Os impactos da pandemia na Educação: como retomar o crescimento desde já?
Lars Janér. FOTO: DIVULGAÇÃO
Ainda é muito cedo para compreendermos a amplitude dos efeitos causados pela pandemia da Covid-19 em todos os setores da economia e da sociedade. Isso é indiscutível. Mas será que devemos esperar pelo fim dos seus desdobramentos antes de iniciarmos as mudanças que serão tão importantes? E quais serão elas?
Este é um questionamento que tenho feito diariamente e acredito que o imaginário coletivo também esteja permeado por estas perguntas: como podemos fazer mudanças positivas já, e como fazer com que elas reverberem no nosso entorno? Quais efeitos poderão ser revertidos dentro de todo este cenário? Em quais projetos devemos depositar nossa energia, nossos recursos, para já criarmos novas perspectivas e novas rotas para a humanidade?
Como definiu muito bem a ONU, “a educação é a chave para o desenvolvimento pessoal e para o futuro das sociedades, uma vez que abre oportunidades e reduz as desigualdades. A educação forma a base das sociedades informadas e tolerantes e é um motor fundamental do desenvolvimento sustentável”.
Refletindo sobre essa afirmação, não há como não se sensibilizar e se entristecer com a informação de que mais de 1 bilhão de estudantes em mais de 190 países foram impactados por escolas fechadas em razão da pandemia. Segundo a própria ONU, esta foi a maior perturbação e interrupção da educação de todos os tempos.
Se somarmos a isso o fato de que mais de 250 milhões de crianças estavam fora da escola antes da pandemia e que 23,8 milhões de crianças e jovens correm o risco de abandonar ou não ter mais acesso à educação, podemos dizer que aguardar sentados pelos próximos desdobramentos não seria uma atitude aceitável.
Vamos pegar os exemplos do nosso país. Desde abril de 2020, temos acompanhado os noticiários alertando para o fato de que a pandemia tem ampliado a instabilidade financeira dos domicílios brasileiros e isso tem se refletido na migração de milhares de estudantes das escolas privadas para as redes públicas municipais e estaduais. Redes já saturadas e, em sua grande maioria, incapazes de absorver tamanho contingente adicional de alunos.
Será que não há solução palpável para ajudar a equacionar uma crise sazonal, promovendo a estabilidade necessária para que as escolas privadas mantenham-se minimamente saudáveis financeiramente? Quantas escolas fechadas temporariamente terão que acabar por fechar suas portas definitivamente?
Em paralelo, o mercado de startups no Brasil vive um momento de aquecimento e otimismo, trazendo dinamismo e disposição para resolver uma série desses problemas – que incluem gestão educacional, inadimplência e instabilidade financeira das instituições de ensino. Um estudo realizado pelo Distrito, empresa de consultoria e inovação aberta que atua junto a novos negócios, mostra que mais de US$ 3,5 bilhões foram investidos em startups brasileiras em 2020, consolidando o ano como o melhor da história do setor.
Por isso acredito que nós, como sociedade, devemos mobilizar ao máximo esses esforços e direcioná-los o quanto antes ao que mais importa: a educação das nossas crianças e adolescentes. Se existe algo que nos traz esperança em momento tão difícil, e indica que podemos continuar transformando nossa realidade para criar um futuro melhor, se chama Educação. Sabemos que os obstáculos e desafios, que já eram gigantescos, serão ainda maiores. Porém, correndo o risco de soar piegas, ouso dizer que toda construção e transformação que já pareceu ser impossível de ser concretizada teve como primeiro passo um sonho, um desejo de realizar.
Sendo assim, acho que está mais do que na hora de sairmos da inércia e alavancarmos o quanto antes a educação do nosso país. É hora de arregaçar as mangas e perseguirmos juntos a meta de ampliar, com o máximo senso de urgência, a oferta de uma educação de qualidade, acessível, para aqueles que mais precisam. Vamos juntos?
*Lars Janér, administrador, apaixonado por educação e CEO do Educbank