Lauriberto Pompeu – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O grupo de WhatsApp “Empresários & Política” sofreu uma debandada em massa após as mensagens de cunho golpista serem divulgadas. De acordo com um dos integrantes, o grupo tinha cerca de 200 participantes e baixou para 70 na última quarta-feira, 17, quando o caso foi revelado pela coluna do jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles. Nesta terça-feira, 23, após a operação da Polícia Federal contra os empresários, o número se reduziu ainda mais e sobraram 40 pessoas. O Estadão ouviu de um dos participantes que a debandada aconteceu por “medo” da repercussão que as mensagens tomaram.

Oito empresários do grupo de WhatsApp foram alvos de mandados de busca e apreensão. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, foi quem determinou que a PF fizesse a operação. Moraes é quem conduz o inquérito dos atos antidemocráticos. O ministro quer saber se os empresários financiaram atos contra as instituições. Além das buscas, o ministro também determinou a quebra dos sigilos bancários e o bloqueio das contas bancárias dos alvos.

O empresário Luciano Hang, executivo da Havan, foi um dos alvos da operação autorizada pelo STF. Foto: Estadão© Fornecido por Estadão

Foram alvos das buscas os donos do Coco Bambu, Afrânio Barreira Filho, da W3 Engenharia, Ivan Wrobel, da Multiplan, José Isaac Peres, da Barra Wolrd, José Koury, da Havan, Luciano Hang, da Sierra, Luiz André Tissot, da Mormaii, Marco Aurélio Raymundo e da Tecnisa, Meyer Joseph Nigri. José Koury chegou a falar que preferia um “golpe” em vez da volta do PT ao governo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial deste ano.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não se manifestou sobre o assunto, mas seus aliados já criticaram duramente a decisão de Moraes. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), declarou que Moraes faz “ativismo político” e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-DF) declarou que o ministro quer instituir “crime de pensamento”.

Antes de operação da PF, Bolsonaro chamou mensagens golpistas de empresários de fake news

Foto: Fátima Meira/Estadão Conteúdo

Operação que investiga atuação de empresários em defesa de golpe institucional foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e tem entre os alvos o empresário Luciano Hang, da Havan

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BRASÍLIA – Um dia antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) solicitar mandados de busca e apreensão em endereços ligados a empresários bolsonaristas que escreveram mensagens golpistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) buscou minimizar o episódio e até acusou, sem provas, o caso de ser uma mentira. “Que empresários? Qual é o nome deles? Chega de fake news”, declarou o chefe do Poder Executivo na quinta-feira, 18, durante evento em São José dos Campos (SP).

Na sexta-feira, 19, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que a Polícia Federal realizasse a operação nas residências dos empresários. A ordem foi cumprida nesta terça-feira, 23. A mensagens, reveladas pela coluna do jornalista Guilherme Amado, no site Metrópoles, foram feitas em um grupo de WhatsApp. Um dos empresários chegou a falar que preferia um “golpe” em vez da volta do PT ao governo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial deste ano.

O presidente Jair Bolsonaro em motociata realizada na divisa entre o Acre e Rondônia. Na garupa o empresário Luciano Hang.
O presidente Jair Bolsonaro em motociata realizada na divisa entre o Acre e Rondônia. Na garupa o empresário Luciano Hang. Foto: Reprodução/ Estadão

Moraes é relator do inquérito que apura atos antidemocráticos. O ministro pediu a atuação da PF para saber se os empresários financiaram atos contra a democracia. O ministro já foi alvo de diversos ataques de bolsonaristas e aliados. O próprio presidente já chegou a chamá-lo de “canalha”.

Na quinta-feira passada, Bolsonaro também atacou o jornalista responsável por revelar as mensagens “Guilherme Amado? Você tá de brincadeira. Esse cara é o fim do mundo. É uma fábrica de fake news. Ele acusou o Luciano Hang de dar golpe, é isso? Mostra isso aí. Para de minhoca na cabeça”, disse durante o evento em São José dos Campos.

O empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan.
O empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan. 

Além das buscas e apreensões, Moraes também solicitou a quebra de sigilo bancário dos empresários, o bloqueio das contas bancárias, bloqueio dos perfis nas redes sociais e que eles prestem depoimentos. São alvos os donos do Coco Bambu, Afrânio Barreira Filho, da W3 Engenharia, Ivan Wrobel, da Multiplan, José Isaac Peres, da Barra Wolrd, José Koury, da Havan, Luciano Hang, da Sierra, Luiz André Tissot, da Mormaii, Marco Aurélio Raymundo e da Tecnisa, Meyer Joseph Nigri.

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