História por Redação Itatiaia
Produtores brasileiros de leite querem reduzir a importação do produto para o Brasil. Segundo eles, a entrada “desenfreada” de lácteos estrangeiros está impactando negativamente o mercado interno e pode gerar a falência de produtores nacionais, alta de preços e desabastecimento. Por iniciativa da Frente Parlamentar dos Produtores de Leite, o setor se reuniu na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (16). Segundo Marcelo Candiotto, presidente da CCPR, maior cooperativa captadora de leite do país, as importações dos principais derivados, como leite em pó, creme de leite e manteiga triplicaram em junho. Com o aumento da oferta desses produtos no mercado interno, os preços dos produtos brasileiros caem, tornando a produção inviável, de acordo com ele.
Desabastecimento
O representante do setor explica que, se houver falência de produtores brasileiros, pode ocorrer um efeito cascata, já que diminui a oferta de lácteos no mercado e a consequência é a alta de preços para o consumidor. “O produtor não aguenta mais. Nós estamos correndo risco. O risco é que o produtor parar, ele não consegue voltar para a atividade rapidamente e o risco muito grave é o risco de desabastecimento. Aí nós vamos ter o leite no supermercado como nós já tivemos, um leite a R$ 9 que a população também não consegue adquirir”, adianta o gestor.
Entrada ilegal
A cadeia produtiva nacional reivindica o aumento da fiscalização para conter uma suposta entrada ilegal de produtos no Brasil. “O produtor de leite está sendo prejudicado, está recebendo preços aviltados do seu produto e, na verdade, o pequeno, médio e o grande produtor estão passando uma grande dificuldade. Existem algumas reivindicações dos produtores que o governo, em parte, já começou a atender porque existe uma suspeita de uma triangulação, que esse leite está entrando pelo Uruguai. Uruguai não tem esse volume todo que ele está exportando para o Brasil, existe a suspeita da triangulação. A outra suspeita que existe é que esse leite pode ser reidratado ao entrar no país. Então isso é uma coisa que o Ministério já demonstrou a intenção de fazer a fiscalização”, explicou.
Frear importações
No entanto, segundo ele, a solução, seria frear as importações com adoção de medidas de proteção, como cotas para importação, inclusive de parceiros comerciais do Mercosul. “No nosso entendimento a grande ação que o governo tem que tomar é um basta nas importações de leite”, dispara Candiotto. “Esses problemas já foram resolvidos em governos anteriores até com uma suspensão das importações imediatas, com a criação de cotas, com a taxação, a gente sabe que o Mercosul é um mercado sensível, mas isso não significa que não podemos tomar nenhuma ação. O produtor da Argentina, principalmente, está tendo subsídios já constatados aí por todos no litro de leite recebido e no valor que ele compra o milho e a soja. Então, nós queremos que haja pelo menos a igualdade, que o produtor brasileiro não seja prejudicado. E mais uma vez, o produtor não aguenta mais essas importações desenfreadas”, completou Candiotto.