História por Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis • Jornal Estadão
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 23, que a inflação voltou a cair no mundo após o impacto nos preços de energia, mas não de forma linear. “Em grande parte, a inflação cai, mas a linearidade não é igual”, disse o presidente do BC.
As declarações foram dadas durante o evento “Reflexão sobre o cenário econômico brasileiro”, organizado pelo Estadão, com apoio do Broadcast, em parceria com o B3 Bora Investir, site de notícias e conteúdo educacional produzido pela Bolsa.
Ele observou que os preços de energia parecem ter se estabilizado depois do primeiro choque da guerra entre Israel e os terroristas do Hamas. Campos Neto ponderou, contudo, que ainda existe incerteza sobre a escalada do conflito, com potencial efeito na cotação do petróleo.
O presidente do BC lembrou da discussão sobre desinflação adicional durante a última reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas destacou que ainda não está claro de onde está vindo a desinflação adicional do mundo desenvolvido.
Segundo Campos Neto, do lado dos alimentos, preços devem ficar voláteis em função das alterações climáticas causadas pelo El Niño Foto: Wilton Junior/Estadão© Fornecido por Estadão
Nesse ponto, ele descartou a possibilidade de a desinflação vir da cena fiscal nos Estados Unidos, que segue “solta”, e tampouco do petróleo, dada a guerra na Ucrânia e o conflito em Israel. Do lado dos alimentos, continuou, os preços devem ficar voláteis em função das alterações climáticas causadas pelo El Niño.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse hoje que o governo acertou ao manter a meta de inflação em 3%, destacando que as expectativas no mercado sobre o comportamento dos preços melhoraram após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Manutenção da meta
Após citar que as metas de inflação no mundo estão ao redor de 2% a 3%, Campos Neto considerou que o Brasil “fez bem” em manter o seu objetivo em 3% nos próximos anos. “Importante destacar que a expectativa de inflação caiu depois da manutenção da meta”, assinalou o presidente do BC.
Ele frisou ainda que os países emergentes estão com maior viés de queda dos juros, pois, no ciclo de aperto, começaram a subir suas taxas antes. Ele salientou que os juros altos por mais tempo frearam o crédito, pressionando assim os preços para baixo.
Mas expôs também a preocupação em relação a uma saída do ciclo de aperto monetário “não tão organizada” em mercados emergentes, na qual a inflação não responde à perda de tração nas economias. “Podemos ter uma saída organizada, mas uma saída também não tão organizada”, alertou.