Eleições
Por
Alexandre Garcia
O governador Rodrigo Garcia (PSDB-SP) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), no anúncio do apoio do tucano ao candidato à reeleição.| Foto: Reprodução / Facebook
Vocês já pensaram num Senado sem Rodrigo Pacheco na presidência? É o que pode acontecer a partir do ano que vem se ele não for reeleito. A Constituição proíbe reeleição para presidentes do Senado e da Câmara, mas o Supremo já decidiu que quando muda a legislatura eles podem tentar permanecer no cargo. Imaginem só, sem Rodrigo Pacheco e com o general Mourão, com Damares, com Tereza Cristina, com o astronauta Marcos Pontes, com Sergio Moro.
Moro, aliás, apoiou Bolsonaro e já está falando em Lava Jato, assim como Deltan Dallagnol, o mais votado deputado federal pelo Paraná. Está na hora de fazer renascer, ressuscitar a Lava Jato, que o Supremo tentou sepultar. Ao mesmo tempo, estão todos de olho nos requerimentos de impeachment de ministros do Supremo, se a partir do ano vem Rodrigo Pacheco não estiver lá para impedir. É uma enorme mudança.
E na Câmara – nas duas casas, na verdade – aumenta a bancada do agro. A bancada de conservadores, a bancada da direita. As pesquisas de opinião assustaram tanto Bolsonaro, dando-lhe números baixos, na casa de 30%, que ele saiu desesperado em campanha. Resultado: elegeu uma grande bancada para apoiá-lo. Vai ser muito fácil para Bolsonaro, caso ele se reeleja, governar nos próximos quatro anos: ele vai poder passar as leis e reformas que desejar; ao mesmo tempo, será difícil para Lula governar com um Congresso onde ele vai ter minoria.
Essa é a grande mudança de domingo: a força da direita, do centro, dos conservadores na Câmara e no Senado, com grandes e aguerridas figuras aguerridas, com vozes fortes. Claro que a governabilidade vai depender do dia 30, dos resultados do segundo turno. Pode sair vencedor um que vai ter uma governabilidade difícil, ou outro que poderá, enfim, fazer as reformas e mudanças legais que realmente queria, provavelmente com o Supremo tentando ir contra.
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Bolsonaro ganha reforço nos quatro maiores colégios eleitorais do país
Enquanto isso, na corrida pelos votos, o presidente Bolsonaro já saiu na frente de Lula. O petista conseguiu o apoio do PDT de Carlos Lupi, mas não de Ciro Gomes, que até disse que segue o partido, mas nem mencionou o nome de Lula – também, depois de tudo o que Ciro já disse de Lula… E o petista também recebeu o apoio do Cidadania, o antigo Partido Comunista Brasileiro, de Roberto Freire.
Já Bolsonaro está com apoio nos quatro maiores colégios eleitorais do país. Imagine que o governador tucano Rodrigo Garcia, de São Paulo, que ficou fora do segundo turno, anunciou apoio explícito a Bolsonaro e Tarcísio de Freitas: foi a Congonhas para se encontrar com o presidente e tiraram fotos juntos. Deve ter sido um choque para o PSDB, mas Garcia sabe o que está fazendo.
São Paulo é o maior colégio eleitoral do país. No segundo maior, Minas Gerais, Romeu Zema fez a mesma coisa e declarou apoio ao presidente. No Rio de Janeiro, o governador reeleito no primeiro turno, Cláudio Castro, já tinha dado o seu apoio a Bolsonaro, que o estava apoiando. E agora, na Bahia, que é o quarto colégio eleitoral, o candidato ACM Neto, que tem uma grande força na política baiana e foi para o segundo turno na disputa para governador, já disse que está com Bolsonaro e vice-versa, pois Bolsonaro disse a mesma coisa. Esses movimentos são capazes de atrair eleitorado.
Por outro lado, o agronegócio deve estar se perguntando por que Bolsonaro teve menos votos que em 2018 no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul, sendo que se formou agora a maior bancada pró-agro da história na Câmara e no Senado.
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