Aliança liberal conservadora saiu fortalecida das eleições, diz Guedes
Hamilton Ferrari
O ministro Paulo Guedes (Economia) disse nesta 5ª feira (19.nov.2020) que a aliança liberal conservadora que se consagrou nas eleições de 2018, com a vitória de Jair Bolsonaro, foi fortalecida na disputa municipais deste ano.
© Reprodução/Abrapp O ministro Paulo Guedes (Economia) durante live da Abrapp (Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Privada).
As declarações foram feitas durante o 41º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, realizado pela Abrapp (Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar).
De acordo com ele, uma aliança de conservadores no costume e liberais na economia, o centro-direita, venceram a eleição deste ano. Ele citou que o DEM, PP e PSD tiveram aumento no número de prefeitos. O Poder360 mostrou que são os 3 partidos com maior crescimento no pleito deste ano.
“Significa que a mesma aliança de centro-direita continua ampliando o seu espectro de votos. Não me refiro a 1 candidato, ou o nosso governo, estou falando de partidos políticos de centrodiretos”, afirmou.
Sem falar o partido, disse que uma legenda “importante mais a esquerda” perdeu bastante prefeituras. O PT conseguiu eleger 15 de cada 100 candidatos lançados. “Muita gente diz que está sem coordenação política e articulação. A minha hipótese de trabalho é que existe agora uma coalizão politica de centro-direita que está vencendo as eleições. Ampliou a sua administração com partidos de centro-direita. Eu só estou mencionando isso porque há muitas leituras equivocadas, como se a esquerda tivesse uma vitoria enorme”, disse o ministro da Economia.
Guedes disse que não tem partido porque 1 economista ou empresário tem que se filiar a 1 partido que o represente literalmente.
O ministro voltou a se queixar das perspectivas negativas em relação ao Brasil antes do governo Jair Bolsonaro. Citou que havia críticas sobre a democracia brasileira estar ameaçada. Guedes afirmou que o país ia “surpreender o mundo” e, o 1º ano de mandato, aprovou a reforma da Previdência, com apoio da população. “Enquanto lá fora, como na França, as pessoas foram às ruas contra a reforma“, disse.
Guedes disse que a democracia do país é vibrante e que a população optou por escolher 1 governo liberal depois de “30 anos de social-democracia”. Por outro lado, afirmou que a transição do ponto de vista econômico andou devagar. Foi uma “transição incompleta”, segundo ele.
PRIVATIZAÇÕES
Guedes voltou a dizer que há acordos políticos de centro-esquerda que dificultam o avanço de pautas reformistas, como a privatização de estatais. “Nós somos prisioneiros cognitivos de uma economia dirigista“, declarou.
Para o ministro, Brasil é uma grande sociedade aberta e tem economia de mercado. Tem sistema político democrático resiliente e flexível. Criticou as políticas dos governos anteriores desenvolvimentistas, ou seja, focada no incentivo fiscal. Guedes afirmou que, desde o Regime Militar, o Brasil gasta de forma descontrolada, o que gerou duas crises de hiperinflação e sequestro de ativos financeiros.
O ministro disse que há muita “impaciência e intolerância” com o governo, que fará 2 anos em 1º de janeiro de 2021. Comparou que os brasileiros tiveram tolerância durante os “10, 12 ou 15 anos” de políticas equivocadas.
Para Guedes, houve muito avanço, principalmente com a inclusão dos mais vulneráveis na economia. Mas também houve erros que elevaram as despesas públicas de 18% do PIB, nos governos militares, para 45% do PIB no “auge do governo Dilma Rousseff”. A carga tributária aumentou de 18% para 35% do PIB, de acordo com ele.
“Esse descontrole dos gastos públicos, ao longo de 40 anos, foi o responsável pela disfunções da economia brasileira”, disse. Guedes declarou que o país quebrou a dinâmica explosiva de gastos a longo prazo. Derrubou privilégios da previdência, cortou em R$ 100 bilhões por ano o gastos com juros da dívida e apresentou a reforma administrativa que economiza de R$ 300 bilhões a R$ 450 bilhões em 10 anos.
Disse também que o regime de capitalização da previdência não é mais prioridade deste governo. Implementar a mudanças de sistema era uma vontade de Guedes, que se espelha na previdência chilena. Ele não conseguiu avançar a discussões com os congressistas e o tema foi deixado de lado. “Não conseguimos fazer, mas partimos para cortar privilégios”, afirmou.