Cruzeiro enfrenta Operário em reta final de Série B marcada por frustração
Rafael Arruda – Super Esportes
© Bruno Haddad/Cruzeiro Técnico Luiz Felipe Scolari não tem permanência garantida no clube
Em 14º lugar na Série B, com 44 pontos, o Cruzeiro precisa somar ao menos um ponto contra o Operário para eliminar de vez o risco de rebaixamento à terceira divisão. As equipes se enfrentam nesta quarta-feira, às 21h30, no Independência, pela 36ª rodada. A promessa é de jogo acirrado, pois o clube paranaense tem pequena probabilidade de acesso – é o sétimo, com 51 (CLIQUE E VEJA A CLASSIFICAÇÃO COMPLETA).
Se o Operário ainda sonha com uma vaga no G4, o time celeste se afastou matematicamente desse objetivo com a derrota para o Juventude, no último sábado, por 1 a 0, em Caxias do Sul. Na prática, porém, o fracasso já vem de muito antes. Ao longo da Série B, a Raposa quase não figurou nas dez primeiras posições, além de brigar durante todo o primeiro turno para sair do Z4.
Dentro de campo, os jogadores até hoje não encaixaram o entrosamento ideal, a ponto de o técnico Luiz Felipe Scolari tecer críticas públicas. “Falta-nos a qualidade em determinadas situações de jogo. Nós somos sabedores, já vimos, conversamos com a direção e com os nossos atletas, porque em determinadas situações temos a bola, uma jogada bem definida, mas não conseguimos fazer nem o passe, nem o chute, nem a interceptação”, afirmou, após o revés no Rio Grande do Sul.
Felipão, inclusive, deu-se por satisfeito com a missão de livrar a equipe da queda à Série C. “Para nós, neste ano, do jeito que estão as coisas, do jeito que se procedeu tudo, é uma grande vitória”. O treinador gaúcho assumiu o comando na 17ª rodada, justamente em duelo com o Operário, no Paraná – vitória por 1 a 0, gol de Arthur Caíke. No geral, são oito triunfos, sete empates e quatro reveses, com aproveitamento de 54,38%. Nos bastidores circula a informação de que ele não está propenso a cumprir o contrato até dezembro de 2022.
Fora das quatro linhas, a crise financeira e administrativa parece não ter fim. Atletas e demais integrantes do departamento de futebol aguardam o pagamento de parte dos salários de outubro e a íntegra de novembro, dezembro e o 13º. Já os colaboradores da área administrativa estão com um mês em atraso, depois de a diretoria colocar uma folha em dia.
Em meio às dificuldades econômicas da instituição, alguns jogadores buscaram os direitos na Justiça. O volante Jadsom Silva pediu a rescisão indireta do vínculo em ação que tramita em sigilo, pouco depois de a diretoria recusar proposta de R$3,8 milhões do Ludogorets, da Bulgária, por 50% do “passe”. O atacante Zé Eduardo, afastado do grupo principal, pleiteia mais de R$2 milhões referentes ao contrato até fevereiro de 2024, de acordo com o Globoesporte. Soma-se a esses casos o imbróglio do zagueiro Dedé, superior a R$35 milhões.
O passivo trabalhista gerado a partir do não pagamento de salários impacta diretamente na dívida total do clube, hoje superior a R$1 bilhão. E ainda que a diretoria faça acordos para começar a liquidar em um ou dois anos, a bola de neve não deixa de crescer, uma vez que as receitas de 2021 serão novamente incompatíveis com as despesas em razão da permanência na Série B.
Com inúmeras pendências em curto prazo, o Cruzeiro tentará ao menos se despedir de maneira honrosa de uma decepcionante participação na Série B. Para esta quarta-feira, Scolari pode colocar Rafael Luiz na lateral esquerda, além de utilizar Rafael Sobis como centroavante. O time tentará minimizar os números da péssima campanha dentro de casa, superior apenas à do lanterna Oeste: cinco vitórias, seis empates e seis derrotas em 17 partidas (41,18%).
Já o Operário, treinado por Matheus Costa, contabilizou 13 pontos nos últimos 15 que disputou (86,66%): Juventude (3 a 0), Vitória (1 a 1), Oeste (2 a 0), Confiança (2 a 1) e CRB (3 a 2). O elenco paranaense tem vários conhecidos do futebol mineiro, como o zagueiro Ricardo Silva (ex-América), o volante Pedro Ken (ex-Cruzeiro) e os atacantes Ricardo Bueno (ex-Atlético) e Rafael Oller (ex-América). Se vencer em Belo Horizonte, o Fantasma ficará a dois pontos do quarto colocado CSA.
CRUZEIRO X OPERÁRIO
CRUZEIRO
Fábio; Raúl Cáceres, Manoel, Ramon e Matheus Pereira (Rafael Luiz); Adriano, Filipe Machado e Giovanni; Airton, William Pottker e Rafael Sobis
Técnico: Luiz Felipe Scolari
OPERÁRIO
Martín Rodríguez; Alex Silva, Reniê, Ricardo Silva e Fabiano; Leandro Vilela (Jiménez), Pedro Ken e Marcelo; Jean Carlo, Ricardo Bueno e Rafael Oller
Técnico: Matheus Costa
Motivo: 36ª rodada da Série B
Local: Estádio Independência, em Belo Horizonte
Data: quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
Horário: 21h30
Árbitro: Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza (PB)
Assistentes: Clovis Amaral da Silva (PE) e Thiago Gomes Magalhães (RJ)