Investigação
Por
Guilherme Grandi – Gazeta do Povo
Gonçalves Dias falou por mais de quatro horas à PF sobre imagens da invasão ao Palácio do Planalto no 8/1, e GSI pode ter mudanças.| Foto: André Coelho/EFE
O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, prestou depoimento à Polícia Federal nesta sexta (21), em Brasília, sobre as imagens da invasão ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro em que aparece circulando entre os manifestantes.
O depoimento durou pouco mais de quatro horas e o ex-ministro não deu declarações à imprensa. O depoimento de Gonçalves Dias foi pedido nesta quinta (20) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o vazamento das imagens, que estavam sob sigilo nas investigações que apuram as responsabilidades pelos atos de 8 de janeiro, que culminaram com a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes.
Segundo declarações do ex-ministro dadas em depoimento, divulgadas pela GloboNews e pela Folha de São Paulo no começo da noite, Gonçalves Dias afirmou que não tinha conhecimento da classificação de risco dada pelas autoridades para o dia dos ataques, que houve um “apagão geral do sistema pela falta de informações para a tomada de decisões” e que não tinha como deter sozinho o grupo de invasores.
Gonçalves Dias diz que chegou ao Palácio do Planalto por volta das 14h50 e viu a multidão “conseguir superar o bloqueio da PMDF [Polícia Militar do Distrito Federal] e partir em direção” à sede do Poder Executivo, pela frente do prédio e pela lateral, superando outra barreira formada pelo pelotão do Exército. Ele segue no depoimento relatando o avanço dos manifestantes sobre os policiais e que pediu reforço para o General Dutra, mas que não viu se o pedido foi atendido – disse que, ao final da operação, o contingente era de 487 militares e de 520 policiais militares.
“Ao entrar no prédio do Palácio do Planalto, se dirigiu ao 4º andar e verificou que havia invasores e estavam sendo retirados por agentes do GSI e, após descer para o 3º andar, fez uma varredura e encontrou outros invasores na sala contígua e conduziu essas pessoas à saída, após a porta de vidro”, relata um trecho do depoimento.
O ex-ministro disse à PF que solicitou ao coronel Vandeli a presença da tropa de Choque da PM para prender os envolvidos. Indagado pelo motivo de não ter feito prisões nos 3º e 4º andares do Palácio, Gonçalves Dias disse que “estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agendes de segurança no 2º piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo”.
“O declarante não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão das três pessoas ou mais que encontrou, sendo que um dos invasores encontrava-se altamente exaltado”, relata outro trecho do depoimento.
O ex-ministro disse, ainda, que não deu ordem para “evacuar os invasores do prédio, mas se por ventura algum de seus subordinados deu essa ordem, não foi de seu conhecimento”. Ele afirmou, ainda, que deu ordem de prisão e que “foram efetuadas mais de 200”.
A Polícia Federal indagou Gonçalves Dias sobre a imagem que mostra o major José Eduardo Natale de Paula Pereira entregando uma garrafa de água a um dos manifestantes, e ele respondeu que o ato “deve ser analisado pelas circunstâncias do momento os motivos do major, mas que se tivesse presenciado, o teria prendido”.
Ele relatou, ainda, que as imagens divulgadas têm um “corte e edição na gravação de aproximadamente 30 minutos, ficando claro que não estava no mesmo tempo em que ele entregou a garrafa de água”, disse. Gonçalves Dias afirmou, ainda, que entregou todas as imagens do circuito de segurança às autoridades e que todas as pessoas que aparecem nos vídeos do 3º piso do Palácio do Planalto já foram identificadas e os nomes entregues ao STF.
Em declaração reservada à TV Globo após o depoimento, Gonçalves Dias disse que “o comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa. Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 8 de janeiro”.
Em declaração reservada à TV Globo após o depoimento, Gonçalves Dias disse que “o comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa. Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 8 de janeiro”.
Na decisão que pediu o depoimento de Gonçalves Dias, Moraes considerou como “gravíssimas” as imagens, e que “indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”.
Além do interrogatório, Moraes cobrou da PF todas as imagens de câmeras, inclusive as do Palácio do Planalto, bem como as perícias e providências tomadas sobre elas – essa determinação foi feita no próprio dia 8 de janeiro. Moraes ainda pediu informações sobre depoimentos de militares do Batalhão da Guarda Presidencial, que fazem a segurança da Presidência – essa ordem foi dada no dia 27 de fevereiro.
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