Eleições

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Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

(Porto Alegre – RS, 10/12/2020) Palavras do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Foto: Alan Santos/PR


Em coletiva, Tarcísio de Freitas disse que inicialmente descarta a ocorrência de atentado, mas destacou que o tiroteio foi mensagem passada por criminosos.| Foto: Alan Santos/PR

Nesta terça-feira, dia 18, é celebrado o Dia do Médico. Estarei pela manhã no plenário da Câmara Federal homenageando os médicos, que foram os sacrificados, os heróis, os criticados – inclusive – e os infectados nessa pandemia. No início, mesmo sem saber como, fizeram de tudo para salvar as pessoas. E logo aprenderam como fazer. O tratamento deu certo. A doutora Lucy Kerr provou isso em Itajaí (SC), com colaboração da prefeitura. Foi um sucesso. Centenas de milhares de vidas foram salvas graças a isso. Por outro lado, milhares morreram também porque não receberam o tratamento. O tratamento foi experimental, assim como a vacina é experimental. Experiências foram feitas e os médicos estavam no front. Eu homenageio até os médicos que só deram dipirona e conduziram as pessoas para a intubação porque eles ou não sabiam, ou estavam com medo, ou estavam sob pressão. Talvez uns poucos estivessem meio fanatizados com certas ideias, mas todos merecem a saudação, o cumprimento, o reconhecimento neste Dia do Médico.

Dia de nascer de novo
A segunda-feira foi dia de o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nascer de novo. Ele esteve sob fogo em Paraisópolis, na cidade de São Paulo. Por estar em um veículo blindado, ele não foi morto. Não sei se houve intenção de matá-lo, se foi um atentado político, se foi uma reação do crime organizado a um veículo que estava entrando em seu território. Mas, de qualquer forma, me lembra muito o que aconteceu em 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora (MG), com a facada desferida por Adélio Bispo. O então candidato a presidente Jair Bolsonaro só foi salvo porque foi atendido imediatamente por excelentes cirurgiões da Santa Casa de Misericórdia. Se Tarcísio estivesse em um veículo sem blindagem, ninguém sabe o que teria acontecido.


Santuários do crime
É lamentável constatar que existem territórios liberados para o crime, apartados das leis brasileiras. São santuários do crime no Rio de Janeiro e em São Paulo principalmente, mas em outras capitais também. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e o próprio Supremo contribuíram para essa situação, proibindo a polícia de entrar em certos lugares durante a pandemia. Isso fortaleceu o crime, que ficou com o poder de deixar entrar um candidato e impedir a entrada de outro candidato. Eles apoiam quem será favorável ao crime, com essa leniência que propicia a existência de áreas liberadas dentro do território brasileiro, áreas onde não vigora a lei brasileira. Então os criminosos tomam partido político, participam da campanha eleitoral.

E aí vem a grande pergunta para a Justiça Eleitoral: Que garantias de voto livre têm os milhares ou milhões de eleitores que vivem dentro dessas áreas dominadas pelo crime? Talvez esses eleitores estejam sendo obrigados a votar naquele cuja vitória interessa ao crime. Eu acho que temos de pensar sobre isso.

Só mostram o público quando interessa
A gente descobre a parcialidade de um meio de informação tradicional pelas fotos. Por exemplo, eu estava examinando fotos de segunda-feira, em São Paulo, de um candidato que estava no palanque lá no bairro de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista. Não tem imagem do povo, só tem foto do candidato a presidente, do candidato ao governo do estado e de seu vice, se não me engano. Não mostram o público. Por quê? Só mostram o público quando tem uma aglomeração atrás dele. Isso acontece todos os dias.

Paraisópolis
Tudo o que se sabe sobre o tiroteio durante evento com Tarcísio de Freitas em São Paulo
Por
Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo


Polícia inicialmente descarta atentado contra Tarcísio de Freitas. Governador Rodrigo Garcia pediu celeridade nas investigações| Foto: Reprodução Facebook

Na manhã desta segunda-feira (17), o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, e sua equipe precisaram deixar às pressas a sede de um projeto social na favela de Paraisópolis, na capital paulista, após a ocorrência de um tiroteio nas imediações do prédio em que o projeto funciona. O candidato estava no local para participar da inauguração do Primeiro Polo Universitário de Paraisópolis.

Inicialmente Tarcísio classificou o episódio como um ataque direto a sua equipe efetuado por criminosos. Em coletiva de imprensa no final da tarde, o candidato do Republicanos afirmou que por ora descartava a ocorrência de um atentado, mas destacou que o tiroteio representou uma tentativa de intimidação por parte do crime organizado, uma mensagem passada pelos criminosos de que sua presença não era bem-vinda naquele local.

A favela de Paraisópolis, localizada na zona sul de São Paulo – uma das mais populosas do país, com cerca de 100 mil habitantes –, sofre com a ampla influência do Primeiro Comando da Capital (PCC) no local.

