Eleições 2022
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

Governador de São Paulo, João Doria, e o ex-governador Geraldo Alckmin se distanciaram ainda mais após racha sobre candidatura ao Palácio dos Bandeirantes em 2022| Foto: Alexandre Carvalho/Governo de São Paulo

Assim como no cenário nacional, políticos com mandato e líderes partidários traçam alianças para as disputas pelos governos estaduais nas principais regiões do país. Além dos interesses locais, partidos colocam na balança a composição de palanques para a disputa presidencial do ano que vem. A Gazeta do Povo mapeou esses cenários nos dez estados mais populosos do país. Confira:

Racha do PSDB divide ninho tucano em São Paulo
Em São Paulo, o vice-governador Rodrigo Garcia deixou o DEM e se filiou ao PSDB, onde foi oficializado como pré-candidato à sucessão do também tucano João Doria ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem. A escolha por Garcia, no entanto, causou dissidências na legenda, e agora o ex-governador Geraldo Alckmin deve migrar para o PSD onde pretende concorrer ao governo paulista com apoio de nomes da oposição de João Doria.

Alckmin tem liderado pesquisas de intenção de voto e já trabalha em uma chapa que deverá contar como o ex-governador Marcio França (PSB) como vice. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), é apontado como candidato ao Senado pelo grupo.

A candidatura de Alckmin pode atrair ainda o novo partido que irá surgir da fusão entre DEM e PSL. Apesar das negociações avançadas com o PSD, o tucano já sinalizou que pretende conversar com os dirigentes do novo partido, entre eles o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, desafeto de João Doria.

No campo da esquerda, o ex-prefeito Fernando Haddad estuda se lançar como candidato ao governo paulista pelo PT. Por outro lado, Guilherme Boulos foi confirmado recentemente como pré-candidato pelo PSOL. Nacionalmente os dois partidos pretendem caminhar juntos no projeto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, uma divisão de candidatura poderia enfraquecer o projeto de ambos, segundo líderes dos dois partidos.

Até o registro das candidaturas, membros do PT e do PSol avaliam que irão manter interlocuções, no intuito de a consolidação de uma única candidatura de esquerda. Para isso, pretendem atrair o PCdoB e o PDT. Esse último, no entanto, esbarra na candidatura de Ciro Gomes ao Palácio do Planalto e que já vem mantendo diálogos com outros partidos nesse campo, como Rede, PV e Cidadania no estado.

No Rio, Freixo tenta compor com centro e presidente da OAB é cotado
Depois de deixar o PSOL e se filiar ao PSB, o deputado Marcelo Freixo intensificou suas agendas pelo Rio de Janeiro, no intuito de construir uma chapa com força para disputa pelo governo do estado em 2022. O objetivo do parlamentar é atrair além de partidos da esquerda, legendas do centro como PSD e PP.

O ex-psolista vem dedicando os finais de semana a percorrer o interior do estado, enquanto durante a semana se ocupa com a tarefa de ser o líder da Minoria na Câmara dos Deputados. Entre os interlocutores de Freixo está o deputado federal Dr. Luizinho, principal liderança do PP no estado, e Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio de Janeiro.

Publicamente, o prefeito carioca defende a candidatura do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Mas o advogado também pode se lançar ao Senado pelo partido em uma composição na chapa de Freixo.


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Depois de assumir o cargo de governador com o impeachment de Wilson Witzel, Claudio Castro já trabalha para tentar se reeleger em 2022. Além de trocar o PSC pelo PL, Castro também tem buscado atrair o prefeito Eduardo Paes e seu grupo político para o Palácio Guanabara. Em outra frente, Castro também se mantém próximo da família Bolsonaro e poderá garantir palanque para deputados pró-Bolsonaro no reduto da família do presidente.

Em Minas Gerais, Zema pode trocar o Novo para disputar a reeleição
Único chefe de Executivo estadual eleito pelo Novo em 2018, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, poderá trocar de legenda para disputar a reeleição no ano que vem. “Todos querem mudanças. Está ficando uma situação de ou vai ou racha. Deveremos ter algumas notícias referentes ao partido porque o partido se tornou refém de um pequeno grupo, que, na minha opinião, julga ter o monopólio sobre a razão e a verdade. Com certeza devemos ter mudanças nos próximos dias”, disse Zema em evento da Money Report recentemente.

O mineiro busca compor com outros partidos para tentar eleger uma base na Assembleia Legislativa. Durante seu mandato, o governador se queixou de não poder aprovar algumas de suas principais bandeiras, como a privatização de estatais. Apesar disso, a composição enfrenta resistências dentro do Novo.

“Ou o partido muda ou ele acaba. Os mandatários já estão no limite. Os mandatários têm sofrido ataques de membros do partido. O partido tem se mantido distante dos mandatários, não tem nenhum tipo de diálogo. Isso nos deixa em uma posição de extremo desconforto”, completou.

