Idealizado pela Sociedade Brasileira de Infectologia, Movimento Vacinação pretende reverter a tendência de queda na cobertura vacinal no Brasil
Movimento Vacinação, Estadão Blue StudioConteúdo de responsabilidade do anunciante
Se os dois últimos anos tiveram algumas lições a nos ensinar, a principal delas foi ressaltar a importância das vacinas. A média móvel de mortes por covid-19 no País, que bateu a trágica marca de 3.120 óbitos diários na primeira quinzena de abril, vem caindo sem parar desde que a vacinação engrenou. Ainda é cedo para decretar o fim da pandemia, mas já é possível ver uma luz no fim do túnel.
Apesar dessa lição tão clara, nos últimos anos, o Brasil – que já foi um aluno exemplar na matéria – tem se saído cada vez pior no que diz respeito aos números de vacinação. Dados compilados pelo Ministério da Saúde mostram que desde 2015 as baixas coberturas vacinais vêm se acentuando. A consequência disso é que algumas doenças que já haviam desaparecido graças à vacinação têm retornado, como o sarampo. O Brasil perdeu em 2019 a certificação de país livre da doença, conferida pela Organização Panamericana de Saúde (Opas), e, em 2020, registrou mais de 20,9 mil casos de sarampo no País.
Movimento
Para virar esse jogo, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) lançou, no final de setembro, o Movimento Vacinação. A iniciativa procura relembrar à população a importância da imunização. “Essa campanha tem por objetivo resgatar a boa situação de vacinação que nós tínhamos no Brasil”, informa o presidente da SBI, doutor Clóvis Arns da Cunha, em entrevista concedida à jornalista Rita Lisauskas.
O Brasil já foi um exemplo para o mundo nesse campo, recorda o médico. “Mas, infelizmente, mesmo antes da pandemia da covid-19, as pessoas começaram a se vacinar menos”, lamenta. Ele atribui a responsabilidade por essa queda aos movimentos antivacina que vêm surgindo mundo afora. “Eles espalham fake news. Todos os dias a gente vê e ouve notícias completamente ignorantes e erradas. Isso assusta a população”, prossegue. Para tentar reverter esse quadro, , o Movimento Vacinação iniciou uma parceria com a Agência Lupa de checagem de dados para combater notícias falsas sobre vacinas. Assista à integra da entrevista.
Felizmente, a situação parece ser reversível, como mostra o sucesso da campanha de vacinação contra a covid-19. Nas maiores cidades do País, 99% da população maior de 18 anos já recebeu pelo menos uma dose do imunizante. “Mesmo numa situação em que não recebemos todo o apoio que deveríamos, conseguimos convencer a população a se vacinar”, comemora Arns.
Na opinião da coordenadora do Movimento Vacinação, a infectologista Rosana Richtmann, esse sucesso mostra que, no fundo, o brasileiro “tem um DNA que é pró-vacinação” e que, muitas vezes, o que falta ao cidadão é a informação correta. “A ideia de nosso movimento é fazer uma comunicação adequada com a população como um todo”, ressalta.
Para alavancar ainda mais a campanha, a vacinação será um dos assuntos do22º Congresso Brasileiro de Infectologia, que acontecerá em Goiânia (GO) entre 14 e 17 de dezembro. Além de tema central em várias palestras, a imunização também será o foco de um curso realizado durante o evento.
Informação fundamental
O sucesso da vacinação no Brasil pode ser corretamente medido por meio da queda na mortalidade infantil. Desde que o Programa Nacional de Imunização (PNI) foi lançado, em 1974, houve uma melhora de 90% nesse indicador. “A imunização foi o pilar fundamental [nessa redução]”, apontou a coordenadora do Movimento Vacinação, a infectologista Rosana Richtmann, em podcast produzido pelo Estadão. Ouça aqui.
Durante a conversa, a infectologista afirmou que o Brasil tem um sistema de imunização robusto, que começa a proteger os brasileiros antes mesmo de nascerem, com a imunização das grávidas para algumas doenças importantes. E, ainda na maternidade, o recém-nascido já recebe as vacinas contra a tuberculose e a hepatite B. São os marcos iniciais de um calendário de vacinação que vai acompanhá-lo ao longo de toda a vida.
“Os calendários são muito bem pensados em termos de intervalo entre as doses e incidência das doenças, e tudo embasado em dados sobre o que está acontecendo no Brasil a cada ano”, ressaltou Rosana. A médica lembrou, ainda, que não são apenas as crianças que precisam ser vacinadas: adolescentes e adultos também têm calendários que devem ser seguidos.Tudo o que sabemos sobre:Organização Panamericana de SaúdePNI [Plano Nacional de Imunização]vacinação