Em tempos de lojas fechadas, comércio migra para o digital para sobreviver

Quem se adaptou comemora; segundo o Sebrae, 86% das micro e pequenas empresas que vende online utiliza as redes sociais e, na pandemia, 66% ‘mudaram’ seus negócios

Por PAULA COURA – jORNAL O tEMPO

A empresária Vivian Deus marcou tanta presença digital que teve crescimento de 10% no faturamento em 2020

Com a pandemia do novo coronavírus, Rafaela Simões se jogou nas redes sociais para passar a vender pela internet

Se antes da pandemia ter uma presença digital já era fundamental para maximizar as vendas, no período de isolamento social e fechamento do comércio – em Belo Horizonte e diversas cidades pelo Brasil –, isso se tornou uma ferramenta essencial. Quem não conseguiu migrar para o online passa aperto ou até mesmo teve que fechar as portas. E a transformação rápida na maneira de reinventar o negócio atingiu, em cheio, micro e pequenos empreendedores.

Assim que a capital mineira decretou seu primeiro “lockdown”, ainda em março, a empresária Rafaela Simões Alcântara se perguntou: “e agora?”. Proprietária da Sotilé (pijamas e moda íntima), ela só conhecia a maneira mais tradicional de vendas, pelo tête-à-tête. “Foi superdifícil no começo. De repente, tive que vender pelo WhatsApp e pelo Instagram e adaptar tudo para meu público, que tem muitos idosos que não estão acostumados com a tecnologia. Foi preciso muita coragem. No início, não vendemos quase nada”, conta.

As redes sociais, inclusive, foram consideradas o “pulo do gato” para quem não fazia ideia de como realizar uma venda online. Segundo o Sebrae-MG, 86% dos micro e pequenos empresários que vendem pelo meio digital utilizam essas duas plataformas. Mas nem todo mundo conseguiu fazer essa migração. Em Minas Gerais, 16% das micro e pequenas empresas ou fecharam as portas ou estão com o funcionamento temporariamente interrompido.

Outros 66% estão de portas abertas, mas fazendo mudanças. Apenas 18% se mantêm da mesma maneira de antes da pandemia. Os dados são de um levantamento feito em novembro pela entidade.

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“Os pequenos e micro empresários ficaram impossibilitados de migrar para o digital no início da pandemia. Para muitos, essa foi a única maneira de sobreviver. Notamos que eles ainda têm medo do marketing digital e acham que é algo muito caro, não acessível a eles”, detalha a analista da unidade de inovação e competitividade do Sebrae, Carla Glob.

Ela explica que, apesar de ser possível que todo negócio tenha presença digital, o primeiro passo é entender “onde o cliente está”. “Quando você entende onde o cliente está, você constrói esse relacionamento de maneira estratégica. Tem que ser assim nas redes socais. Você não precisa estar em todas elas. É preciso conhecer a maturidade de sua empresa e ver o que se pode ou não fazer”, orienta Carla.

Seguindo esses passos, Rafaela se jogou nas redes sociais. A grande mudança veio com as lives, que ela passou a fazer frequentemente para mostrar os produtos a quem está em casa. O resultado foi tão surpreendente que ela já tem funcionário para regular os estoques nos meios online e físico – quando as portas podem ficar abertas – e ajudar na presença da marca no mundo digital.

“Tem cliente que me contou que reúne a família durante a live e acha legal. Penso em investir cada vez mais no digital. Em dezembro, inclusive, ajudei as colegas aqui da rua a fazerem lives para seus negócios também, já que elas tinham vergonha de aparecer. Também comecei envergonhada, mas tinha que fazer algo”, incentiva.

Logística, estoques e internet são desafios

De nada adianta querer migrar para o digital se o sinal de internet for ruim. Também é preciso estruturar o negócio para ter controle dos estoques e uma boa logística de entrega.

“Essas dificuldades do e-commerce atingem ainda mais os micro e pequenos negócios. Nós temos elencadas pelos empresários dificuldades como o frete, os custos de logística, o acesso à internet e não podemos negligenciar que em muitas cidades do interior o sinal é ruim. Além disso, o estoque pode ficar defasado por causa da logística”, explica Guilherme Almeida, economista-chefe da Fecomércio-MG.

Segundo dados da entidade, que avaliou em novembro os impactos da pandemia entre os associados em Minas, para 44% dos empresários varejistas, a falta de conhecimento por parte do empresário é o motivo de ele não entrar no universo digital.

Para 36,6%, não é interessante criar um site para a empresa, e apenas 26,6% têm presença no e-commerce.

“Não é só entrar no digital e achar que vai vender. Tem-se uma estrutura de marketing digital, e tudo isso acaba sendo considerado um quesito de dificuldade para as empresas”, alerta, ao afirmar que a Fecomércio tem garantido várias alternativas para ajudar o comerciante que queria conhecer e até migrar para o digital.

Aceleração do e-commerce

Não há dúvidas de que a pandemia acelerou a digitalização dos negócios. Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) mostram que em 2020 o faturamento do mercado cresceu 68%, saltando de R$ 75,1 bilhões em 2019 para R$ 126,3 bilhões no ano passado.

“O que de fato fez com que se crescesse muitos anos em um foi o fechamento do comércio em vários locais do Brasil. Isso somado à preocupação dos consumidores em não sair de casa contribuiu para que muitos fizessem sua primeira compra na internet em 2020”, diz o vice-presidente da Abcomm, Ricardo Bandeira.

Em comparação com 15 anos atrás, há muito mais chances agora de uma empresa ter presença digital. “O Brasil se organizou, e muito bem, dentro dos marketplaces, em que milhares de lojas pequenas, cada uma dentro de sua operação, funcionaram nessa estrutura, que já dava certo, e, com a pandemia, 150 mil novas lojas entraram no marketplace”, explica.

Sabendo que precisaria marcar presença digital, Vivian Deus, proprietária da Joaninha Brechó Infantil, incrementou as vendas online no ano passado, que já representam 30% do faturamento – crescimento de 10% na pandemia.

“Os dois processos de venda (digital e físico) são tranquilos, mas vendemos mais fisicamente. Nossa loja tem atrativos para o consumidor, e, quando ele vem, acaba comprando mais. Não está sendo fácil, mas estamos nos virando bem”, diz.

Colhendo os frutos, ela garante que cliente que já conhece o seu produto na loja física, agora, não tem nenhuma dificuldade em migrar para a compra onine. “Ele já sabe da qualidade e se sente mais seguro”, completa.

Para ajudar na transição para o digital

Auxílio. Entidades ligadas ao comércio e ao mundo empresarial criaram programas para ajudar o empreendedor a ter sua loja com influência digital. Vale lembrar que nem todos precisam vender pela internet – que envolve planejamento –, mas as redes socais, principalmente quando bem usadas, são uma boa vitrine de produtos, orientam os especialistas.

Iniciativas. A Fecomércio apresentou uma série de lives com dicas de vendas e de como as redes sociais podem impulsionar os negócios. As aulas são gratuitas e estão no canal no YouTube da entidade. Já o Sebrae, além da orientação, ofereceu até 80% de subsídio na criação de sites e logomarcas. A CDL-BH, no “É pra Já”, disponibilizou consultorias e parcerias para reduzir custos da empresa.

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By valeon

2 thoughts on “Em tempos de lojas fechadas, comércio migra para o digital para sobreviver”
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