Considerado pelo governo turco como o pior tremor desde 1939, terremoto de magnitude 7,8, seguido de um outro tremor de magnitude 7,6, matou mais de 2 mil pessoas
Foto: Imagem aérea mostra destruição na Turquia após o terremoto. (Foto: AA via Abier-Twitter/Screenshot)
Israel está enviando ajuda humanitária à Síria e à Turquia depois que um terremoto de magnitude 7,8 atingiu os dois países nesta segunda-feira (6). A assistência foi anunciada pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu no mesmo dia, e as forças israelenses estão sendo mobilizadas para oferecer apoio às vítimas. Esse tremor foi considerado pelo governo turco o pior desde 1939 na região, e foi tão forte que ao menos outros 40 tremores menores – chamados de réplicas – o sucederam, incluindo um outro terremoto de magnitude 7,6. Até o momento foram contabilizadas mais de 2 mil mortes decorrentes do desastre.
Apesar de Israel considerar a Síria como um Estado hostil e não manter relações diplomáticas com o país, as Forças de Defesa de Israel (IDF) já realizaram uma grande operação humanitária para ajudar civis durante o período da guerra civil síria. Desta vez, Netanyahu disse que Israel recebeu pedidos por meio de canais diplomáticos para fornecer socorro aos feridos no terremoto, e que foi estabelecida uma investigação entre os militares e outros órgãos de segurança israelenses para que essa ajuda fosse oferecida. De acordo com a imprensa local, o pedido de suporte veio da Rússia e Israel planeja enviar tendas, remédios e cobertores para a Síria.
Netanyahu também enviou condolências aos cidadãos da Turquia e disse que, a pedido do governo turco, instruiu equipes de extração, resgate e socorro médico. Após uma reunião no Ministério das Relações Exteriores de altos funcionários do IDF, Conselho de Segurança Nacional, Ministério da Defesa e Ministério da Saúde, foi anunciado que Israel enviará duas missões de socorro à Turquia nas próximas 24 horas: a primeira, de primeiros socorros, sairá nas próximas horas, e uma equipe maior partirá na terça-feira. A decisão foi tomada em uma reunião no Ministério das Relações Exteriores de altos funcionários do IDF, Conselho de Segurança Nacional, Ministério da Defesa e Ministério da Saúde.
Eynat Shlein, chefe da MASHAV, a agência de ajuda nacional de Israel, voou para a Turquia na manhã desta segunda-feira, e o United Hatzalah de Israel, serviço médico de emergência voluntário israelense com sede em Jerusalém, disse que estava se preparando para enviar uma missão de socorro à Turquia em coordenação com os ministérios das Relações Exteriores, Defesa e Saúde.
Os serviços de emergência Magen David Adom disseram em comunicado que estiveram em contato com seus colegas turcos no Crescente Vermelho e “ofereceram assistência médica e humanitária”, e que seus profissionais também “estão acompanhando de perto o desastre do terremoto na Turquia e estão preparados para fornecer qualquer assistência que seja necessária”.
O Comando de Frente Interna da IDF é enviado regularmente ao redor do mundo para ajudar em desastres naturais, incluindo terremotos, incêndios florestais, inundações e desabamentos de edifícios. Um exemplo é o envio de 122 médicos e paramédicos para auxiliar os sobreviventes do terremoto que ocorreu em Nepal, no ano de 2015. Mais recentemente, Israel enviou uma equipe para Surfside, Flórida, em 2021, que ajudou a liderar esforços de resgate em um colapso mortal de um condomínio, e já em 2022, Israel enviou aviões de combate a incêndios para combater um incêndio florestal no norte de Chipre, com apoio da Turquia, e participou de missões semelhantes na Grécia e em Chipre nos últimos anos.
De acordo com André Lajst, cientista político especialista em Oriente Médio e presidente executivo da StandWithUs Brasil, o que mobiliza Israel a prestar essa assistência humanitária sempre que necessário é um conjunto de fatores que funcionam em harmonia: “Ajudar o próximo é parte da cultura judaica. Israel conta com muitas ONGs e associações da sociedade civil que possuem milhares de voluntários, nas áreas de educação, medicina, segurança, e outros setores, com milhares de voluntários dentro do próprio país e que servem à própria população de Israel. Isso acaba sendo exportado quando há crises humanitárias, como enchentes, desabamentos ou deslizamentos de terra em algum lugar. Normalmente, por Israel ter experiência e know-how e já possuir um sistema cultural de voluntariado, surge essa vontade de ajudar outros países, sejam eles vizinhos ou não. Isso ajuda a mostrar a imagem verdadeira do país — que muitas vezes é deturpada por agências e mídias nacionais e internacionais — que é de ajudar outros países, inclusive aqueles que não mantêm relações diplomáticas com Israel”.