Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo
| Foto: EFE/ Andre Borges.
E a monumental CPI que iria abalar o Brasil com suas investigações sobre os distúrbios do dia 8 de janeiro em Brasília? Até cinco minutos atrás, o governo Lula, os extremistas de esquerda e os aproveitadores de sempre estavam encantados com a CPI – mais uma oportunidade de linchar os adversários num espetáculo histérico de circo, como fizeram com a covid e sempre fazem quando acham que podem tirar proveito dos pelotões de fuzilamento que montam no Congresso. Já tinham as assinaturas necessárias; o presidente do Senado já tinha corrido para dizer que era a favor. Desta vez a grande ambição era acusar o ex-presidente Jair Bolsonaro, e sabe lá Deus quem mais, pela invasão e depredação dos edifícios dos Três Poderes. De repente, por milagre, os linchadores desistem do linchamento. Sofrem, todos eles, um súbito acesso de espírito publico e desistem do massacre que tinham acabado de armar. Lula não quer mais a CPI. Pronto: a CPI está morta e enterrada.
“O que você pensa que a gente vai ganhar com uma CPI?”, perguntou Lula. “Uma comissão de inquérito pode criar uma confusão tremenda. Nós não precisamos disso”. Não precisam mesmo – nem um pouco. O presidente, ao passar o atestado de óbito da CPI dos “atos antidemocráticos” foi direto ao centro do alvo: ele não tinha nada a ganhar com qualquer investigação-show sobre o que de fato aconteceu na baderna. É exatamente o contrário: só teria a perder, desde que ficou claro que o seu governo, e talvez ele mesmo, tinham pleno conhecimento de que haveria manifestações violentas naquele dia – e não tomaram nenhuma medida séria para impedir a baderna. Há muita coisa mal contada na história toda; é mais lucrativo, aí, mostrar-se a favor da paz e evitar eventuais balas perdidas. Não dá, de fato, para atirar em Bolsonaro e acabar acertando sabe-se lá quem, certo? “A CPI pode ser um elemento de confusão, de desagregação e de divisão”, disse um deputado-estrela do PT.
Lula não quer mais a CPI. Pronto: a CPI está morta e enterrada
“Divisão?” E desde quando os radicais do PT e outros agitadores que controlam o governo estiveram interessados em unidade? É o oposto: junto com Lula, pregam a divisão o tempo inteiro, e não abriram mão, até agora, de tratar como inimigos a serem destruídos os 58 milhões de brasileiros que votaram no adversário na última eleição. Tudo bem; melhor assim. A vida real talvez comece a mostrar, para o bem de todos, que esse grito de guerra permanente não é o melhor caminho para o governo – na verdade, pode nem ser um caminho viável. Nesse sentido, o cavalo-de-pau da CPI, apesar da hipocrisia que reveste a coisa toda, é um fato positivo para o Brasil: vai evitar tensões, tumultos e novos surtos de ódio, num momento em que o país não precisa de absolutamente nada disso, e sim de tranquilidade para levar a vida adiante.
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