País, que vacinou cerca de 5,2 milhões de um total de 9 milhões de habitantes, tem restaurantes abertos e reuniões permitidas

Paulo Beraldo, O Estado de S.Paulo

A médica brasileira Adriana Giglio já sabe qual a primeira coisa que fará quando o aeroporto de Tel-Aviv reabrir: comprar uma passagem para o Brasil, para visitar a família que não vê há um ano e meio. “Quero ver meu pai, meu cachorro, meus amigos. A gente que mora fora sempre sabe quando vai voltar, quando alguém vem visitar. É normal marcar uma passagem para alguns meses, mas a pandemia impediu isso”, conta. “Prometi que, assim que tomasse a vacina, eu iria. Agora, estou esperando o aeroporto abrir.”

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Pessoas assistem ao pôr do sol em Tel Aviv, Israel Foto: Ahmad Gharabli/AFP

Desde dezembro, Israel já vacinou cerca 5,2 milhões de um total de 9 milhões de habitantes. À medida que a vacinação acelerou, o país deu o maior passo de sua reabertura, no início de março, e agora se prepara para a quarta disputa eleitoral em menos de dois anos. 

Comer dentro e fora de restaurantes – para quem tem o “passaporte verde” da imunização – agora é de novo uma realidade, assim como visitas a hotéis e centros de eventos. Reuniões de mais de 20 pessoas em locais fechados e de até 50 em áreas abertas voltaram a ser permitidas. E comícios políticos para as eleições atraíram centenas de eleitores. 

Ir para o escritório da startup onde trabalha em Tel-Aviv foi a maior mudança na rotina da brasileira Elisa Bloch. Ela trabalhou de casa por um ano e foi no escritório menos de dez vezes no período. Ela também planeja encontrar mais amigos e tem o mesmo desejo de Adriana. “Só penso em visitar a família no Brasil, mas tenho medo de ir e ficar presa. Alguns países podem fechar as fronteiras com o Brasil”, diz a arquiteta, de 27 anos. 

Agora, Elisa retoma aos poucos a normalidade. Foi pela primeira vez a um restaurante – ainda comendo na calçada, de forma improvisada. “É uma sensação de normalidade”, comenta ela, que planeja se inscrever em aulas de pilates e em um curso de hebraico presencial.

Professor de relações internacionais da USP especializado em Israel, Samuel Feldberg afirma que a rapidez da vacinação é fruto da logística, do sistema de saúde digitalizado e dos esforços do governo. “É uma preocupação que começou lá atrás com as providências necessárias para obter as vacinas”, disse. 

A dimensão de Israel – menor que o menor Estado brasileiro de Sergipe –, testes em massa e gratuitos e uma população de 9 milhões de habitantes também são fatores-chave. No entanto, todas as pessoas ouvidas pela reportagem destacaram o papel do premiê, Binyamin Netanyahu. Apesar das manobras para continuar no poder e das acusações de corrupção, ele mobilizou a população.

Para Adriana, Netanyahu teve o papel de “desmistificar” a vacina ao ser primeiro a ser imunizado. “É claro que tem um componente político, mas ele levanta a bandeira, se voluntariou e é a favor da vacina”, afirmou. / COLABOROU EVANDRO ALMEIDA JR., ESPECIAL PARA O ESTADÃO 

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