Insuficiência cardíaca está muito relacionada a problemas renais, segundo especialista; transplante de coração também pode ter dificultado funcionamento dos rins
Por Lara Castelo – Jornal Estadão
Na segunda-feira, 26, o apresentador Faustão, de 73 anos, passou por uma cirurgia de transplante de rim, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. De acordo com comunicado emitido pelo hospital, o apresentador precisou realizar o transplante devido a piora de uma doença renal crônica (DRC). Ainda, segundo o comunicado, o transplante correu bem e Faustão segue em observação.
Não é o primeiro transplante de órgãos realizado pelo apresentador. Em agosto de 2023, Faustão passou por um transplante de coração no mesmo hospital devido à insuficiência cardíaca, segundo comunicado emitido na época.
O boletim mais recente não relacionou as duas cirurgias. Veja a seguir respostas para as dúvidas mais comuns sobre o tema.
Insuficiência cardíaca pode levar a problemas nos rins?
Sim, inclusive com é comum que isso aconteça. De acordo com o cardiologista Alexandre Soeiro, coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca e Transplante Cardíaco do Hcor, o coração e os rins são órgãos que andam lado a lado, por isso, o mau funcionamento de um prejudica a atividade do outro.
“Quando o coração começa a falhar na sua função de bombear o sangue, como acontece nos casos de insuficiência cardíaca, o rim recebe menor fluxo sanguíneo e, consequentemente, tem a sua função de filtrar o sangue prejudicada”, explica.
Ainda, de acordo com a cardiologista Gabriela Campos Cardoso de Lima, do Hospital Albert Einstein, há doenças, como diabetes e hipertensão, que afetam ambos os órgãos. “Por isso, é muito comum chegarem pacientes com insuficiência cardíaca, que também tenham a função renal prejudicada”, destaca.
O transplante de coração pode piorar problemas nos rins?
Sim. Um dos motivos é que a cirurgia de transplante de coração impacta a dinâmica do fluxo sanguíneo pelo corpo, o que, segundo a cardiologista, pode prejudicar o funcionamento dos rins.
Além disso, após as cirurgias de transplantes de órgãos, os pacientes costumam tomar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão. Estes, contudo, segundo a especialista, também afetam o funcionamento dos rins.
Soma-se ainda o fato de que pacientes com indicação de transplante de coração normalmente já terem a função renal comprometida. “Como são casos mais graves, os rins já costumam estar bastante afetados”, pontua.
Isso não quer dizer, porém, que todos os pacientes que fizeram transplante de coração vão ter problemas nas renais, segundo a Lima. “O que vai determinar a gravidade do prejuízo nos rins é, principalmente, o quadro renal do paciente anterior ao transplante”, completa.