História por Martha Beck •20h
(Bloomberg) — O comunicado da última reunião do Copom trouxe uma mensagem de apoio ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ao dizer que o comitê reforça a importância da firme persecução das metas fiscais para ancorar as expectativas de inflação, o BC apoiou os esforços do ministro para tentar zerar o déficit primário em 2024, afirma um integrante da equipe econômica.
Haddad enfrenta pressão do PT e de parlamentares para mudar a meta do ano que vem, dada a dificuldade que o governo pode enfrentar para obter receitas que ajudem a fechar a conta.
Mas a leitura na Fazenda é que mudar oficialmente a meta seria o pior cenário possível. Isso causaria estresse no mercado e ainda poderia afetar a aprovação de propostas de aumento de receitas no Congresso.
Se nada mudar, o mercado já precifica um déficit em torno de 0,7% no ano que vem. Desta forma, se o governo apenas fechar as contas no vermelho com um número próximo disso, não haveria grande turbulência. Haddad e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, almoçaram juntos na quinta-feira após a reunião do Copom.
O desafio de fechar as contas de 2024 com um déficit zero está principalmente do lado das receitas. Haddad precisa, por exemplo, aprovar propostas como a taxação de offshores e fundos exclusivos no Congresso. Depois do almoço com Campos Neto, o ministro disse ter certeza de que o Congresso entende a importância das medidas.
Porta aberta
Integrantes da equipe econômica avaliam que o Copom deixou a porta aberta para reduções acima de 0,50pp nas próximas reuniões. Embora o texto diga que os membros do comitê anteveem uma redução dos juros na mesma magnitude atual (0,50pp) nas próximas reuniões, a expressão “em se confirmando o cenário” significa que o BC pode intensificar a queda se houver espaço.
FMI
Fernando Haddad apresentará a trilha financeira do Brasil para o G-20 durante as reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, previstas para o período de 9 a 15 de novembro no Marrocos.
O país assumirá oficialmente a presidência do G-20 no início de dezembro, mas o ministro já quer deixar claras as prioridades do país para a comunidade financeira global, como a agenda de transformação ecológica e de combate à desigualdade.
Para financiar esses planos, o Brasil quer não apenas mais recursos das economias avançadas, mas também discutir formas de alavancar os fundos que já existem por meio de novos tipos de garantias e de um diálogo com as agências de classificação de risco. O ministro também defenderá empréstimos em moedas locais como formas de financiar investimentos em infraestrutura.
ESG
Integrantes da equipe econômica comemoraram a reação positiva do mercado financeiro internacional aos títulos soberanos ligados a projetos verdes e sociais que Haddad apresentou a investidores nesta semana em Nova York.
A janela em que a operação será concretizada ainda está em aberto, mas segundo integrantes da Fazenda, as boas práticas de mercado pedem ao menos duas semanas após as reuniões de roadshow para uma emissão. Em julho por exemplo, a Fazenda avaliava que havia espaço para a operação, mas a alta dos juros americanos atrapalhou os planos.