Arnaldo Ribeiro
Eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar tem dois grandes candidatos a vilão
Por Arnaldo Ribeiro
A eliminação precoce da seleção brasileira em mais uma Copa do Mundo tem dois grandes candidatos a vilões. Óbvios vilões. O técnico e o craque. Comecemos pelo técnico. Tite já havia anunciado que sairia do cargo após o Mundial do Catar, com qualquer resultado. E mais uma vez fez uma competição abaixo do esperado como comandante.
Seis anos de trabalho, a queda na mesma etapa (quartas de final) e de novo para um adversário europeu (como ocorreu em 2018, diante da Bélgica, que foi para casa mais cedo). E de novo com algumas falhas semelhantes. Escalação, substituições, decisões.
Tite não virou um técnico de ponta no comando da seleção porque foi mal na hora em que os mais fortes se defrontam. Não parece também ter conquistado mercado no futebol europeu, por exemplo, para onde queria ir após o torneio. Foi dominado pela Bélgica em 2018 no primeiro tempo e não soube dominar a Croácia quatro anos depois – com jogadores melhores à disposição.
A seleção de Tite continuou sendo a seleção de Neymar nesses seis anos sob sua batuta. Evoluiu muito pouco em termos de conjunto, no aspecto coletivo – e também no mental. Sim, no mental. O que a Croácia tem de equilíbrio, o Brasil não tem.
Não deixa de ser curiosa a ausência de psicólogo na comissão técnica da seleção brasileira nesse tempo todo. Inexplicável. As histórias de Tite e Neymar se confundem nas duas últimas Copas com a da seleção brasileira. Na derrota para o Croácia, os dois vão padecer da escolha (ou não escolha) no momento decisivo. Por que Neymar não bateu o primeiro pênalti da seleção brasileira? Decisão de quem?
Qualquer resposta é injustificável. Neymar chegou a dizer também que essa seria sua última Copa do Mundo, depois de três edições, a contar com essa do Catar. Não é uma decisão oficial, diga-se. Mas… Na Copa em que ele se machucou de novo, mas que chegou mais preparado também, esteve a um passo da glória – justamente quando chegou aos 30 anos. Ia decidindo, enfim, uma partida grande com um golaço.
Mas a questão do pênalti… vai pegar. Não ter batido o tiro na decisão, como Sócrates e Zico fizeram, não é algo perdoável ao craque. A questão para Neymar passa a ser outra: e vai além da possibilidade de ele jogar a próxima Copa, em 2026. Qual será a motivação principal para Neymar nessa fase mais derradeira da carreira? Melhor do mundo ele dificilmente será. Além da idade, a geração Mbappé vem atropelando. Aliás, até no PSG, Neymar não é mais a estrela da companhia. O trono é do francês, que foi campeão mundial aos 19 anos com a camisa 10.
O futuro de Tite parece ser mais previsível. Sem proposta tentadora da Europa, pode voltar ao futebol brasileiro. O Corinthians o receberia de braços abertos, numa espécie de resgate – com gosto de prêmio de consolação para o treinador.
Mas e o futuro de Neymar? A Copa mostrou que a seleção ainda não tem um jogador melhor do que ele. Ainda não… Mas a ascensão de Vinícius Júnior e de outros bons jogadores pode também colocá-lo em segundo plano neste aspecto nos próximos anos. E ele tem de estar preparado para isso. Será que está?
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