Política
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
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A Rede está na coordenação da candidatura Lula, mas a criadora da Rede pode estar como vice na chapa do adversário Ciro Gomes. O PSOL fica na federação de esquerda e apoia Alckmin candidato a vice. PSB e PT se amarram por quatro anos numa federação, mas são adversários em São Paulo, Espírito Santo e outros estados. Esses são alguns exemplos das excentricidades a que os partidos estão sendo levados a resolver, depois da criação das federações partidárias, que têm a intenção de salvar pequenos partidos da condenação à extinção.
Gazeta do Povo publicou há pouco a melhor análise sobre esse imbroglio, num excelente artigo assinado por Rodolfo Costa. Os legisladores, mais uma vez alterando de forma casuística e em causa própria a lei eleitoral, ao substituírem as coligações por federações, criaram uma esfinge e terão que decifrá-la, ou serem devoradas por ela. A união de partidos numa federação os obriga a ficarem juntos pelos quatro anos de duração dos mandatos.
Isso significa que a federação registrada agora na Justiça Eleitoral, obriga os mesmos partidos a estarem juntos nas eleições para prefeito dentro de dois anos. Já imaginaram fechar agora um acordo que vai ter que ser obedecido na eleição para prefeito de São Paulo, de Imperatriz ou de Urucânia?
Até 31 de maio, o TSE homologará as federações que farão tudo junto, na campanha e no mandato de quatro anos. Por enquanto, está tudo em paz na relação PSDB e Cidadania(o mais novo nome do PCB); suas lideranças sempre se deram bem. Mas ainda aqui deve-se considerar se nos 5570 municípios não haverá um comunista raiz que queira combater um prefeito tucano candidato à reeleição, em 2024. Isso se o pré-candidato à presidência, senador Alessandro Vieira, topar ser vice de Doria, que, certamente, não abrirá mão de ficar no pódio da chapa.
O União Brasil conseguiu juntar o antigo PFL, depois DEM, com o PSL, pelo qual foi eleito Bolsonaro. É presidido por Luciano Bivar, que ficou acima de ACM Neto. Imagino o que resulta da soma dessas duas personalidades. E essa mistura, dizem, poderia fechar federação com o MDB – que já é uma federação de lideranças locais. Quem estudou química vai entender que pode ser uma mistura, mas não uma solução.
O Podemos, que já lançou Moro, está procurando quem acredite na candidatura. Ciro, com o PDT, disse que federar-se é retrocesso. O PL, para onde voltou Bolsonaro, conversou com o PTB, o Pros, Republicanos, Patriota, o PP, mas ficou tudo aberto para que interesses estaduais e municipais não causem defecções no objetivo maior da reeleição.
Uma federação de esquerda pode se tornar um grande bloco ou se fragmentar. PT, PSOL, PV, Rede, PC do B, PSB podem se juntar em torno de Lula, mas em Pernambuco o PT teria que ceder ao PSB o governo do estado; no Espírito Santo, o senador Contarato, do PT, teria que desistir de ser adversário do governador Casagrande, do PSB; Marina, da Rede, tem que deixar de ser vice de Ciro, do PDT. E em São Paulo, o candidato da federação de esquerda será Márcio França, do PSB ou Fernando Haddad, do PT?
Como se nota, a caixa de Pandora da Federação pode soltar as vaidades, os egos, os interesses, as idiossincrasias, os regionalismos, as ambições. O que vai dar?
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