Segundo o Palácio do Planalto, Mohammed Bin Salman desmarcou a conversa e alegou que houve uma ‘situação de urgência na delegação’ da Arábia Saudita
Por Felipe Frazão – Jornal Estadão
ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI – O príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman Al Saud, cancelou neste sábado, 9, uma reunião bilateral que teria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à margem do G-20, na Índia. Segundo a Presidência da República, o governo saudita desmarcou a conversa e alegou que houve uma “situação de urgência na delegação”.
O Palácio do Planalto não especificou qual situação de urgência motivou o cancelamento. É a segunda vez que se desmarca horas antes de ocorrer um encontro formalmente agendado entre Lula e o príncipe MBS, como é conhecido. Agora, do lado saudita.
Em junho, foi o presidente Lula quem optou por suspender a conversa. Lula iria a um banquete oferecido pelo saudita em sua homenagem, em Paris, na França, mas alegou cansaço. O petista afirmou que remarcaria a conversa para quando fosse possível e disse que havia interesse do Brasil em receber investimentos externos do pais árabe, principal parceiro comercial no Oriente Médio.
Uma fotografia entre eles teria o potencial de desgaste político para Lula, uma vez que o príncipe comanda um regime autoritário, no qual as mulheres vivem restrições de direitos, e foi acusado de ordenar a morte de um jornalista.
Segundo relatório de inteligência dos EUA divulgado em 2021, Bin Salman aprovou uma operação para capturar e matar o jornalista Jamal Ahmad Khashoggi, crítico do regime de sua família, num consulado do país em Istambul, na Turquia, em 2018. O corpo do jornalista dissidente foi desmembrado, e seus restos mortais nunca foram localizados. Mesmo assim, MBS recebeu imunidade nos EUA contra um processo movido pela ex-noiva de Khashoggi, depois de ter sido formalmente nomeado para a chefia do governo em Riad, em setembro do ano passado.