Petistas chegam juntos a Johannesburgo onde chefes de Estado e de governo do bloco vão discutir adesão de novos países e formas de reduzir a dependência do dólar, com moedas nacionais ou uma unidade comum

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Por Felipe Frazão – Jornal Estadão

ENVIADO ESPECIAL / JOHANNESBURGO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta segunda-feira, às 10 horas, em Johannesburgo, na África do Sul, para participar da 15ª Cúpula dos Brics, o bloco que ele ajudou a fundar junto a líderes políticos da Rússia, Índia, China e África do Sul. Lula foi o primeiro chefe de Estado dos membros atuais do Brics a chegar ao país. Ele foi recebido com honras no Aeroporto OR Tambo.

A viagem marca o retorno de fato de Lula ao continente africano, no momento em que ele planeja dar nova prioridade à aproximação política e econômica com os 54 países africanos. Lula já afirmou que o momento é de atualizar a política externa brasileira para o continente e explorar oportunidades de parcerias, investimentos, comércio e cooperação técnica.

Lula não participa de cúpulas do Brics desde 2010, quando Brasília recebeu a segunda edição e o bloco ainda se chamava apenas Bric, sem a adesão sul-africana. Agora na 15ª Cúpula, o Brasil e os quatro países do grupo encaram o debate e pressões chinesas justamente sobre apoiar ou não a expansão.

Lula desembarca na África do Sul para participar da Cúpula do Brics; ex-presidente Dilma Rousseff estava no avião presidencial
Lula desembarca na África do Sul para participar da Cúpula do Brics; ex-presidente Dilma Rousseff estava no avião presidencial Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Embora 23 países tenham formalizado pedido de ingresso, se a expansão for autorizada deverá abarcar ao menos cinco integrantes novos, provavelmente a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.

Outro asunto que marca a reunião dos Brics é a discussão sobre alternativas para reduzir a dependência do dólar em transações internacionais, com uso de moedas locais ou ainda a criação de uma nova comum ao bloco, apenas para comércio.

A Presidência da República não divulgou compromissos oficiais de Lula nesta segunda-feira, mas a agenda pode mudar a qualquer momento. Lula e comitiva seguem para o hotel The Leonardo, na região de Sandton.

O presidente avalia pedidos de reuniões bilatarais e deve encontrar os líderes políticos do Senegal e de Bangladesh – este último país aguarda uma decisão sobre possível adesão ao grupo do Brics e já é membro do Novo Banco de Desenvolvimento, o NDB, criado pelos países do bloco em 2014. O encontro com Bangladesh, já confirmado, vai ocorrer no dia 24, com a primeira-ministra Sheikh Hasina.

No dia 22, ele grava o programa Conversa com o Presidente, participa do Diálogo do Fórum Empresarial do Brics e do Retiro dos Líderes. Lula vai à sessão plenária e à sessão ampliada da 15ª Cúpula dos Brics no dia 23. No dia 24, antes de se deslocar a Angola, Lula interage com países convidados – parte deles interessada fazer parte do bloco – nas duas sessões do Diálogo de Amigos dos Brics.

O presidente foi recebido pela chanceler sul-africana Naledi Pandor e assistiu a uma breve apresentação de dança tribal, na pista do aeroporto. Lula desceu do avião ao lado da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e da ex-presidente da República e atual presidente do NDB, Dilma Rousseff.

Acompanham Lula na comitiva brasileira os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, além do assessor especial da Presidência Celso Amorim. Haddad também planeja uma agenda própria em Johannesburgo e deve se reunir com os ministros das finanças da África do Sul e da Argélia.

A previsão da África do Sul é que o presidente chinês, Xi Jinping, desembarque ainda nesta segunda-feira, dia 21, em Johannesburgo. Ele tem uma visita de Estado agendada com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, deve chegar somente nesta terça-feira, dia 22. Ameaçado com uma ordem internacional de prisão, o presidente russo, Vladimir Putin, vai participar da cúpula por videoconferência, à distância.

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