Diante do impasse, dirigentes do DEM e do PSL já cortejam Zema, no intuito de atrai-lo para o novo partido que surgirá da fusão entre as duas siglas. A filiação do governador, no entanto, pode concretizar a desfiliação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM).

O senador mineiro é cortejado pelo PSD, legenda que pretende lançar como candidato ao governo de Minas o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. O prefeito começa nas próximas semanas uma série de viagens pelo interior do estado como forma de pré-campanha.

No campo da esquerda, o ex-presidente Lula trabalha para estar no palanque de Kalil como candidato à presidência da República, para isso cogita abrir mão de uma candidatura do PT no estado. Um encontro entre os dois deveria ocorrer em setembro no estado, mas a caravana petista acabou sendo adiada para o mês de outubro.


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Enquanto isso, o deputado federal Reginaldo Lopes tem rodado o estado como pré-candidato ao Palácio Tiradentes. Internamente, no entanto, a avaliação é que ele tem mais força se participar da corrida ao Senado Federal.

Ratinho Jr. consolida base para reeleição, enquanto Requião busca partido
Candidato à reeleição em 2022, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), já recebeu sinalizações que terá o apoio de legendas como PSC, PRB, PR, PPS, PV, PHS, AVANTE e Podemos.

Esse grupo foi o mesmo que apoiou sua candidatura em 2018 e que se mantém na base do Executivo até o momento. A ex-governadora Cida Borguetti, do PP e que concorreu contra Ratinho em 2018, também já sinalizou que irá apoiar a reeleição do governador.

Apontado como principal adversário de Ratinho no estado, o ex-senador e ex-governador Roberto Requião ainda não definiu qual legenda irá abrigar sua candidatura ao Palácio Iguaçu no ano que vem. Requião deixou o MDB no começo de agosto, após perder as eleições para presidência do diretório regional do partido. Depois disso, já recebeu convites do PSB, PDT e do PT.

Recentemente acusou Ratinho Jr. de tentar inviabilizar sua candidatura ao PSB, depois de um encontro do governador paranaense com o presidente da sigla, Carlos Siqueira. “Fui convidado a ingressar no PSB. Ratazanas Bolsonaristas, em comissão, visitaram o presidente Siqueira. Encaminharam contra a minha entrada! Qual a opinião do Siqueira, do [Marcelo] Freixo, e do Flávio Dino?”, escreveu Requião nas redes sociais.

Nesta semana Requião deu início a uma caravana pelo estado, onde a primeira parada foi na cidade de Francisco Beltrão, no sudoeste paranaense. No discurso, o ex-emedebista declarou que as tarifas elevadas de água e luz e que o desemprego inviabilizam o desenvolvimento econômico do Paraná.

Onyx Lorenzoni trabalha para ser o candidato de Bolsonaro no RS
Ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni trabalha para ser candidato ao governo do Rio Grande do Sul em um palanque junto do presidente Jair Bolsonaro no ano que vem. “Em dezembro a gente anuncia [a candidatura] ao lado do presidente”, admitiu Lorenzoni durante agenda com Bolsonaro na região.

Os planos de Lorenzoni, no entanto, têm esbarrado em duas divergências: a fusão entre o DEM e o PSL, já que Lorenzoni é filiado ao DEM, e as movimentações do senador Carlos Heinze (PP) em se lançar na disputa. Heinze é um dos principais defensores de Bolsonaro na CPI da Covid e foi o candidato a senador mais bem votado do Rio Grande do Sul nas eleições de 2018, com quase 22% dos votos.

Heinze tem admitido que com cadeira cativa no Senado Federal até 2026, ele não precisa deixar definitivamente o cargo para concorrer o Palácio Piratini. Em 2014, Heinze já havia sido o deputado federal mais votado do estado e é uma das principais lideranças do PP na região.

Caso não receba o aval do novo partido que surgirá da fusão DEM/PSL, Lorenzoni cogita migrar para o PP no ano que vem. Nesse caso, o impasse sobre a candidatura de Heinze terá que passar pelo crivo do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do partido.

Do outro lado, o governador Eduardo Leite sinaliza que não irá disputar a reeleição, mesmo que seja derrotado nas prévias internas do PSDB para a disputa pelo Palácio do Planalto. O gaúcho filiou o vice-governador Ranolfo Vieira Junior ao seu partido e deverá concorrer como cabeça de chapa em 2022.

Em SC, senador tenta “dobradinha” com Luciano Hang
Integrante da base do governo Bolsonaro na CPI da Covid, o senador Jorginho Mello (PL) almeja disputar o governo de Santa Catarina em uma aliança que pode contar com o empresário Luciano Hang como candidato ao Senado.


“Estou pensando no assunto. Tenho até os primeiros meses do ano de 2022 (para decidir). O presidente me pediu. Agora, tenho que escutar minha família e principalmente o povo catarinense”, comentou Hang ao site Glamurama.

