Manifestação pró-Bolsonaro

Por
Alexandre Garcia

Bolsonaro promoveu uma motociata no Rio de Janeiro no domingo (24) com milhares de apoiadores: participação do general Pazuello deixou o Exército em polvorosa.| Foto: Alan Santos/PR

O general Eduardo Pazuello vai responder a um inquérito administrativo no Exército. O objetivo é descobrir se ele transgrediu o regulamento disciplinar da instituição ao participar da manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro que aconteceu no domingo (23), no Rio de Janeiro.

O ex-ministro estava pilotando uma moto e com vestes civis. Ele chegou na Vila Olímpica, na Barra da Tijuca, com o capacete embaixo do braço e de máscara. Ele recebeu aplausos como se fosse um novo ídolo popular.

Isso se deu depois da atuação de Pazuello nos dois dias de depoimento na CPI da Covid no Senado. Ele chegou até a fazer um senador gaguejar e outro tremelicar. Obviamente os parlamentares não conseguiram arrancar dele o que imaginavam.

Agora estão pensando em convidá-lo novamente para depor mais uma vez na comissão para ver se retiram alguma informação nova. Mas o que se viu durante a CPI foi o preparo do general e as emoções dos senadores que os atrapalharam.

Eu acho que no fundo o Exército irá examinar se era uma manifestação de apoio político ou uma manifestação de apoio ao comandante supremo das Forças Armadas. Pazuello terá a oportunidade de se defender, é claro.

Bolsonaro no Equador
Bolsonaro participou da posse do novo presidente do Equador, Guillermo Lasso, nesta segunda-feira (24). Ele se posiciona como conservador e de direita. Lasso derrotou o candidato de esquerda que era apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa.

Correa, que era amigo de Lula, Nicolás Maduro, de Chavez, dos Castros e de Evo Morales, está refugiado na Bélgica senão estaria preso no Equador por corrupção.

Bolsonaro foi à posse porque se trata de um presidente latino-americano com o mesmo pensamento ideológico que o dele.

STF mais confunde do que explica
O Supremo Tribunal Federal está julgando se a delação premiada de Sérgio Cabral é ou não válida. O ex-governador entregou ministros do Tribunal de Contas da União, do Superior Tribunal de Justiça e até um ex-presidente do STF.

Curioso é que os ministros parecem estar julgando duas coisas ao mesmo tempo e por isso é sempre muito confuso acompanhar as decisões e ações do STF.

O placar no momento é de três a dois contra a validação da delação de Cabral e a possibilidade de a Polícia Federal fechar futuros acordos sem a participação do Ministério Público. Outros dois votaram no sentido de que a delação de Cabral não vale, mas a PF pode sim firmar novos acordos de colaboração sem o MP.

A Corte entra em contradição com esse placar parcial. Afinal, por duas vezes o Supremo não recorreu ao Ministério Público quando deveria. A primeira vez no famigerado inquérito das fake news, quando o STF foi vítima, instaurou o inquérito, julgou o processo e mandou prender os envolvidos. A segunda vez foi na semana passada quando o MP não participou da decisão de homologar um mandado de busca e apreensão na casa do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente.

O maior perigo é que o Supremo considere a Constituição algo relativo e tome decisões de acordo com as circunstâncias. Isso é terrível. As liberdades não devem se basear nas circunstâncias.

Entre essas liberdades estão o direito de ir e vir em tempos de paz; o direito de reunião sem armas; a casa é o asilo inviolável do indivíduo; são inadmissíveis no processo provas obtidas ilegalmente; é garantida a liberdade de opinião e comunicação sem censura. Isso não deve ser relativizado, são valores absolutos que fazem parte das liberdades pétreas de uma democracia.
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