Julia Braun – VEJA
© Ministério das Relações Exteriores da China/Divulgação W020210506712220602518
Em uma declaração à imprensa nesta quinta-feira, 6, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, reagiu à insinuação do presidente Jair Bolsonaro de que a China poderia ter criado o novo coronavírus em laboratório. “Nos opomos firmemente a qualquer tentativa de politizar e estigmatizar o vírus”, disse.
Wenbin foi questionado sobre a declaração do presidente brasileiro durante uma coletiva. O diplomata disse que o verdadeiro inimigo atualmente é o vírus, e que os países devem se unir para derrotá-lo.
“O vírus é o inimigo comum da humanidade. A tarefa urgente agora é que todos os países se unam na cooperação e se esforcem por uma vitória rápida e completa sobre a epidemia”, disse.
Em um evento no Palácio do Planalto nesta quarta-feira 5, Bolsonaro insinuou que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia do novo coronavírus e que a doença foi criada em laboratório como forma de desencadear uma “guerra química”.
“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí, os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?”, afirmou.
O presidente também disse: “Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”, em uma referência ao crescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto chinês em 2020.
Mais tarde, durante passagem pelo Rio de Janeiro, o presidente afirmou que “não falou a palavra China” no discurso e que o Brasil vai continuar vendendo para o país asiático e que a China “precisa comprar o que produzimos aqui”.
A teoria de que o vírus tenha sido vazado, acidentalmente ou não, de um laboratório em Wuhan começou a ser divulgada logo no início da pandemia e teve como seu maior expoente o então presidente americano Donald Trump. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio governo chinês desmentiram o rumor.
No Brasil, Bolsonaro já tinha dado voz à hipótese. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ex-chanceler Ernesto Araújo também se envolveram em situações constrangedoras com Pequim ao dizerem que as vacinas contra Covid-19 desenvolvidas no país poderiam ser menos eficazes.