História de PEDRO S. TEIXEIRA – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Elon Musk anunciou na madrugada deste sábado (13) que Grok, a inteligência artificial de uma de suas empresas, foi equipada com a habilidade de interpretar imagens, a chamada visão computacional. O recurso está disponível em outras IAs generativa como a versão mais avançada do ChatGPT e o Gemini do Google.
A xAI divulgou na sexta-feira (12) detalhes sobre o recurso acrescentado ao Grok 1.5. A IA de Musk foi lançada em novembro e está disponível para testadores e assinantes da versão Premium+ da rede social X.
De acordo com o artigo, Grok, além de descrever imagens, consegue, por exemplo, ler um diagrama representando um raciocínio e transformá-lo em um código de programação para executar as instruções.
Os testes divulgados pela empresa de Musk destacam a capacidade do chatbot de compreender problemas lógicos relacionados ao espaço, superior à dos concorrentes, de acordo com o artigo divulgado, embora também mostrem desvantagem em outros critérios.
“Avançar em uma compreensão multimodal e na geração de habilidades é um passo importante para construir uma inteligência artificial geral [estágio em que a IA se equipara às capacidades humanas]”, disse a empresa no artigo de divulgação.
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Depois do sucesso do ChatGPT, Musk reuniu em junho uma equipe para desenvolver um modelo de IA concorrente. Em novembro, a xAI apresentou uma primeira versão de Grok, um ano após o lançamento do ChatGPT. O bilionário havia participado da fundação da OpenAI, mas saiu após divergências sobre a direção da startup.
Em sua versão 1.5, lançada no mês passado, o chatbot apresenta desempenho inferior a outros concorrentes em desafios linguísticos e de lógica.
O Grok foi desenvolvido para responder a questões mais espinhosas, das quais outras IAs costumam se esquivar para evitar transgressões éticas, de acordo com o site da xAI.
Um estudo da empresa especializada em segurança de IA Adversa, entretanto, considerou o Grok o chatbot mais perigoso do mercado, em uma comparação com ChatGPT, Gemini, Mistral, Claude e Llama da Meta –esse último considerado o mais seguro.
A IA de Musk, por exemplo, deu aos pesquisadores instruções para a fabricação de uma bomba, sem apresentar qualquer resistência. Com jogos de palavras simples, os testadores também conseguiram fazer Grok dar instruções de como realizar ligação direta em automóvel e usar truques psicológicos para seduzir crianças.
Para evitar comportamentos perigosos ou preconceituosos, modelos de linguagem contam com uma IA auxiliar responsável pela fazer a moderação do conteúdo. Esses sistemas, chamados de constituição, decidem se a resposta original pode causar danos e determinam se ela é adequada.
No caso de Grok, esse filtro é menos rigoroso por escolha da xAI.
Outra diferença do Grok é a capacidade de pesquisar em tempo real informações no Twitter, cujas publicações também foram usadas no treinamento do chatbot.
A xAI divulgou no mês passado o código fonte do Grok, no que foi visto pelo mercado de tecnologia como uma provação de Musk à OpenAI. A empresa por trás do ChatGPT não divulga detalhes de como desenvolve seus modelos de inteligência artificial, sob o argumento de que são medidas de segurança para evitar abusos com IA.
Procurada via assessoria de imprensa, a xAI não respondeu à reportagem. O cientista conselheiro de segurança da empresa, o professor de Berkeley Dan Hendrycks tampouco retornou o contato da Folha.
Grok recebeu seu nome em referência a um conceito apresentado no livro de ficção científica “Um estranho em uma terra estranha”, que significa um conhecimento profundo e intuitivo.
Da ficção científica, o chatbot também emula o tom sarcástico do livro “Guia do Mochileiro das Galáxias”. O usuário pode escolher conversar com uma versão mais neutra de Grok, se assim desejar.