Manifestações
Por
Gabriel de Arruda Castro, especial para a Gazeta do Povo
Manifestação pró-Bolsonaro em Belém (PA), no dia 1º de maio. B-38 quer povo na rua novamente pelo voto impresso| Foto: Estadão Conteúdo
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As manifestações do 1º de maio levaram milhares de pessoas às ruas nas grandes cidades em apoio ao governo de Jair Bolsonaro. Um dos movimentos por trás do ato, entretanto, ainda é pouco conhecido do público em geral: o B-38.
O grupo nasceu há três anos como B-17 (B de Bolsonaro e 17 como referência ao número do presidente nas urnas em 2018). A proposta era fazer campanha para o então candidato do PSL. Vencida a eleição, o grupo passou também a militar em apoio ao governo Bolsonaro. Como o presidente mudou de partido e lançou a Aliança para o Brasil, cujo número é 38, o movimento também adotou uma nova identidade. O engajamento aumentou nos últimos meses, conforme o presidente se viu emparedado por decisões do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
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O B-38 foi fundado por um grupo de militares e tem um coronel reservista da Aeronáutica como coordenador. Morador de Recife, Marcos Koury fala com orgulho do movimento, que, segundo ele, tem representantes em aproximadamente 1.200 cidades em todas as unidades da federação. A página no Facebook exibe números ainda modestos: são 3.200 seguidores. No Twitter, o número é ainda menor.
Mas é no aplicativo de conversas Telegram que a organização se articula com força. São 31 mil membros, dos quais um grande número tem participação ativa. O grupo abriga debates diários, ao vivo, por meio da ferramenta de áudio do Telegram. Nessas conversas, os participantes debatem estratégias para apoiar o governo e defender a gestão de Jair Bolsonaro do que entendem como ataques injustos do STF e do Congresso. Os debates são bem organizados, com moderadores e um tempo definido para cada pessoa falar: 3 minutos. A organização reflete o propósito do B-38. A ideia é trazer a disciplina e a hierarquia militares para um movimento civil em apoio ao presidente. O grupo tem coordenadores nas 27 unidades da federação – a maioria civis, embora haja seis militares em cargos de liderança.
Na manhã de 6 de maio, o debate seguiu ininterrupto no grupo do Telegram. Uma participante lançou suspeitas sobre a lealdade de Roberto Jefferson a Bolsonaro. Outro pediu paciência com o presidente do PTB. Um coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) lamentou a decisão, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, que rejeitou por 33 votos a 32 uma proposta que ampliava a possibilidade de impeachment de ministros do STF. “Se a gente não faxinar antes o STF e o Congresso, vai ser difícil alguma medida passar nesses órgãos”, disse ele, antes de afirmar que o regime instaurado em 1964 “não era uma ditadura”. “Só o pessoal do mal é que era perseguido”, completou.
Em entrevista à Gazeta do Povo, entretanto, o coronel Koury enfatizou que o grupo não defende a intervenção militar. Ele afirma que seu movimento busca uma solução pacífica para os conflitos políticos do país: “O povo quer uma solução imediata, quer fuzil, quer pólvora, quer tanque. A sociedade está pedindo intervenção militar, o que não é uma boa medida”, afirma. Ele diz que o B-38 busca uma última saída institucional antes da “ruptura” que, na visão dele, pode acabar acontecendo em breve. Koury acredita que um golpe ou uma revolta popular podem acontecer se não houver voto impresso e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou um de seus “hologramas” for declarado vencedor em 2022. “Aí vai ficar ao nível de 1964. Se forças poderosas que atuaram antes vão atuar novamente não sabemos”, afirma o coronel.
Atualmente, a adoção do voto impresso é a principal bandeira do movimento. E não apenas isso: o B-38 pede ampla auditoria e uma série de reformas que incluiria, por exemplo, a adoção de uma senha para cada eleitor. Quando fosse dar o seu voto, cada pessoa digitaria um código, como em um caixa eletrônico. O objetivo do grupo é garantir que essas mudanças sejam aprovadas até outubro deste ano, para que possam ser adotadas já no pleito de 2021.
O coronel Koury diz acreditar que a missão é possível. O caminho, segundo ele, é pressionar o Congresso para que tome uma atitude e, ao mesmo tempo, pedir ao Senado que prossiga com os pedidos de impeachment dos ministros do STF. “A forma é ter milhões de pessoas em Brasília, na [Avenida] Paulista, em Copacabana, em BH como nunca foi feito porque não tinha coordenação nacional”, afirma Koury. Ele considera que todos os 11 ministros devem ser cassados: “Paciência. Vamos nomear outros. Sinto muito, I’m sorry”.
Quando indagado sobre os próximos protestos do B-38, Koury afirma que há novas ações programadas, mas não divulgam detalhes. “Nós usamos o princípio militar da surpresa”, diz o coronel.
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