinas e, posteriormente, a São José dos Campos.
Trilhos 2. Um dos maiores desafios do secretário da Fazenda, acredite, é explicar para chineses, espanhóis, italianos, franceses e japoneses que não se trata do famigerado “trem-bala” da ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar de moderna, a composição não terá altíssima velocidade e não ligará São Paulo ao Rio.
SINAIS PARTICULARES.
HENRIQUE MEIRELLES, SECRETÁRIO DA FAZENDA DE SÃO PAULO
Só um… Enquanto Jair Bolsonaro ainda torcia pela vitória de Donald Trump na contagem de votos da eleição dos EUA, a Agricultura já estava com todos os sinais de alerta ligados em grau máximo em relação ao novo governo do vitorioso democrata Joe Biden.
…aperitivo. O motivo? Recentemente, parlamentares do partido do presidente eleito apresentaram projeto que deixou assessores do ministério de cabelo em pé: o texto exige declarações de importadores de commodities, como soja e carne bovina, de que o produto não é originário de área desmatada.
Nova direção. Apesar de ainda não ter sido analisado, o projeto dá dimensão dos novos paradigmas que os democratas americanos devem adotar.
Lição. Em editorial no portal Virtú News, Luiz Felipe D’Ávila alerta: o País não tem nada a comemorar no resultado das eleições americanas. “Com Trump ou Biden, o investimento estrangeiro continuará distante do Brasil enquanto não aprovarmos as reformas de Estado e eliminarmos a insegurança jurídica.”
CLICK. Luís Felipe Belmonte, vice-presidente do Aliança pelo Brasil, criou o “Bolsobus”, que tem percorrido o DF coletando assinaturas para a criação do novo partido.
PRONTO, FALEI!
Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP): “O povo do Amapá já sofreu demais. Lutaremos até o pleno restabelecimento da energia elétrica contra os causadores da tragédia que vivemos.”
COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA.
Twitter: @colunadoestadao