1º de maio
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília
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Pré-candidato a presidente pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: EFE/Joédson Alves
Aliados de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocaram na conta das centrais sindicais o fato de as manifestações convocadas para o Dia do Trabalho terem tido um público abaixo do esperado. O ato realizado no domingo (1º), em São Paulo, contou com a presença do ex-presidente e a expectativa do PT era de que o evento marcasse o início da pré-campanha petista.
Reservadamente, lideranças petistas admitem que o número de manifestantes ficou abaixo do que estava sendo esperado pelos organizadores. No entanto, avaliam que o público é resultado da perda do poder de mobilização dos trabalhadores por parte das centrais sindicais.
“As centrais, que organizaram as manifestações do Dia do Trabalho, foram perdendo o poder de mobilização nos últimos anos. A gente vem percebendo isso desde as mobilizações que foram convocadas nos últimos anos pelo impeachment do Bolsonaro”, avalia um integrante da bancada petista.
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Ato das centrais sindicais em 1º de maio de 2022 | Foto: Guilherme Gandolfi/Reprodução Twitter
Na mesma linha, outro integrante de cúpula petista ameniza a falta de público afirmando que a mobilização dos trabalhadores ficou reduzida nos últimos anos devido à interrupção dos atos de forma presencial por conta da pandemia de Covid-19. “Depois de dois anos sem atos presenciais por conta da pandemia, a gente já sentia que a mobilização dos trabalhadores não seria a mesma. A reforma trabalhista acabou com o trabalho dos sindicatos, e isso reflete no resultado da busca por direitos trabalhistas por parte das centrais sindicais”, defende o petista.
Em 2017, ano em que a reforma trabalhista foi aprovada pelo Congresso Nacional e que acabou com o imposto sindical e reduziu o poder dos sindicatos, as centrais sindicais chegaram a sortear pelo menos 19 automóveis durante as manifestações do dia 1º de maio. Os custos do evento chegavam a cerca de R$ 1,5 milhão e os sorteios eram uma forma de atrair sindicalistas e militantes para esses atos.
Já no ano seguinte, com a reforma trabalhista em vigor, a manifestação custou cerca de R$ 700 mil e não houve sorteios para os presentes.
Lula dribla legislação eleitoral durante atos do Dia do Trabalho
Oficialmente, Lula vai ter a pré-candidatura lançada no próximo sábado, dia 7, em um evento fechado em São Paulo. Apesar disso, aliados do petista vinham defendendo que os atos do Dia do Trabalho seriam o começo da pré-campanha de Lula.
A expectativa era de que o ex-presidente discursasse no evento por volta das 13 horas, mas com a falta de público Lula só falou no final da tarde depois da apresentação da cantora Daniela Mercury. Mesmo com o tom de campanha do evento, o petista afirmou que estava preocupado com eventual punição da Justiça Eleitoral por propaganda antecipada.
“Eu fiquei um pouco atrás [dos dirigentes] porque eu não posso falar de eleição. Eu ainda não sou candidato, só dia 7 eu vou ser pré-candidato. Mas se preparem porque alguém melhor do que esse presidente [Bolsonaro] vai ganhar as eleições”, discursou Lula.
De acordo com a legislação eleitoral, pré-candidatos não podem fazer pedido explícito de voto antes do início da campanha, o que ocorrerá somente em 16 de agosto. Apesar disso, Lula aproveitou o discurso para apresentar algumas de suas propostas de governo, entre elas mudanças na reforma trabalhista.
“Vamos ter que sentar numa mesa e regulamentar a vida das pessoas que trabalham com aplicativo, dizer que não podem ser tratados como se fossem escravos, que precisam ter direito a um programa social, assistência médica, seguro para quando bater o carro, a moto ou a bicicleta e descanso semanal remunerado porque a escravidão acabou”, disse Lula.
PT quer manter mobilização das centrais sindicais na campanha de Lula
Apesar da falta de público nas manifestações do dia do trabalhador, a cúpula do PT espera contar como a mobilização das centrais sindicais durante a campanha de Lula. Os movimentos já sinalizaram que pretendem criar ao menos 5 mil comitês de campanha para o ex-presidente em diversas cidades do país.
Um encontro com o ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula, deve ocorrer nas próximas semanas, no intuito de amarrar a estratégia pelo país. De acordo com integrantes do PT, a medida é uma forma de “retomar o trabalho de base da militância petista”.
“Temos a tarefa de eleger novamente o presidente Lula, com todo respeito aos demais candidatos, mas a única candidatura que tem condições de derrotar Bolsonaro é o Lula. E ele não vai estar sozinho nessa tarefa, nós estaremos ao seu lado para reconstruir o Brasil”, afirmou o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre.
Ciro Gomes diz que atos do Dia do Trabalho fracassaram
Tentando viabilizar sua candidatura pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes afirmou que os atos do Dia do Trabalho fracassaram de forma constrangedora em todo o país. Além das manifestações pró-Lula das centrais sindicais, o feriado de 1º de maio contou com atos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o pedetista, Bolsonaro não tem a mínima condição de deixar que o debate flua na direção do que realmente interessa para a população, como inflação, renda e desemprego. Do outro lado, avaliou, durante a manifestação, Lula foi “vomitar obviedades que alienam o povo”, além de ofertar uma “memória afetiva mentirosa”.
“O nosso povo de fato não se engajou ainda, o nosso povo não foi [para os atos] porque não está sentindo nenhum entusiasmo com essa falsíssima estelionatária polarização em que os dois disputam quem vai administrar a tragédia de um modelo econômico que só privilegia rico e que manda para os pobres as migalhas. (…) Uma lição da rua: a eleição está em aberto”, disse o pedetista.
Tradicionalmente, o PDT participava das manifestações convocadas pelas centrais sindicais em São Paulo. Neste ano, no entanto, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), ligada ao partido de Ciro Gomes, rompeu com as demais entidades de trabalhadores depois da sinalização de apoio ao ex-presidente Lula.
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