De outro lado da disputa, o governador Carlos Moisés, que rompeu com bolsonaristas e deixou o PSL, tenta retomar a relação com Bolsonaro acenando com um palanque com ampla aliança partidária. Já o PSL, em tratativas de fusão com o DEM, cogita lançar ao governo o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, que também busca manter boa relação com Bolsonaro.

Com ACM Neto, novo partido vai fazer frente ao candidato do PT na Bahia
Trabalhando pela fusão do DEM com o PSL, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto pretende contar com a estrutura da nova legenda para tentar acabar com a hegemonia do PT na Bahia, que em 2022 completa 20 anos no comando do estado. Neto deixou a prefeitura da capital baiana no final de 2020 com quase 80% de aprovação e na disputa municipal elegeu seu sucessor ainda no primeiro turno.

Na composição da chapa, ACM Neto irá buscar nomes do MDB e do PDT para fazer frente ao PT no estado. Além disso, o ex-prefeito tenta neutralizar a pré-candidatura do ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), que pretende garantir palanque ao presidente Jair Bolsonaro no estado.


Já o PT, que tem no estado uma das principais bases do ex-presidente Lula, pretende se manter no governo com a candidatura do senador Jacques Wagner. A aliança envolve ainda a candidatura do senador Otto Alencar (PSD), que irá disputar à reeleição no próximo ano e uma vaga de vice para o PP.

O governador baiano, Rui Costa, que está terminando o 2º mandato, não deve disputar nenhum cargo. Costa ambicionava ser presidente nacional do PT, mas durante a passagem de Lula ao estado, o ex-presidente sinalizou que pretende dar-lhe um cargo no governo.

Em Pernambuco, PT tenta se reaproximar do PSB para garantir palanque para Lula
Depois do racha entre petistas e pessebistas na disputa pela prefeitura da capital do Recife no ano passado, integrantes do PT e do PSB ensaiam uma reaproximação na eleição de 2022. A recomposição vem sendo conduzida pelo ex-presidente Lula, que pretende garantir palanque para sua candidatura ao Palácio do Planalto na região.

Sem poder tentar reeleição, o governador Paulo Câmara deseja tentar o Senado e, para seu substituto no governo, quer lançar o ex-prefeito do Recife Geraldo Júlio, também filiado ao PSB. Na composição, o PT deve indicar um nome para vice, e até o momento o senador Humberto Costa é o principal cotado para o posto.

Na oposição, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, atualmente filiado ao DEM pretende disputar o governo com apoio do MDB. Filho do líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra, o pré-candidato, no entanto, tem admitido que não garante palanque para Bolsonaro na região.

“Vamos ter conteúdo, não vamos falar só dos problemas. Não estou preocupado com isso. O nome posto na disputa não é o de Fernando Bezerra Coelho, é Miguel Coelho”, desconversou o pré-candidato ao ser questionado sobre a aliança do seu pai com o governo Bolsonaro.

Reduto de Ciro Gomes, PDT busca opção para substituir PT no Ceará
Atualmente governado pelo PT, o estado do Ceará é o principal reduto eleitoral do pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes. O atual governador cearense, Camilo Santana, conta com do clã Gomes na região, mas não poderá se candidatar em 2022, pois já foi reeleito.


Com isso, a executiva do PDT já começou uma série de negociações, no intuito de lançar um nome próprio para o Palácio da Abolição no ano que vem. Até o momento, o nome do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Claudio é o mais cotado. Apesar disso, a aliança com Camilo Santana deve ser mantida e o petista pretende concorrer ao Senado nessa composição.

Na oposição, o deputado Capitão Wagner (Pros) pretende disputar o governo com apoio do presidente Bolsonaro. Com a fusão entre DEM e PSL, aliados de Wagner acreditam que ele poderá mudar de legenda para ter mais estrutura de campanha.

No Pará, Helder Barbalho pavimenta caminho à reeleição 
O governador Helder Barbalho (MDB) é apontado por integrantes emedebistas como candidato “natural” à reeleição ao governo do Pará em 2022. Barbalho tem reforçado suas alianças na região, e recentemente esteve com o governador de São Paulo, João Doria, para tentar neutralizar a possibilidade de uma candidatura do PSDB na região.

“O diálogo é aberto e é isso que estamos fazendo nos encontros. Sempre de maneira muito respeitosa. Quem decide o destino do PSDB do Pará é o PSDB do Pará e não o governador de São Paulo ou mesmo o presidente do partido nacional, Bruno Araújo”, desconversou Doria durante visita ao estado.

Apesar disso, o ex-senador Flexa Ribeiro vem sendo apontado como possível nome ao Executivo local pelo partido de João Doria na Região. Na estratégia, o ex-governador Simão Jatene seria o candidato ao Senado. A dupla lidera a oposição contra Barbalho no governo paraense.


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