História por Tiago Mali • Poder360
Ao menos 112 pessoas que disputaram as eleições de 2020 e 2022 pelo PT ocupavam até maio cargos no governo federal.
Os dados fazem parte de levantamento do Poder360 que mostram 358 políticos que disputaram as últimas eleições em cargos e funções comissionadas.
PT lidera a distribuição de cargos comissionados© Fornecido por Poder360
O fato de esses funcionários terem disputado as últimas eleições por uma sigla não significa que ainda estejam vinculados à legenda. Entretanto, a disputa em uma agremiação é um indicativo de orientação política do funcionário.
Evolução
O PT ganhou 90 ex-candidatos em cargos comissionados do governo a mais do que tinha em dezembro de 2022. No último mês do governo Bolsonaro, a sigla tinha 22 cargos. Agora, foi a 112. O PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin vem bem atrás, com 15 políticos a mais na Esplanada do que tinha antes.
Os partidos com mais políticos na Esplanada são:
- PT – 112;
- PSB – 29;
- PSD – 26;
- PC do B – 21;
- União Brasil – 20.
O levantamento também calculou o número de cargos comissionados entre os ex-candidatos em dezembro, no último mês do governo Bolsonaro. Naquele momento, eram 207 ocupantes que haviam participado das últimas duas eleições.
É possível que o número mais baixo se deva, no entanto, ao fato de o governo estar no fim, com vários políticos já tendo deixado seus cargos na Esplanada.
Centrão deve aumentar
PC do B, Psol e Rede, partidos de tamanho pouco expressivo, estão entre os que mais ganharam cargos de dezembro a maio. O PSD quase dobrou a presença no governo em relação a dezembro de 2022.
Os partidos do Centrão tem variação menor. O PP ganhou 3 cargos em relação a dezembro. Tem 15 políticos em cargos no Executivo. O PP tem 49 deputados federais, mas tem menos cargos que legendas pouco expressivas na Câmara, como PC do B, Psol, PV e Rede.
O União Brasil, embora tenha 2 ministros, perdeu 4 cargos. O número, porém, deve ser lido com cautela.
O levantamento optou por considerar como União Brasil funcionários que disputaram as eleições de 2018 pelo PSL e pelo DEM, siglas que se fundiram depois no União Brasil. Não é possível saber, no entanto, se permanecem no partido ou fizeram a migração para o PL, por exemplo.
O cenário deve mudar em relação a partidos do Centrão nos próximos meses.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na última 4ª feira (19.jul.2023) que oferecerá o que achar necessário ao Centrão para ter “tranquilidade no Congresso”.
André Fufuca (PP-MA), cotado para ficar com o Ministério de Portos e Aeroportos, e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), indicado para o Ministério dos Esportes, conversaram com Alexandre Padilha (Relações Institucionais) na 3ª feira (18.jul) sobre a possibilidade de integrar o governo.
Por ministério
No Ministério da Educação, são 17 postos ocupados por pessoas que disputaram cargos pelo PT nas últimas eleições. O PC do B (9 cargos) é o 2º com mais postos nesse ministério, seguido por Podemos e PSD, com 8 cargos comissionados.
Educação é o ministério com mais ex-candidatos em cargos© Fornecido por Poder360
O PT também lidera em número de cargos em outros órgãos, como o Ministério da Saúde (9), a Presidência da República (19) e o Mapa (Ministério da Agricultura), com 25.
No caso do Mapa, o número também reflete a estrutura antiga da Esplanada de Bolsonaro, quando os cargos do atual Ministério do Desenvolvimento Agrário, comandado por Paulo Teixeira (PT-SP), estavam todos dentro da Agricultura.
Há ministérios em que é possível constatar a ida de políticos com predominância de algum partido:
- Ciência e Tecnologia – comandado por Luciana Santos (PC do B-PE), tem 6 ex-candidatos (incluindo a própria Luciana). Desses ex-candidatos em cargos no ministério, 4 são do PC do B;
- Desenvolvimento Regional – são 13 políticos, sendo 3 do MDB, 2 do PSD e 2 do PSD;
- Justiça – dos 12 ex-candidatos, 5 são do PC do B, partido do ministro Flávio Dino.
Nomeação é legal
Não há nada de ilegal na nomeação de pessoas para cargos de confiança. O fato de indicados terem disputado cargos públicos e terem sido filiados a partidos políticos tampouco é impedimento.
Governos costumam trazer ao governo integrantes dos seus grupos partidários para implementar as políticas que desejam, além de abrir espaço a outros partidos políticos para conseguir aprovar propostas no Congresso.
Acesse aqui a relação de quem se candidatou nas últimas eleições e ocupa cargos comissionados no governo. É possível que mudanças recentes não tenham sido contempladas ainda nos arquivos do governo e que alguns políticos que têm registros diferentes no TSE e na folha do governo federal não tenham sido identificados.
Metodologia
O Poder360 cruzou os registros eleitorais de 2020 e 2022 com as folhas de pagamento do governo federal. A análise inclui ministros e ocupantes de cargos e de funções comissionadas, de qualquer nível salarial.
O fato de ter participado de uma eleição por um partido não significa que o funcionário público ainda esteja vinculado a ele. No caso de quem participou das duas últimas eleições, foi considerada só a filiação partidária mais recente (2022). Há certamente outros filiados a partidos em cargos no governo, mas, desde 2021, o TSE barrou a divulgação da lista de filiados às legendas.
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