Augusto Aragão de Barros – Quora
Mestrado em Química de Produtos Naturais e Farmacognosia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Formou-se em 2011/31 de jul.
O que é ressonância magnética?
A Ressonância Magnética é uma técnica analítica que se baseia no uso de um forte campo magnético a atuar em determinados átomos de um analito, na qual a “leitura” é feita no comprimento das ondas de rádio e por isso constitui uma técnica com muitas vantagens. Embora seja muito mais conhecida ao público pelos exames de imagem em rotinas médicas que investigam certas patologias e/ou anormalidades fisiológicas, neste caso constituindo a chamada MRI (Magnetic Resonance Imaging), cabe esclarecer aqui que seu princípio há muito é usado em outros setores analíticos, especialmente em Química Orgânica aonde temos a Ressonância Magnética de Prótons/Hidrogênio (RMN H) e a Ressonância Magnética de Carbono (RMN C) – ambas ferramentas importantíssimas na elucidação estrutural das moléculas e em outros contextos analíticos.
No escopo da análise médica, a Ressonância Magnética é realizada com um equipamento tubular, na qual o corpo humano é inserido e visualizado em fatias/cortes transversais. Por isso inclusive que muitos pacientes ficam traumatizados durante a análise, especialmente quem possui tendências claustrofóbicas, já que ficam deitados enquanto “entram” no equipamento para a leitura pela campo magnético – o que por si só já alerta ser incoveniente aos portadores de marcapasso e próteses metálicas, bem como ninguém deve estar no ambiente portando algum objeto metálico. Mas voltando ao mecanismo deste exame na geração de imagens para diagnósticos, de uma forma simplista o que ocorre é se basear no alinhamento dos prótons dos átomos de hidrogênio que ocorrem nas moléculas de água e/ou gorduras no corpo humano e disto a leitura de seu quantitativo, alinhamento ante os pulsos eletromagnéticos e o tempo de resposta, que são analisados através de algoritmos nos equipamento computadorizado. Da interpretação destes resultados (tecnicamente chamados de Transformação de Fourier e FID – Free Induction Decay) é que as imagens são geradas e então analisadas por um médico especialista, donde pode notar certos comportamentos histológicos ante os quadros de tumores, infecções e outras patologias sob investigação.
Em situações usuais, os prótons do átomo de hidrogênio giram em um eixo próprio (chamado de spin), mas que é aleatório em um meio aquoso (figura de cima). Sob os pulsos eletromagnéticos da ressonância magnética eles são alinhados em um momento (figura do meio) e este efeito é analisado por um algoritmo. Por fim as informações são convertidas em imagens, como as da figura debaixo que elucidam a bexiga (bladder), a epífise do fêmur direito (right femoral head) e o tecido gorduroso subcutâneo (subcutaneous fat). (Fonte das imagens: Magnetic resonance imaging, BMJ. (2002); 324 (7328): 35. doi: 10.1136/bmj.324.7328.35)
Já no âmbito da Química Analítica a Ressonância Magnética gera um status alterado momentâneo em prótons de hidrogênio ou ainda em átomos de carbono, na qual seu comportamento na molécula em que integram gera diferentes tipos de sinal e assim pode-se ir “montando” uma molécula em questão. É por isso que esta técnica analítica é uma, junto com o Infravermelho (IV), Ultravioleta (UV) e a Espectrometria de Massas (EM), que permite identificar uma molécula e avaliar certas propriedades que tenha.
Se alguém desejar saber mais detalhes sobre os princípios da Ressonância Magnética, eu recomendo a leitura do artigo supra citado e deste aqui:
Magnetic Resonance Imaging: Principles and Techniques: Lessons for Clinicians, J Clin Exp Hepatol. (2015); 5(3): 246–255. doi: 10.1016/j.jceh.2015.08.001