Governo pede votação de projeto para venda direta de etanol

Projeto em tramitação na Câmara dos Deputados deve reduzir o preço do etanol nas bombas dos postos de combustível, o que pode favorecer o setor sucroalcooleiro

NOTÍCIAS DO CAMPO

Depois de um ano com baixas margens de lucro e com retração no consumo de etanol, os produtores de cana-de-açúcar podem ter boas notícias em 2021. O governo federal demonstrou o interesse de colocar em aprovação na Câmara dos Deputados o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 978/18, que autoriza as usinas produtoras a vender o combustível diretamente para os postos, sem passar pelas distribuidoras.

De acordo com informação da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), o presidente da República, Jair Bolsonaro, ligou pessoalmente para o presidente da Câmara, Arthur Lira, para solicitar a inclusão do tema em pauta. O projeto está parado desde fevereiro de 2020 na Comissão de Constituição e Justiça da casa legislativa.

A proposta tem o potencial de baratear o preço para o consumidor final, sem impactar no valor pago à indústria sucroalcooleira. Não existem dados para o impacto da medida, mas estimativas não oficiais apontam que os distribuidores são responsáveis por um acréscimo entre 16% a 22% no valor final do biocombustível.

Alta dos combustíveis

Venda direta dos produtores aos postos pode ajudar a baratear o etanol para os consumidores finais. (Fonte: Shutterstock/ThePowerPlant/Reprodução)
Venda direta dos produtores aos postos pode ajudar a baratear o etanol para os consumidores finais. (Fonte: Shutterstock/ThePowerPlant/Reprodução)

Segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços do etanol subiram mais de 28% nos postos de combustíveis, enquanto a gasolina teve alta de mais de 20% e o diesel ficou 15% mais caro desde o início do ano.

Os aumentos dos combustíveis fósseis são impulsionados pela alta do petróleo, principalmente pela restrição imposta pelos países que fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e pela desvalorização do real frente ao dólar. Já o preço do álcool, além da variação cambial e da influência do preço da gasolina, é também afetado pela valorização do açúcar e pelo período de entressafra da cana.

Novos aumentos dos combustíveis poderão ser anunciados pela Petrobras, uma vez que ainda existe uma defasagem entre os preços praticados no Brasil e os no mercado internacional. No entanto, os acréscimos devem acontecer em um ritmo menor, já que o valor do barril do petróleo está em torno dos US$ 68 desde o início de março.

Produção de etanol na próxima safra

Usinas de cana decidem pela produção de açúcar ou etanol conforme variação de preços do mercado. (Fonte: Shutterstock/celio messias silva/Reprodução)
Usinas de cana decidem pela produção de açúcar ou etanol conforme variação de preços do mercado. (Fonte: Shutterstock/celio messias silva/Reprodução)

O setor sucroalcooleiro espera produzir 665 milhões de toneladas de cana na safra 2020/21, que se inicia em abril, segundo a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume representa uma alta de 3,5% comparado ao período 2019/20, quando a colheita foi estimada em 642 milhões de toneladas.

Apesar disso, as usinas de cana-de-açúcar, que são as principais produtoras de etanol no Brasil, esperam uma redução da produção do biocombustível. Enquanto na safra anterior foram produzidos 35,6 milhões de litros, a previsão para o próximo período é de 32,8 milhões. 

Como a unidade de produção de cana pode alterar a estrutura de produção de etanol para açúcar de forma rápida, as usinas devem preferir o adoçante, que conta com uma valorização no mercado mundial devido a um déficit dos estoques globais.

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Fonte: Investing, Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), Câmara de Deputados, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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By valeon