A luta pela liberdade além da economia

Tiago Mitraud

Em um país com tanta interferência estatal na economia e com tanta dificuldade imposta a quem quer produzir e gerar emprego e renda para a população, é natural que a luta por mais liberdade econômica seja tratada como prioridade. No entanto, é importante lembrarmos que, infelizmente, não é apenas nossa atividade econômica que é restringida pelo Estado, mas também as nossas liberdades individuais.

Como cidadãos brasileiros, nossa liberdade é tolhida de inúmeras formas pelo Estado, quando decisões que deveriam ser privadas acabam sofrendo interferência estatal.

Hoje, no Brasil, o jovem que completa 18 anos é obrigado a se apresentar para o serviço militar. Pode ser dispensado, mas pode ser convocado, mesmo contra a sua vontade. Neste caso, deverá trocar um ano de sua vida e de seus estudos por atividades de treinamento militar. Além de ser imoral a imposição de trabalho forçado independente da sua motivação ou natureza, tal obrigatoriedade não se justifica pelos números, quando o volume de voluntários é suficiente para completar as vagas. Ainda assim, jovens que gostariam de estar estudando ou trabalhando, são privados de sua liberdade e forçados a servir às Forças Armadas, enquanto voluntários são preteridos.

Hoje, no Brasil, maiores de 18 anos podem se casar, dirigir, adquirir imóveis e abrir empresas. Mas não podem optar pela própria esterilização caso não queiram ter filhos. Cirurgias de laqueadura e vasectomia são proibidas para quem não tem pelo menos dois filhos ou 25 anos. Não basta a sua vontade, nem mesmo seu recurso. É o Estado quem diz quem pode ou não realizar a cirurgia tanto na rede pública como na privada.

Hoje, no Brasil, dezenas de milhares de pacientes e suas famílias sofrem cotidianamente para lidar com graves doenças, cujos efeitos poderiam ser amenizados por tratamentos à base de canabinoides. Infelizmente, o preconceito à substância, derivada da cannabis, e a crença de que médicos e pacientes são menos capazes de decidir sobre a sua própria saúde do que o Estado, faz com que este dificulte enormemente o acesso aos medicamentos, tornando-os escassos e caros.

Estes casos estão longe de serem exceções. Há muitos outros exemplos da interferência do Estado em diferentes esferas da nossa vida. Só seremos um país verdadeiramente livre quando o Estado passar a respeitar a menor minoria da Terra, que é o indivíduo, respeitando seus desejos, suas escolhas e sua propriedade.

Por isso, para que possamos viver em um país mais livre, a bandeira da defesa da liberdade precisa ir muito além da econômica, e incluir também as liberdades individuais. Afinal, especialmente para nós mineiros, a luta pela liberdade é intrínseca à nossa história, e não pode ser somente um lema em nossa bandeira.

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