O primeiro confronto ocorreu por volta 11h40, e o enfrentamento aos criminosos se deu pelos agentes policiais que compõem a segurança da equipe do ex-ministro. Em seguida foram deslocadas tropas das polícias militar e civil para dar suporte. Um dos criminosos envolvidos no tiroteio foi alvejado por policiais e morreu no local. Felipe Silva de Lima, de 27 anos, que era fichado na polícia por roubo, foi levado ao Hospital Campo Limpo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Não houve nenhum outro óbito ou ferimento no episódio.

Imediatamente após a ação, deu-se início à investigação sobre as causas do tiroteio. Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, o secretário de segurança pública de São Paulo, João Camilo Pires, declarou que, pelos dados disponíveis até o momento, não considerava a possibilidade de tentativa de atentado contra o ex-ministro. Segundo Pires, as circunstâncias apontam para a reação de criminosos à presença de policiais que compõem a equipe de Tarcísio. O secretário destacou, entretanto, que nenhuma outra hipótese está descartada até o momento.

A polícia verificará, a partir de agora, imagens de câmeras das ruas e de cinegrafistas e das câmeras corporais dos policiais que as portavam durante a ação. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), pediu agilidade na elucidação dos fatos.

Tarcísio classifica episódio como intimidação a sua presença
Na coletiva desta tarde, o candidato ao governo paulista afirmou que membros de sua equipe de segurança narraram que oito indivíduos em motocicletas rondaram a frente do instituto antes do ataque e fizeram fotos e vídeos da equipe de segurança, além de terem abordado os integrantes com perguntas. Em seguida, os criminosos teriam voltado com armamento e iniciado o tiroteio.

“A gente ouviu a primeira rajada, e a primeira impressão que tive foi de que era algo para intimidar, para dizer ‘vocês não são bem-vindos aqui’. Mas achei que fosse ficar nisso. Mais tarde, a gente começou a ouvir mais tiros e gritaria. Poucos minutos depois, o pessoal começou a gritar ‘abaixa, abaixa, vão atirar aqui’. Até o momento em que uma pessoa entra e diz: ‘tem que tirar ele daqui, porque o problema é ele. Tem que dar um jeito de tirar ele daqui, estão dizendo que vão entrar aqui’”, disse Tarcísio de Freitas.

Haddad diz que repudia a violência
Fernando Haddad (PT), adversário de Tarcísio de Freitas neste segundo turno, evitou pronunciamento oficial sobre o caso. Ao cumprir agenda em São Mateus, zona leste de São Paulo, o candidato foi questionado por jornalistas sobre o caso e disse estar sabendo do ocorrido naquele momento, pelos repórteres. Haddad afirmou repudiar “toda e qualquer forma de violência”, que faz uma “campanha de paz e muito respeitosa” e que sempre tratou seu oponente com respeito.

“Eu repudio toda e qualquer forma de violência. Isso vale para 2018, 2020 e 2022. Sempre trabalhei no campo da dignidade da política, na contribuição com propostas. É assim que tenho me portado desde que entrei na vida pública”, declarou.

Com receio de que o caso impacte eleitoralmente, o deputado estadual Emídio de Souza (PT), coordenador de campanha de Haddad, foi às redes sociais pedir uma resposta rápida por parte da polícia sobre o caso. “Para não dar margem a interpretações equivocadas, a Polícia de São Paulo precisa responder rapidamente se a comitiva de Tarcísio foi atacada, como diz o candidato, ou se foi um tiroteio entre bandidos próximo onde o candidato estava”.

Bolsonaro menciona episódio em propaganda eleitoral
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), aliado de Tarcísio de Freitas, mencionou o tiroteio em seu programa eleitoral na noite desta segunda. “O candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis”, diz a locução da peça.

A propaganda também cita a facada da qual Bolsonaro foi vítima na campanha eleitoral de 2018 e o episódio de violência ocorrido na última sexta-feira (14), quando um homem foi preso em Fortaleza após atirar contra o muro de uma igreja evangélica antes de um evento religioso que receberia a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos).

Pela manhã, o presidente já havia se manifestado sobre o caso envolvendo Tarcísio de Freitas. O chefe do Executivo disse que ainda era cedo para concluir se houve motivação política no confronto. “Recebi um telefonema do Tarcísio, algumas imagens também. Tudo é preliminar ainda, então não quero me precipitar. Se foi uma ação contra a equipe dele, se foi uma ação isolada, se algum conflito já estava havendo ou por haver na região. Então seria prematuro eu falar sobre isso”, apontou.

Ao comentar o caso, Bolsonaro também mencionou o caso de violência em Fortaleza. “O que eu sei é que há poucos dias teve uma ação de dois tiros em uma igreja onde a primeira-dama se faria presente. O elemento foi preso, detido, confessou ser do Comando Vermelho e que os dois tiros foram para intimidar e evitar que muita gente comparecesse a esse evento da primeira-dama com a senhora Damares. Isso está acontecendo, a gente lamenta. Um caso já comprovado que tem a ver com motivação política. O caso Tarcísio ainda não”, afirmou.


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