História de Maria Clara Rossini – Superinteressante

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0905-cidade-esponja-super-site© Turenscape/Divulgação

O Rio Grande do Sul já contabiliza mais de 100 mortos em decorrência das enchentes no estado. 428 municípios foram afetados pelas fortes chuvas dos últimos dias, totalizando 1,48 milhão de pessoas afetadas, segundo a Defesa Civil. Essa já é considerada a maior catástrofe climática da história do RS.

Eventos climáticos extremos vêm se intensificando no estado. O número de mortos nas enchentes dos últimos 11 meses já supera o registrado nos últimos 20 anos. A capital gaúcha planejava implementar em julho o Plano de Ação Climática de Porto Alegre, com estratégias para combater as mudanças climáticas. O desastre, porém, chegou antes.

A civilização enfrenta enchentes há milhares de anos, mas as mudanças climáticas tornaram esses fenômenos mais extremos e recorrentes. As chuvas no Rio Grande do Sul, por exemplo, têm relação com as ondas de calor no Sudeste e Centro-Oeste: a massa de ar quente “bloqueou” o trânsito das nuvens para o norte, e elas acabaram precipitando na região Sul.

No entanto, existem estratégias urbanísticas para minimizar o impacto das enchentes. Um exemplo são as cidades-esponja, que reúnem projetos para distribuir e drenar a água, evitando que casas e ruas fiquem alagadas. Em outras palavras, as cidades passam por uma inundação um pouco mais segura.

A ideia consiste em incorporar infraestruturas verdes para ajudar na absorção da água, em vez de depender totalmente do sistema de escoamento da cidade. Ela foi proposta por cientistas e urbanistas chineses no início dos anos 2000, e hoje é aplicada em diversas cidades do país.

Não se trata de apenas uma ação ou projeto, mas um conjunto de estratégias que deixam a cidade mais “esponjosa”.

Estratégias das cidades-esponja.

O concreto da maioria dos centros urbanos é impermeável, impedindo que a água chegue ao subsolo rapidamente. Uma alternativa seria substituí-lo por um tipo de concreto ou material que permite a passagem de água aos lençois freáticos.

A instalação de mais áreas verdes também é uma maneira de absorver a água das chuvas. Alguns exemplos são parques, hortas, vegetação ao redor de rios, entre outros. Esse é o conceito aplicado nos telhados verdes – que é basicamente a construção de jardins em cima dos prédios. A água retida pode ser reutilizada, diminuindo a sobrecarga do sistema de escoamento da cidade.

Outra estratégia é a instalação de parques-piscina: áreas recreativas construídas alguns metros abaixo do nível do solo, como uma piscina mesmo. Em tempos de chuva, esses locais deixam de ser áreas de lazer e passam a armazenar água. Os parques-piscina podem ser construídos com concreto permeável, que drena a água das chuvas aos poucos.

Já os parques alagáveis são infraestruturas construídas na beira de rios, projetadas para (de fato) alagar durante as cheias. As cidades de Jinhua e Taizhou, na China, são exemplos de metrópoles que construíram essas estruturas. Os moradores podem acessar o espaço por meio de passarelas, por exemplo. Essa seria uma alternativa mais sustentável aos piscinões adotados no Brasil.

Incorporar soluções verdes às cidades é sempre uma iniciativa bem vinda, mas não é uma bala de prata. Devemos estar preparados para eventos cada vez mais fortes – graças às mudanças climáticas. E para mitigar isso de maneira definitiva, a única solução é reduzir as emissões de gás carbônico urgentemente.

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By valeon