Crime
Não foi o Bolsonaro
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Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips.| Foto: Divulgação/Funai/Reprodução/Twitter.
Hoje é aniversário de São Paulo e eu começo dando um susto no meu amigo paulistano, cujo prédio já foi invadido várias vezes pelo MTST. Um coordenador ativista do MTST em São Paulo vai comandar a Secretaria Nacional de Políticas para Territórios Periféricos. Pelo tamanho do nome, já resolve a situação. Está vinculado ao Ministério das Cidade. É Guilherme Simões o nome do novo secretário, que mora em São Paulo. O ministro das Cidades, para quem não sabe, é o filho de Jader Barbalho, o Jader Filho.
“Colômbia” matou Bruno Pereira
Outra novidade é que fizeram um barulho imenso para culpar o governo da morte do inglês Dom Philips e do Bruno Pereira, e agora a Polícia Federal concluiu o inquérito. O mandante é um traficante chamado “Colômbia”, que dominava também a pesca naquela área.
E agora como é que ficam as acusações vazias da mídia brasileira? Será que as pessoas atingidas vão lembrar de contratar um belo advogado e entrar na Justiça para conseguir bela indenização?
Maduro condenado
Agora mesmo um juiz federal dos Estados Unidos condenou Maduro, um cartel de droga, o presidente do Supremo da Venezuela, o ministro da Defesa da Venezuela, o procurador-geral da Venezuela. Isso porque prenderam esse advogado e ele ficou 878 dias na prisão. Depois, ele pegou a lei antiterror dos Estados Unidos, fez a queixa e deu certo.
O juiz condenou toda essa gente, inclusive Maduro, a indenizar o advogado, a mulher dele e os dois filhos pelo que passaram, por danos morais pelos 878 em que ele esteve preso. O total das indenizações equivale aqui no Brasil a R$ 800 milhões. Aí vocês podem perguntar como é que vão cobrar. Eles vão procurar no território americano depósitos dessa gente nos bancos, buscar os bens patrimoniais, e tudo será confiscado para pagar a indenização.
Exonerações em áreas indígenas
Foram exonerados 11 coordenadores distritais sanitários de áreas indígenas. Pode ser que eles ficaram lá sem atender ninguém, mas e se eles tentaram chegar nas aldeias e não conseguiram? Porque eles estão alegando que a Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde nem sempre consegue descobrir uma aldeia Yanomami. E quando chega, a notícia vai rápido, atravessa a fronteira para a Venezuela, e então todo mundo fica sabendo que está havendo auxílio médico, distribuição de alimentos do lado brasileiro.
É quase como uma Operação Acolhida e o pessoal da Venezuela vem para o Sul entrar no território brasileiro – afinal, há dois territórios Yanomami. A soma dos territórios é igual à soma do estado de Pernambuco com o estado Santa Catarina, onde vivem quinze milhões de brasileiros. Lá vivem trinta e cinco mil índios, que estão numa situação de desnutrição que eu não consigo entender.
Só pra lembrar, a mesma coisa que aconteceu com esse Dom Phillips, está acontecendo agora. Parece que tudo aconteceu nos últimos quatro anos. Aconteceu, sim, nos últimos quatro anos, mas também nos penúltimos e nos antipenúltimos, e nos outros e outros.
Falta neurônio
Vocês lembram, tem memória da CPI dos Yanomami? Em 2007, com o governo Lula iniciando o seu segundo mandato. Era a mesma situação: morrendo criança, subnutrição. Passaram-se aqueles quatro anos, os quatro anos de Dilma, os outros quatro anos de Dilma e Temer, os quatro anos de Bolsonaro e a situação está aí.
Nós não soubemos como resolver uma situação, num território imenso, que iguala Santa Catarina e Pernambuco, mas que tem uma população ínfima, de trinta e cinco mil pessoas. Como é que não consegue resolver? Trinta e cinco mil pessoas dos dois lados da fronteira. São essas coisas que acontecem no nosso país que são difíceis de entender. Será que é falta de neurônio para a gente resolver essas coisas tão óbvias e evidentes?
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