Comando militar na Petrobrás não muda relação com a ANP, diz diretor-geral da agência

Segundo Rodolfo Saboia, a relação com o atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco, é ‘muito boa’ e a expectativa é que o mesmo aconteça com Silva e Luna

Denise Luna e Fernanda Nunes, O Estado de S.Paulo

RIO – A troca de comando na Petrobrás, de um civil por um militar, em nada vai mudar a relação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) com a estatal, garante o diretor-geral da agência, Rodolfo Saboia. Ele contou já ter sido apresentado ao provável novo titular da petroleira, o general Joaquim Silva e Luna. Segundo Saboia, a relação com o atual presidente Roberto Castello Branco “é muito boa”, e também deve ser com o seu sucessor.

“Na hora em que a gente preserva o caráter institucional dessas relações e quando as pessoas agem da forma como as relações institucionais devem acontecer… isso aí independe da pessoa. Tenho uma relação muito boa com o Castello Branco e espero ter uma relação muito boa com o futuro presidente também”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

Joaquim Silva e Luna
Expectativa é que relação entre ANP e Silva e Luna seja boa. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Saboia esteve uma única vez com Silva e Luna, depois da indicação do nome do militar para a função, e a impressão “foi muito boa”, segundo o contra-almirante.

Para ele, o episódio de troca de comando da Petrobrás e as críticas do governo aos preços dos combustíveis não devem interferir no programa de venda de refinarias da estatal, sob o ponto de vista da regulação do segmento de refino. “A ANP continua trabalhando com as mesmas premissas. Nada mudou”, afirmou.

O contra-almirante se disse otimista com a realização de leilões este ano, depois dos certames terem sido cancelados no ano passado por causa da pandemia do covid-19, que impactou fortemente o preço do petróleo no mercado internacional. Este ano, com o petróleo beirando os US$ 70 o barril, as perspectivas são bem melhores, admite.

“Sem dúvida, o bom preço do petróleo é estimulante. No ano passado, não fazia sentido fazer um leilão àquele preço. A gente obteria valores muito menores. Mesmo assim, no fim do ano, fizemos o primeiro ciclo da oferta permanente e fomos bem sucedidos”, ressaltou.

Concessões

Segundo o diretor-geral, este ano será realizada a 17ª Rodada de Concessões, no dia 7 de outubro, e a expectativa é também ser possível uma nova tentativa de vender as áreas de Sépia e Atapu, excedentes da cessão onerosa, no pré-sal da bacia de Santos, que há dois anos não conseguiram atrair investidores.

“A gente espera também que, condicionado ao fim das negociações entre Petrobrás e PPSA, a gente possa promover a segunda rodada de excedentes da cessão onerosa, das áreas de Sépia e Atapu. Mas isso está condicionado ainda a esses entendimentos, que vão deixar mais claro em que termos a negociação com a Petrobras é feita. É preciso definir o que é devido como compensação ao investimento já feito pela Petrobras (em Sépia e Atapu, no pré-sal)”, explicou.

Também está nos planos promover a 3ª Oferta Permanente, depois do sucesso obtido com a segunda rodada no ano passado. “Estamos aguardando a manifestação de interessados para disparar novo ciclo”, afirmou.

Para ele, as manifestações contrárias à exploração da bacia Potiguar, no Rio Grande Norte, por conta de possíveis riscos à ecologia de Fernando de Noronha (PE), não procedem, já que não se sabe ainda o que há no local.

“A autorização dada para a área foi de caráter preliminar, do ponto de vista ambiental. A palavra final será dada na frente, com o licenciamento ambiental pelo Ibama. Isso faz parte do risco do negócio”, concluiu.

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