História por Layane Costa  • EM.com.br

Que Minas Gerais é o berço de inúmeras riquezas, todo mundo sabe. Porém, entre tantos achados incríveis, alguns se destacam. Um deles é o diamante Presidente Vargas, considerado até hoje o maior já descoberto no Brasil e nas Américas. 

A pedra foi encontrada há 85 anos por dois garimpeiros do interior de Minas, no Rio Santo Antônio do Bonito, em Coromandel, no Triângulo Mineiro. Em 13 de agosto de 1938, os Joaquim Venâncio Tiago e Manoel Miguel Domingues avistaram o brilhante que foi apelidado de “Presidente Vargas” em homenagem ao então presidente do Brasil na época, Getúlio Vargas (1882-1954). 

Uma história contada por moradores de Coromandel afirma que Joaquim Venâncio decidiu cavar o local depois de um sonho revelador. O garimpeiro teria visto uma mulher vestida de branco no rio, que caminhou até as margens e desapareceu no exato lugar em que a pedra foi encontrada.  

O diamante Vargas tinha 726 quilates, o que corresponde a cerca de 150 gramas, e despertou a cobiça de muitos especialistas no Brasil e no exterior. Naquela época, ele se tornou o quarto maior diamante do mundo. E, mais de oito décadas depois, ainda está entre os 10 maiores, ocupando a oitava posição.

Museu das Minas e do Metal (MM Gerdau), na Praça da Liberdade, tem réplica do diamante em exposição© Layane Costa/EM/D.A Press

O destino do diamante

Depois de ser vendido pelos mineradores no mesmo ano de sua descoberta, por cerca de US$ 56 mil (valores da época), o diamante Vargas foi anunciado na Europa por US$ 500 mil, o equivalente hoje a mais de US$ 10 milhões (R$ 50,3 milhões). Mas esse ainda não foi o último destino da pedra. Em 23 de maio de 1939, um joalheiro de Nova York, nos Estados Unidos, adquiriu a amostra.

A partir dali, foi iniciado um estudo, que durou 18 meses, para que o diamante fosse lapidado sem sofrer danos. Depois de passar por vários especialistas, ela foi testada e riscada para produzir os melhores cortes para a criação de joias. 

Réplica do diamante Vargas em mostra permanente na Praça da Liberdade© Layane Costa/EM/D.A Press

Luciano Faria, pesquisador do Museu das Minas e do Metal (MM Gerdau), conta que foram criadas inúmeras réplicas para considerar todas as possibilidades. “O proprietário do diamante e o lapidário, na época um dos maiores do mundo, questionava se conseguiriam cortar da maneira prevista. Caso contrário, poderiam perder milhões de dólares.”

Após incansáveis testes, os cortes deram origem a 29 brilhantes, sendo que o maior deles tem 48 quilates e pertence a uma joalheria de Nova York. Outras partes dessa pedra preciosa foram comercializadas em leilões e joalherias.

O que restou para Minas Gerais, local de descoberta do diamante, foi uma das réplicas, feita em vidro. Ela pode ser vista em exposição permanente no MM Gerdau, na Praça da Liberdade, e acompanha todas as características visuais da pedra original.

Garimpeiros sortudos?

Apesar de encontrarem uma pedra preciosa tão relevante, Joaquim Venâncio e Manoel Domingues não conseguiram manter um alto padrão de vida.

Ao vender o diamante, os garimpeiros não sabiam que, na verdade, receberam muito menos do que a pedra realmente valia. “Desde a primeira venda, até a joia propriamente dita, o que os mineradores alcançaram foi em torno de 10% do valor que hoje deve valer a pedra”, comenta Luciano Faria. 

O Sabia Não, Uai! resgata histórias e curiosidades sobre Minas Gerais© Layane Costa/EM/D.A Press

O valor foi dividido em partes iguais para os dois e uma quantia menor entregue a Sebastião Rodrigues Amorim, com quem trabalhavam juntos. Para eles, se tratava de uma fortuna, já que nunca haviam encontrado uma pedra de tanto valor. 

Com o passar dos anos, a riqueza adquirida se desfez entre compras de fazendas, luxos e até custos judiciais, depois de um desentendimento entre eles. Aos poucos, os garimpeiros voltaram às suas origens humildes, sonhando com o dia em que encontrariam outro diamante tão significativo.

Homenagem

Em setembro de 2023, a cidade de Coromandel comemorou seu centenário e, entre a programação especial das festividades, foi inaugurada uma estátua de Joaquim Venâncio. Na escultura, o homem é retratado carregando uma peneira com o diamante Presidente Vargas em destaque.

Sabia Não, Uai!

O Sabia Não, Uai! mostra de um jeito descontraído histórias e curiosidades relacionadas à cultura mineira. A produção conta com o apoio do vasto material disponível no arquivo de imagens do Estado de Minas, formado também por edições antigas do Diário da Tarde e da revista O Cruzeiro.

Sabia Não, Uai! foi um dos projetos brasileiros selecionados para a segunda fase do programa Acelerando Negócios Digitais, do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), programa apoiado pela Meta e desenvolvido em parceria com diversas associações de mídia (Abert, Aner, ANJ, Ajor, Abraji e ABMD) com o objetivo de atender às necessidades e desafios específicos de seus diferentes modelos de negócios.

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By valeon