Articulações eleitorais

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Senadora Simone Tebet, do MDB, é pré-candidata à Presidência da República| Foto: Divulgação/MDB Nacional

A única presidenciável, senadora Simone Tebet, vinha aparecendo como a solução do autodenominado centro democrático para cabeça de chapa, a ser anunciada dia 18 de maio pelos presidentes do MDB, PSDB e União Brasil. O vice seria – e não vamos fingir ingenuidade – Eduardo Leite, indicado pela direção tucana.

Agora aparece uma manifestação da senadora, dizendo que não aceitaria ser vice, pois seria uma desconsideração às mulheres, que são mais da metade do eleitorado. Aí a luz vermelha acende, anunciando que se pensa em trocar a ordem antes falada. Leite presidente e Tebet vice. Ou será que Leite deixou o governo do Rio Grande do Sul apenas para ser vice? Ou será que dias antes o presidente do PSDB falava em Leite vice, apenas para um primeiro movimento, de descarte de Doria, para depois avançar mais um degrau?

Até as convenções, no final de julho e início de agosto essas emoções que rimam com traições serão como sismos subterrâneos até haver um ajuste na superfície, sobre as chances de candidatos e partidos. Na semana passada, vimos como metade da bancada de senadores do MDB se reuniu com Lula para jantar a candidatura de Simone Tebet.

Também vimos Paulinho da Força recuar seu Solidariedade, após ser vaiado por sindicalistas num encontro com Lula. E se viu Moro trocado por Luciano Bivar e já avisando que não aceita ser candidato a deputado federal e apresentado como atração de um curso anticorrupção.

O PT, o PV e o PCdoB acabam de registrar o estatuto comum para uma federação que deveria ter também o PSB de Alckmin, o neocompanheiro e vice de Lula, e Márcio França, candidato ao governo de São Paulo. Ocorre que França terá como adversário Fernando Haddad, que é do PT. Como fazer federação? Como Lula vai resolver São Paulo, o maior colégio eleitoral do país?

Lula tem feito declarações que parecem intencionais para inviabilizar sua candidatura. Parece masoquismo. Se indispõe com as religiões, os militares, os deputados federais, os CACs, a classe média, os proprietários. Nem tudo está unânime no partido. E rumores circulam sobre uma desistência dele em favor de Haddad, para aliviar o PSB de França em São Paulo e poder casar tranquilo no mês das noivas, como ele anunciou.

São tempos que devem preocupar as pesquisas, que insistem em mostrar o eleitor como um pusilânime, que ora está com Lula e de repente vai para Bolsonaro. O presidente Bolsonaro, que aprendeu alguma coisa em quase 30 anos de Legislativo, não quis mexer nem mesmo agora que ministros saíram para ser candidatos. Vão ficando os substitutos técnicos, para não criar problemas além dos naturais.

Ele deixou Luciano Bivar levar o PSL para ser problema para ACM Neto, foi para o PL, que virou a maior bancada na Câmara, não estimulou federação para não engessar nos estados, escolheu Tarcísio para São Paulo e deve ser um dos poucos do turbilhão eleitoral que sabe qual é a via.


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