Embarcações custam até 7 milhões de dólares

Apenas barcos com pelo menos 36 metros de comprimento podem acomodar um submarino, que normalmente pode ser comprado a partir de US$ 2 milhões

Por Ephrat Livni – Jornal Estadão

THE NEW YORK TIMES – LIFE/STYLE – Charles Kohnen, cofundador do fabricante de submersíveis SEAmagine Hydrospace, estima que existam 200 embarcações tripuladas em todo o mundo. Algumas são utilizadas por instituições científicas, outras para turismo. Mas um número crescente pertence a um seleto grupo de proprietários de iates.

Embora uma passagem a bordo de um passeio de submersível, como aquele que terminou em tragédia este ano a caminho do naufrágio do Titanic, seja muito cara para a maioria das pessoas, possuir um submersível requer outro nível de riqueza e infraestrutura náutica.

Apenas iates suficientemente grandes – pelo menos 36 metros – podem acomodar um submarino, que normalmente custa entre US$ 2 milhões e US$ 7 milhões (sem incluir o custo de um guindaste para baixá-lo, a lancha necessária para embarcar e serviços como cartografia e guias que podem custar cerca de US$ 15.000 por dia).

“Não é como um carro sofisticado”, disse Kohnen. “É mais como uma espaçonave de US$ 5 milhões.”

Milionários estão comprando as embarcações com objetivos diversos: turismo, diversão, exploração do fundo do  mar...
Milionários estão comprando as embarcações com objetivos diversos: turismo, diversão, exploração do fundo do mar… Foto: Triton Submarines via The New York Times

Assim como ter um helicóptero e uma plataforma de lançamento em um iate era uma moda na década de 1980, disse Kohnen, ter um submersível próprio tem sido cada vez mais importante para os ricos.

Ofer Ketter, cuja empresa, SubMerge, atende proprietários de submarinos, vê uma tendência semelhante. “Você tem um megaiate, um superiate – um submersível se torna a próxima coisa a se ter”, disse ele.

As explorações em alto mar têm uma base de fãs crescente entre a elite. O cineasta James Cameron e o investidor bilionário Ray Dalio doaram embarcações para a Instituição Oceanográfica Woods Hole e investiram no fabricante de submersíveis Triton Submarines. Dalio disse que era uma questão de descoberta. “O oceano é o maior recurso que temos”, disse ele. “Tem o dobro do tamanho de todos os continentes juntos – e é pouco explorado.”

Alguns proprietários de submersíveis emprestam suas embarcações para documentários e pesquisas científicas, enquanto outros procuram espécies nunca antes vistas ou desejam explorar naufrágios. E existe um tipo de modelo de uso misto que é versátil para tudo, desde um casamento subaquático até coquetéis nos recifes, jantares ou jogos de pôquer, disse Craig Barnett, diretor de vendas e marketing da Triton.

Indústria em crescimento

A indústria de submersíveis pessoais cresceu junto com o tamanho dos iates. Quando a SEAmagine começou em 1995, robôs eram usados na maioria dos casos para trabalhos científicos em águas profundas porque era difícil baixar submersíveis no oceano com pessoas dentro, disse Kohnen. A empresa construiu um modelo que poderia ser embarcado da água, e isso relançou uma era de submersíveis tripulados para a ciência e o turismo. Por volta de 2005, a SEAmagine recebeu sua primeira encomenda de um iate – e competição. Outro fabricante de submersíveis, o U-Boat Worx, iniciou suas operações na Holanda, e a Triton logo o seguiu. Os iates estavam se tornando maiores, mas, disse Kohnen, as pessoas também estavam começando a valorizar a busca por experiência em vez do luxo.

Aproveitando “o momento”. Onde mergulhar e quanto tempo dura uma expedição depende, mas uma aventura pode levar meses de planejamento, mapeamento e configuração. A SubMerge coordenou cinco expedições com três clientes privados diferentes este ano, disse Ketter, e a empresa trabalha com cerca de seis empresas de viagens de luxo, incluindo fabricantes de submersíveis.

Um dia típico “em um bom local” geralmente envolve alguns mergulhos que duram cerca de uma ou duas horas, com intervalos para refeições, disse Kohnen. “Mesmo depois de mil mergulhos, nunca deixa de ser emocionante.”

E a implosão do Titan? O passeio fatal da OceanGate chamou a atenção para as aventuras em alto mar. Mas Kohnen disse que a embarcação envolvida era uma “exceção” que não foi construída de acordo com as especificações e que tinha sido motivo de preocupação na comunidade de submersíveis durante anos.

Ketter disse que sua empresa não teve nenhum cancelamento desde o acidente. A Triton disse igualmente que não teve cancelamentos, que estava construindo cinco submersíveis e experimentando uma “demanda notável” por parte de proprietários privados e empresas de turismo.

Embora os submersíveis privados estejam ganhando força, disse Barnett, o número de instituições científicas que os utilizam era “lamentavelmente baixo”. Dalio disse acreditar que filmar o oceano a partir de embarcações privadas estimularia mais investimentos e exploração. “Está muito subfinanciado, mas está melhorando”, disse ele. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Loading

By valeon