Ricardo Kertzman – IstoÉ
Agostinho Patrus (presidente da ALMG) (Crédito: Wikimedia Commons)
É impressionante! Não há oportunidade que certas ‘figurinhas carimbadas’ desperdicem. Falou em gastos irresponsáveis, corrupção, incompetência e destruição dos cofres públicos em busca de populismo eleitoral e/ou vantagens pessoais, lá estará um típico político oportunista brasileiro. Aliás, o Brasil produz mais dessa espécie do que produz, sei lá, cana de açúcar. Aff!
Dias atrás, em um belíssimo trabalho feito por Igor Franco, do MBL (Movimento Brasil Livre) de Minas, mostrei alguns dos gastos indecorosos de certos deputados da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais). Há ‘representantes do povo’ que comem mais picanha – com a nossa grana, é claro! – do que Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, come leite condensado.
O partido mais gastão – surpresa nenhuma!! – é o PT, e seus deputados são os maiores perdulários (sete entre os dez primeiros). Daí fui pesquisar os gastos do presidente da Casa, afinal, o exemplo vem de cima. Para minha surpresa, não encontrei. Está zerado! Talvez os gastos estejam sendo computados pela Mesa Diretora. O MBL enviou um e-mail há dias, pedindo explicações, e nada.
Pois é. Tendo seus gastos não publicados (até o momento) no site da Assembleia, eis que o Sr. Agostinho Patrus (o presidente) liderou uma frente populista-eleitoreira, obviamente em conluio com o Partido dos Trabalhadores e companhia, para derrubar os vetos do governador Romeu Zema (Novo) contra os aumentos extraordinários dos salários de alguns servidores do estado.
POLITICAGEM ASQUEROSA
É o seguinte: não é novidade alguma a situação calamitosa, falimentar, na verdade, que o ex-governador Fernando Pimentel (PT) entregou o estado. Muito além do caixa estourado e do cofre arrombado, calotes generalizados – inclusive nos funcionários públicos, que nem salário e aposentadoria recebiam, e acabavam atolados em dívidas e com os nomes sujos por causa da inadimplência.
Em um trabalho espetacular de gestão e recuperação fiscal – e quem diz isso não sou eu, mas os números, os salários em dia, os repasses aos municípios, etc. -, o governo atual vem conseguindo equilibrar receitas e despesas, a despeito de uma dívida monstruosa a pagar, sobretudo com a União, e propôs, no limite da sua capacidade, um aumento de 10% a todos os servidores.
Diante da inflação descontrolada dos últimos meses, 10% ou nada é quase a mesma coisa, eu sei, mas pior do que isso é ‘nem isso’. Não adianta o governo mineiro reajustar os salários sem ter como pagá-los, ué. Ao contrário do governo federal, Minas não tem uma máquina de imprimir dinheiro, e sua capacidade de endividamento já foi para o ‘brejo do Pimentel’ há muito tempo.
Assim, Zema enviou um projeto ao Legislativo com o aumento de 10%. E o que fizeram de forma mesquinha, eleitoreira, politiqueira, alguns deputados? Emendaram o projeto e propuseram aumentos de 33% para o pessoal da Segurança e 14% para a turma da Educação. Não merecem? Opa! Merecem. Mas os deputados precisam dizer como, né? O governador, corretamente, vetou.
VALE-TUDO?
Aliás, lembram-se dos gastos com picanha? Pois é. Eles torram o que querem e o quanto querem porque a Constituição prevê que cada Poder tem a prerrogativa de propor, gerenciar e executar o próprio orçamento. Ora, se é assim, como os deputados querem agora manejar o orçamento do Executivo. Como podem querer que o governo gaste 9 bilhões de reais que não tem?
Obviamente, a patranha desta terça-feira (12) ocorrida na ALMG sob liderança de Patrus, que ‘sonha acordado’ com a vaga de vice-governador na chapa do ex-prefeito Alexandre Kalil – rival, por consequência, de Romeu Zema – será judicializada e resolvida no STF (Supremo Tribunal Federal), pois a derrubada do veto produziria efeitos inconstitucionais. Mas isso é o de menos.
O que Patrus, Kalil e irresponsáveis gostariam, seria estourar os cofres de Minas Gerais novamente, já que seus salários e mordomias estão sempre garantidos. Mas, não podendo, se contentam em tentar desgastar o atual governador. Isso é política? Não. É vagabundice, é sem-vergonhice, é um atentado contra o povo mineiro. E é uma prática repetida em quase todos os estados da Federação.
Aliás, não é muito diferente do que faz hoje em dia o governo federal. Como não é diferente do que sempre foi feito no Brasil. Em ano eleitoral, sobretudo, candidatos populistas e suas gangues não se importam em assaltar ou arrombar as contas públicas em busca de eleição ou reeleição, deixando a bomba-relógio armada. No final, não importa o resultado das urnas, a conta sobra mesmo para nós, os otários de sempre.