Análise: Cruzeiro é castigado por pobreza no ataque e depende de façanha para não repetir a Série B
Com empate sofrido no final para o Avaí, Cruzeiro se vê cada vez mais próximo de repetir de ano na Série B e passar centenário em competição desconhecida até ano passado
Por Gabriel Duarte — de Belo Horizonte
O jogo do Cruzeiro, outra vez, foi marcado pela pobreza da criação do time. Já vinha sendo assim em partidas anteriores, mas com a diferença de que o time vinha tendo êxito nos confrontos. Diante do Avaí, encontrou o gol nos minutos finais da primeira etapa, mas depois abdicou do ataque na segunda etapa, ficando na defesa. Chamariz para o adversário, que tentou, tentou, e marcou aos 48 do segundo tempo. Vai ser difícil impedir outra tragédia na história do clube: repetir a Série B no ano do centenário.
Com 40 pontos e na nona colocação, podendo ser ultrapassado pela Ponte Preta neste sábado, o Cruzeiro tem mais 24 pontos a disputar. Segundo cálculos do departamento de matemática da UFMG, para superar os 90% de chances de subir, é preciso fazer 21 pontos, ou seja, sete vitórias em oito jogos. Improvável, não impossível, logicamente.
Por esse panorama, vê-se que o Cruzeiro precisará de uma façanha nas próximas oito rodadas para não se ver num novo pesadelo. Nunca nenhum time que disputou a Série B conseguiu sair da posição atual do Cruzeiro e chegar ao G-4 no final do torneio. Novamente: (muito) improvável para o Cruzeiro, mas não impossível.
Machado foi o autor do gol cruzeirense — Foto: iShoot Photography/Futura Press
Apesar de ainda ser factível, o futebol mostrado pelo Cruzeiro e a estratégia após marcar o gol contra o Avaí não passam a impressão que a ambição não é pelo acesso.
Conquistar 42, 43 pontos para se salvar do rebaixamento e recomeçar em 2021 com, aí sim, o discurso de que vai subir. Aliás, o acesso se tornará impositivo em 2021. Era obrigação esse ano.
Diante do Avaí, o time produziu pouco no primeiro tempo, sofrendo mais do que fazendo sofrer. Chegou ao gol nos minutos finais, em uma chegada surpresa de Filipe Machado. Foi só. Depois, o Cruzeiro abdicou de atacar. No segundo tempo, deu um chute a gol e, sem tanto perigo, com Marcelo Moreno.
Arthur Caíke, Giovanni, Moreno e Welinton. Quatro substituições ofensivas. Mas nenhuma se traduziu em mais força no ataque. A intenção, ao que parece, foi dar força para a marcação pelos corredores. O Cruzeiro não procurou o gol no segundo tempo e chamou o Avaí para seu campo de defesa.
Mesmo carecendo também de qualidade ofensiva, o Avaí chegou com perigo e achou um gol no final com uma sequência de erros no lance. Primeiro a falta de Patrick Brey, na intermediária. Segundo: Patrick Brey não acompanhou Edilson, que cruzou com certa liberdade. Terceiro: Cáceres, que estava com Valdívia, se preocupa com a movimentação de Rodrigão (outro livre na área) e acaba deixando o meia sozinho. Gol.
O resultado de 1 a 1 é fruto de um time que não quis fazer o segundo para “matar o jogo”. Preferiu se defender do que tentar garantir o resultado. Castigo para quem vinha tendo essa estratégia com êxito. Castigo para um ano com uma série de erros na montagem do time, na administração do futebol e nas montagens e desmontagens. O Cruzeiro não faz por merecer, com esse futebol, a volta à Série A.