Juliano Righetto – Quora
Você saltou de um avião em chamas a vinte mil pés, sem paraquedas. Por sorte você sabe se guiar pelo ar conforme cai, então é capaz de mirar o lugar onde vai cair. Onde você miraria, e por quê?
Uma das respostas a esta pergunta em inglês citou quatro pessoas que sobreviveram a cenários parecidos com este, mas como o autor não detalhou o que aconteceu, resolvi fazer isto, já que são histórias muito interessantes…
O primeiro se chama Nicholas Alkemade, um tripulante de um bombardeiro britânico na Segunda Guerra Mundial. Seu avião atacou Berlim mas, na volta, foi alvejado por um caça alemão e pegou fogo. O piloto e outros tripulantes morreram. Ele, que estava na metralhadora de cauda, foi pegar seu paraquedas para saltar, mas viu que também estava em chamas. Escolheu morrer na queda ao invés de queimado. Por pura sorte (era noite, não dava para ver nada), ele caiu em um pinheiro, que amorteceu sua queda, e depois na neve fofa e profunda. Sofreu apenas leves arranhões e um joelho torcido! Os oficiais alemães que o capturaram não acreditaram em sua história, tiveram que ver o suporte do paraquedas não-utilizado para finalmente aceitarem que o que Nicholas disse era verdade!
Já Vesna Vulović foi uma comissária de voo que estava sentada e com os cintos atados quando seu avião, um DC-9, explodiu sobre a República Tcheca, em 1972. Vesna estava ao fundo do avião, na cauda, que caiu também na neve fofa na lateral de uma montanha. Apesar de ter ficado um bom tempo em coma e ter tido paralisia temporária, Vesna sobreviveu sem sequelas e mantém, até hoje, o recorde de altura de uma pessoa que sobreviveu à queda de um avião: 10.160 metros (33.330 pés).
Ivan Chisov era um tenente-coronel de um bombardeiro russo durante a Segunda Guerra Mundial. Seu avião foi alvejado pela Luftwaffe, e ele foi forçado a saltar a vinte e três mil pés. Como, nesta altura, a batalha corria solta, ele resolveu deixar para abrir o paraquedas quando estivesse mais baixo… Mas desmaiou, por causa do ar rarefeito. Como caiu na neve fofa, Ivan foi encontrado vivo por soldados russos e, apesar de ter quebrado vários ossos e até mesmo a espinha, após extensivos cuidados médicos voltou a voar em bombardeiros.
A última história que tenho a contar é a da Juliane Koepcke, peruana que caiu de um Electra quando tinha apenas quatorze anos de idade. Foi a única dos quatro que não caiu na neve… Seu avião se partiu em cima da floresta amazônica. Assim como Vesna, ela estava com seu cinto afivelado e caiu amarrada à cadeira. Sobreviveu, quebrando apenas a clavícula, sofrendo um corte no braço direito e ferimentos no olho direito. Sua mãe, que a acompanhava, também sobreviveu à queda, mas morreu alguns dias depois. Juliane comeu tudo o que encontrou nos destroços do avião, até que resolveu seguir um rio para procurar ajuda. Encontrou uma casinha com um barco e se abrigou por lá, até que, no dia seguinte, foi encontrada por pescadores.
Então, ao analisar os quatro casos… O que eu faria seria procurar NEVE, o que é tãããããããããão fácil aqui no Brasil… Ou, então, procurar árvores altas, um pouco mais comuns por esta parte do mundo. E, definitivamente, eu não procuraria cair no mar. A água é péssima para amortecer quedas de tão alto.