História de LEONARDO VIECELI – Folha de S. Paulo
LAJEADO, RS (FOLHAPRESS) – “Quando a ponte estourou, fui até a empresa com o vídeo e falei que não teria lógica continuar trabalhando sem resolver o problema. A gente precisa se reconectar. A gente precisa se reconstruir.”
A fala é do empresário Roberto Lucchese, diretor da construtora Lyall, do município gaúcho de Lajeado (a 120 km de Porto Alegre), localizado no Vale do Taquari.
Espaços da cidade foram devastados pela enchente há um mês, incluindo parte de uma ponte de ferro. É essa estrutura que Lucchese planeja entregar até o final de semana a obra estava no 11º dia nesta quarta-feira (5).
A ponte era uma ligação secundária entre Lajeado e o município vizinho de Arroio do Meio. A principal estrutura que conectava as duas cidades, pela RS-130, também caiu com a força das águas. Nesse local, o Exército instalou uma passadeira provisória, que só recebe pedestres.
Segundo Lucchese, a reconstrução da ponte de ferro é uma tentativa de amenizar o caos logístico que se instalou na região. A nova estrutura poderá receber carros e motos em um sentido de cada vez, a exemplo do que já ocorria antes da enchente. Caminhões não podem trafegar pelo local.
“Estamos fazendo isso para que o paciente [Vale do Taquari] não morra”, afirma o empresário.
A meta é concluir o içamento da estrutura até sexta (7); até domingo (9), 15º dia do projeto, a intenção é liberar o trânsito na via.
O empresário afirma que, ao perceber o caos logístico criado pela tragédia ambiental na região, procurou as prefeituras de Lajeado e Arroio do Meio para apresentar o plano de reconstrução. Com o aval do poder público, a obra teve início, conta ele.
De acordo com Lucchese, a ponte tem em torno de 51 metros de extensão, e o custo total deve ficar na faixa de R$ 2 milhões a R$ 2,2 milhões.
Dessa quantia, de R$ 1,2 milhão a R$ 1,4 milhão sairão do caixa da Lyall, diz o empresário. O restante da despesa, que inclui doação de material, será dividido entre empresas parceiras e o poder público o diretor cita a Prefeitura de Lajeado.
“Ninguém tem na faixa de R$ 1,5 milhão sobrando. A grande questão é que a gente precisa reconectar o vale. Não tinha como seguir com o nosso trabalho e não dar atenção para o vale, que faz a empresa acontecer”, afirma.
Sem as duas pontes, há casos de moradores que não conseguem fazer a travessia por meio da passarela flutuante do Exército, ele diz. E afirma que essa situação prejudica, por exemplo, pessoas em tratamento contra o câncer.
“No Vale do Taquari, a gente tem mais ou menos 300 mil pessoas desconectadas. Lajeado, a capital do vale, tem um grande centro oncológico.”
A antiga ponte de ferro havia sido inaugurada em julho de 1939, quase 85 anos atrás, de acordo com informações disponíveis no site da Prefeitura de Arroio do Meio. A expectativa diária é de que 5.000 a 7.000 veículos utilizem a estrutura reformulada, segundo Lucchese.