Gestão pública

Por
Alexandre Garcia


| Foto: Rodrigo Cunha / Arquivo Tribuna do Paraná

Hoje Valdemar Costa Neto, o presidente do Partido Liberal, partido do presidente Bolsonaro, pretende levar à justiça eleitoral um pedido de informações sobre 250 mil urnas que têm o mesmo número de patrimônio, e que aí é impossível identificar urnas, impossível verificar qualquer anormalidade com elas.

São urnas anteriores à geração de 2020. As de 2020 estão mais ou menos isentas de desconfianças. E essas, ao contrário, estão cheias de desconfianças.

Eu fico me perguntando, não seria muito mais simples acatar a decisão do Congresso Nacional, que derrubou um veto de Dilma e manteve a lei que exigia o comprovante impresso do voto? Eu anotei aqui: 368 votos na Câmara e 50 votos no Senado. Deu 72% do Congresso, 418 congressistas contra 8 ministros do Supremo. E ganharam os 8 ministros do Supremo e derrubaram o comprovante impresso do voto. Contrariando a Constituição no Artigo 37, que o serviço público se caracteriza pela publicidade, ou seja, a apuração tem que ser transparente, o voto é sigiloso. Mas, enfim, vai levar lá e o TSE vai ter que dar uma resposta a isso.

Pelo menos está servindo para a gente marcar muito bem o que está escrito no parágrafo único do primeiro artigo da Constituição, que todo poder emana do povo e em seu nome será exercido, por meio de seus representantes ou diretamente. Essa é uma grande questão.

PT não dá ouvidos aos criadores do Plano Real
E uma outra questão, o senador Wellington Dias, falando em nome do PT, disse que não tem jeito, que tem que mudar o equilíbrio fiscal. Aquele controle de contas, que é um compromisso de campanha de Lula. Vão pedir que o Congresso Nacional mude a Constituição e acabe com aquela regra de ouro que está mantendo a inflação controlada em 5%. Parece que não adiantou a fala de Pedro Malan, de Edmar Bacha, de economistas do Plano Real, que querem defender o Plano Real, que nos salvou de uma inflação brutal de 5.000% ao ano. E agora estão querendo derrubar os controles. Dá pena.

Outra coisa, o bloqueio de contas correntes feito pelo ministro Moraes, de muitas pessoas físicas e jurídicas do agro, provocou já a reação dos caminhoneiros e do agro como um todo. Pegou por exemplo a Sipal, que, dizem que é uma das maiores operadoras de grãos do mundo. Pegou Rodobens, que é uma empresa de leasing, que não está metida nisso. Caminhões que estão sob o contrato de leasing, estão lá com o nome da Rodobens, que é a dona do patrimônio.

Bloqueio de Moraes parece ficção do Minority Report
O jurista Fábio Tavares Sobreira leu na Jovem Pan um trecho da decisão de Moraes que diz assim: “Bloqueio de contas urgente diante da possibilidade da utilização de recursos para financiar atos antidemocráticos”. Aí o jurista destaca duas coisas. Ninguém pode ser punido pela possibilidade de fazer alguma coisa. Parece aquela ficção, o Minority Report. E a outra coisa, quem decide se é democrático ou antidemocrático? Eu diria que quem decide é a lei. A Lei 1497 do ano passado diz: “Não constitui crime a manifestação crítica aos poderes constitucionais por meio de passeatas, reuniões, greves e aglomerações”. Então, tem coisas que basta a gente ler a lei. A lei é maior do que as pessoas. A Constituição maior ainda.

Uma outra questão. Agora a gente vê aí no noticiário quem pagou aquele jantar grande, de que participaram seis ministros do STF, mais outros convidados em Nova York, no Fasano, foi o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, que já foi investigado na Lava Jato. Por causa disso, o senador Eduardo Girão, do Ceará, está querendo saber o resto. Quem pagou o resto? Quem pagou passagem, quem pagou diária…

Liberdade de opinião e o recado do caminhoneiro

Aí tem uma empresa do Paraná, a Cargo Lift, elevadora de cargas, pediu para ser retirada da premiação que seria nesta semana, do evento da empresa do João Dória, porque ela defende a liberdade de opinião, e participaram desse evento pessoas que são contra a liberdade de opinião.

E por último, eu queria retransmitir um recado de um caminhoneiro, que achei muito interessante. É muito simples: a gente para e a esquerda continua trabalhando, a esquerda produz, a esquerda transporta, a esquerda colhe, a esquerda planta, a esquerda emprega. Mas a gente vai parar. O país está dividido pela metade, né. Eu achei de uma astúcia esse argumento, esse raciocínio, muito bom. Então, minha gente, vamos esperar os acontecimentos. Valdemar Costa Neto hoje entregando no TSE e o TSE ficando com o compromisso de dar uma resposta.


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