O que Lula espera com a ida de Haddad, Alckmin e Marina Silva ao Fórum Econômico de Davos
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, durante solenidade de investidura no cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no Palácio do Planalto.


Lula escalou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), para chefiar a delegação do governo brasileiro que irá participar do Fórum Econômico de Davos| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), para chefiar a delegação do governo brasileiro que irá participar do Fórum Econômico de Davos. O evento acontecerá de 16 a 20 de janeiro na Suíça e a delegação vai incluir ainda os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).

Lula não pretende comparecer ao fórum com a justificativa de que vai priorizar a política externa com a América Latina neste primeiro mês de governo. O petista está com viagem marcada para a Argentina, onde irá se reunir com o presidente Alberto Fernández e prestigiar a Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Apesar da ausência de Lula, integrantes do Palácio do Planalto sinalizam que a participação de Alckmin e dos demais ministros no evento de Davos tem como objetivo apresentar ao mundo a nova “cara econômica” do Brasil. O Fórum Econômico é uma vitrine mundial de relacionamento com empresários e governos estrangeiros, com oportunidades de facilitar acordos comerciais entre os países.

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Na questão econômica, aliados de Lula avaliam que o evento pode ser uma espécie de teste de fogo para que Haddad apresente aos empresários seus planos para a economia como forma de atrair investimento estrangeiro para o Brasil. A expectativa é de que o ministro da Fazenda reforce o discurso sobre a responsabilidade fiscal, que até o momento vem gerando desconfiança de setores do mercado financeiro.

Desde que foi indicado para assumir a pasta econômica, Haddad tem buscado acalmar os ânimos dos empresários, mas sem sucesso até o momento. Em seu primeiro discurso como ministro, na última terça-feira (3), Hadadd chegou dizer que não haverá aventuras e nem fará nada “opaco” no ministério. Prometeu uma política econômica “sem remendos”, “malabarismos financeiros”, nem “bala de prata”.

O ministro da Fazenda também anunciou, no dia 12, um plano de medidas de ajuste fiscal para reverter o desempenho negativo das contas do governo. As medidas divulgadas por Haddad pouco surpreenderam o mercado, visto que foram em linha com o que a mídia tinha previamente apresentado.

A expectativa, segundo integrantes do governo, é de que Haddad mantenha o discurso e defenda pontos do projeto de ajuste fiscal em Davos.

Alckmin é escalado para reforçar imagem de Haddad no Fórum de Davos
Na estratégia de acenar para o mercado estrangeiro, Geraldo Alckmin foi escalado por Lula para liderar a comitiva do Brasil no Fórum de Davos. A avaliação de integrantes do Planalto é de que o ministro do Desenvolvimento vai reforçar o discurso de Haddad sobre a responsabilidade fiscal do novo governo.

Ao assumir o MDIC, Alckmin destacou o papel da indústria na geração de empregos, na arrecadação do governo e no desenvolvimento de novas tecnologias. O ministro afirmou que o Brasil passou por um processo “precoce” de desindustrialização e defendeu a reindustrialização do país.

“A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sobre prisma o da justiça social”, afirmou Alckmin.

Integrantes do governo avaliam que a presença de Alckmin em Davos será determinante nessa estratégia de atrair investimentos internacionais para o Brasil. O ministro pretende ainda apresentar a estrutura de seu ministério, que conta sob o seu guarda-chuva a Câmara de Comércio Exterior (Camex), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O nosso governo será da conciliação entre estado e setor privado que resultará a ampliação da integração do Brasil ao mundo”, afirmou Alckmin durante sua cerimônia de posse.

Marina Silva vai em busca de investimentos da chamada “economia verde” 
Assim como Haddad e Alckmin, Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, vai integrar a comitiva do governo no Fórum Econômico de Davos com o objetivo de buscar investimentos para a chamada “economia verde”. A expectativa do Planalto é de a imagem da ministra seja uma forma de atrair investimentos internacionais focados na agenda ambiental.

Entre as sinalizações, Marina vai defender que a regulamentação do mercado de crédito de carbono vai estar expressa no projeto de reforma tributária do governo. Líderes do governo indicam que a reforma tributária será uma das prioridades de Lula junto ao Congresso Nacional para 2023.

“Eu já tinha convite para participar do Fórum [antes de receber o convite para o Ministério de Lula] e agora isso ganha dimensão de governo. Nós vamos fazer o mesmo que fizemos na COP. Vamos mostrar a face do Brasil que quer desenvolvimento, mas com compromisso ambiental”, defendeu a ministra do Meio Ambiente. Marina integrou a comitiva de Lula que participou da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), no Egito, em novembro do ano passado.

Para integrantes do governo, o trio de ministros terá peso impressionar pares internacionais e trazer para o Brasil investimentos perdidos nos últimos anos. Alckmin tem indicado que o seu ministério e o de Haddad irão atuar junto com a pasta de Marina Silva para buscar novos mercados para produtos brasileiros e valorização da imagem do Brasil como “potência agroambiental”, mas que também exporta aeronaves, máquinas e serviços de tecnologia da informação.

“O papel do ministério não é ser entrave a justas expectativas de desenvolvimento econômico, mas de um facilitador sem perda de qualidade para que essas demandas sejam atendidas com a necessária proteção”, defendeu a ministra do Meio Ambiente.


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