Coluna do Estadão

Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, deixa a CPI cercado de seguranças após o senador Omar Aziz pedir sua prisão Foto: MARCOS OLIVEIRA/Agência Senado

O gesto extremo e estratégico de Omar Aziz (PSD-AM), político experimentado, tira momentaneamente o foco de algo preocupante para o ‘G7’ e a oposição: para além de depoimentos, a CPI da Covid tem dificuldade em avançar em investigações que tragam à luz fatos relevantes. Aziz deu um tapa no tabuleiro em partida encalacrada, com o ‘G7’ enredado na trama um tanto bizarra protagonizada por um cabo da PM-MG e que tem como coadjuvantes, entre outros, um reverendo, um tenente-coronel e, agora, um bode expiatório, Roberto Dias.

Freio. A prisão foi estratégica por criar sensação de “vitória” e sinalizar que ninguém está para brincadeira. Também dá tempo de o ‘G7’ redefinir caminhos e parar de girar em falso na plantação dos depoimentos.

Basta. Presidente da CPI, Aziz disse: “Os depoentes que vierem a partir de agora vão ter mais cuidado. Não vou tolerar perjúrio”.

Basta 2. Aziz havia dito, em jantar na sua casa, que não aceitaria mais mentiras na comissão. Segundo relatos, estava indignado. Perdera na véspera mais um amigo para a covid-19.

A ver. Para outros senadores, contudo, a consequência é que os próximos depoentes chegarão munidos de habeas corpus e ficarão em silêncio total.

Ação. Quem tem larga rodagem em CPIs, porém, lembra que depoimentos são só a face “midiática” das comissões: quebras de sigilo, análise de documentos e sólida equipe de técnicos costumam promover resultados mais concretos.

Fase ruim. A última grande vitória da CPI foi o depoimento dos irmãos Miranda, com o ponto marcado na última hora pela senadora Simone Tebet. Desde então, só bola nas costas.

Esperança. Governistas comemoraram o fato de que não foram todos os independentes e oposicionistas que concordaram com a decisão de Omar Aziz.

Juntos. Otto Alencar (PSD-BA) discordou da prisão, mas disse ver divisão futura. “Teve mérito para a prisão, mas antes interrogamos uma corporação de criminosos e ninguém foi preso”, disse o senador.

Sem… Antes de nomes, temas: reunidos em Brasília, os nove partidos que iniciaram entendimentos na busca de uma candidatura presidencial de centro decidiram por um posicionamento comum contra a reforma tributária proposta pelo governo Bolsonaro.

…mais impostos. Segundo participantes da reunião, o presidente está propondo o aumento da carga tributária e a consequente punição ao setor produtivo e à classe média. Baleia Rossi (MDB), Roberto Freire (Cidadania) e ACM Neto participaram do encontro.

CLICK. Rodrigo Pacheco (DEM-MG) conversou com a bancada feminina sobre pautas como o projeto de criar uma cota de 18% das vagas no Senado para as mulheres.

Na teoria… Do ex-presidente Michel Temer (MDB): “É com satisfação que recebi a declaração do ministro Luís Roberto Barroso (presidente do TSE), afeito a essas questões eleitorais em que adere à tese do semipresidencialismo”.

…e na prática. “Tese esta que coloquei em prática no meu governo e que também é amplamente defendida pelo ministro Gilmar Mendes”, afirma Temer.

Já sabia. Em 2017, Gilmar já entendia que o semipresidencialismo poderia ser solução para crises.

SINAIS PARTICULARES.

Gilmar Mendes, ministro do STF

Kleber Sales

PRONTO, FALEI!

DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Rogério Carvalho, líder do PT no Senado (SE): “É importante que as Forças Armadas saibam seu lugar constitucional. Não podem, nem devem se manifestar em relação aos trabalhos parlamentares.”

COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG E MARIANNA HOLANDA. COLABOROU BRUNO LUIZ.

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By valeon