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J.R. Guzzo – Gazeta do Povo
Preço da gasolina em Nova York: as estatísticas do governo dos EUA mostram que os preços de mercadorias subiram no ritmo mais rápido em 40 anos.| Foto: Justine Lane/EFE
Acabam de sair os números mais recentes, e eles não deixam dúvida. A inflação nos Estados Unidos, nos últimos doze meses, chegou aos 7,5%. Na última medição, no início de janeiro, o índice estava em 7%; subiu mais, e não se trata de um fenômeno “fora da curva”, pois ficou claro que a “curva” é essa mesma. Ou seja: há, sim, inflação alta na economia americana, e ela tende a ficar por aí. Muito bem. Houve pânico? Não houve. É o fim do mundo? Não é. É unicamente o resultado inevitável de dois anos com a economia fechada pelas políticas de lockdown e suas similares que foram adotadas para lidar com a Covid-19. Não poderia dar outra coisa. Não deu.
É certo que há 40 anos, desde 1982, não havia inflação pior nos Estados Unidos. É certo, também, que foi necessário esperar um presidente como esse que está lá, com o seu passeio ao acaso pelos “investimentos sociais” e as suas tentativas de fazer a revolução através de atos administrativos, para se despencar tão fundo. Mas a palavra-chave continua sendo a Covid. Reduziram a produção a quase nada, socaram dinheiro de “ajuda emergencial” em cima de pessoas e empresas, e a consequência é essa aí. Dinheiro doado, em vez de produzido, gera inflação sempre – lá, aqui e no resto do mundo.
Não faz nexo, portanto – mas raramente faz nexo, quando se trata da opinião de economistas brasileiros –, o escândalo levantado no momento em torno da inflação brasileira de 10% ao ano. Queriam o quê? Quanto menos do que esses 10% para ficarem mais calmos? Qual o número que sugerem a respeito? Metade disso? Nada?
Se a inflação americana está em 7,5%, o Brasil tem mais é de dar graças a Deus por estar onde está; não pode ter menos, simplesmente. Problema tem a Argentina, que está com mais de 50% no lombo, ou a Venezuela, com cerca de 700%. Mas a respeito desses não se dá um pio; os companheiros-comandantes Fernandez e Maduro são o modelo econômico, político e ético da esquerda nacional e, de mais, a mais, a culpa pelas suas desgraças é do “bloqueio econômico” americano.
A esquerda ouve essas coisas e fica em estado de agitação extrema; nada irrita tanto essa gente toda, economista ou não, do que um número como os 7,5% da inflação nos Estados Unidos. É uma realidade. Não dá para dizer que ela não existe, ou que a inflação americana é de 1%. Mas em vez de encarar e seguir em frente, atrás de outro assunto, fazem questão de continuar dizendo que o Brasil morreu. Não adianta nada. Não muda a inflação americana. Não muda a inflação brasileira. Fica apenas tudo igual.
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